quinta-feira, 29 de julho de 2021

ABC do Flamengo

O Dia.


Apesar do Flamengo ser um dos maiores formadores de atletas olímpicos no país, junto ao Pinheiros de São Paulo e o Minas Tênis ainda é vítima de preconceitos e comentários maldosos de parte do jornalismo esportivo, profundamente míope, bairrista e sectário. Que é uma característica do jornalismo nacional em todos segmentos, como o da política. O viés do jornalista são suas neuroses pessoais e a visão do mundo que carrega, que trata como religião consolidada, acrítica e atemporal.

Flamengo não pode ser formador, tem que ser "aproveitador". Porque isto compõe melhor a narrativa que compõe seu evangelho mental. Flamengo tem um belo trabalho nos esportes olímpicos que são sustentados pelo futebol do clube. Geralmente não se pagam. O marketing do Flamengo é extremamente falho neste sentido de explorar esta imagem. Há tempos. Não há muito interesse do próprio clube de cobrir as competições que participa através de streaming da FlaTV, por exemplo. A tecnologia está aí. Mais barata e abundante. Mas é um clube cujos dirigentes amadores disputam o poder pelo controle do futebol. Então vemos, nesta gestão Landim e mesmo outras em sua história, o profissionalismo estagnado, e provável indicação de amigos e parentes sem qualificação adequada para diversos cargos executivos por motivos políticos ou pessoais. 

O Futebol, por hora, está competitivo. Contemplado com uma reserva financeira única, a gestão Landim fez ótimo uso dos recursos em 2019, provendo o clube de jogadores que logo se tornaram titulares, formando o histórico time que ganhou a Libertadores. Em 2020 e 2021, anos de pandemia, a escolha das comissões técnicas foram erradas e muitas contratações não renderam, somando isto a falta de público nos estádios e a perda de sócios-torcedores, causando baque financeiro. Mas este tipo de gestão baseada em modelo amador com VP de Futebol não-remunerado que dialoga suas decisões com um conselho de aliados políticos é um modelo vencedor? O que vimos foi Jorge Jesus formar um time campeão quando ele mesmo se posicionou como um "manager" tirando o futebol do atraso operacional que se encontrava. Sem Jesus até mesmo o gramado do Maracanã se degringolou. Precisamos, portanto de um staff profissional, em que um Manager com autoridade concedida pelo Conselho Gestor seja necessário? Na minha opinião sim. Precisamos emular o que JJ fez. Não podemos usar técnico para isto, que pode nem ser o perfil dele. 

Fora isto a escolha do Renato Gaúcho até aqui se mostra acertada. Foram quatro vitórias seguidas. Espero que seja a quinta hoje. O time evoluiu na movimentação do ataque e na compactação defensiva. Mas aderiu a marcação individual em bola parada. O que é algo muito arcaico taticamente e dá margem ao adversário aproveitar bastante.  Até porque contamos com um goleiro titular que tem os pés fixos na linha do gol. 

Flamengo também, em termos de associação regrediu. Em um momento em que clubes associativos como o Barcelona, com um projeto de chegar a "um milhão de sócios", querem alargar sua base, o Flamengo, um clube nacionalizado como nenhum outro, agiu para detonar a base de sócios que residem fora do Rio de Janeiro, os Off-Rio. Flamengo aumentou a mensalidade brutalmente, com isto afastando os associados desta categoria existentes do clube e dificultando a chegada de novos outros. Como um clube quer se fazer moderno e contemporâneo se sua base de associados é elitista e majoritariamente formada por um pequeno segmento residente na Zona Sul do Rio de Janeiro? Porque este pequeno segmento tem que ser o responsável pela condução do Flamengo de hoje e do amanhã?

Enfim, o Flamengo como um todo, e como todos nós, tem muito a melhorar ainda. E será sempre assim. Pois o mundo evolui. Novos conceitos estratégicos, táticos e operacionais surgem, e um clube que quer se ver na frente tem que estar sempre atualizado e executando as melhores práticas.