Foto: Alexandre Vidal |
Salve, Buteco! No cotidiano do Mais Querido do Brasil, não há espaço para o vácuo deixado pelo adiamento de dois jogos, logo preenchido por "mini-crises" com a CBF e Gabigol. Em todos os casos, a Diretoria se posicionou, com as naturais concordâncias e discordâncias entre os torcedores. Resumindo bastante cada um dos eventos, começo dizendo a vocês que achei positivo o posicionamento em relação à continuidade do campeonato brasileiro durante a "Cepa América". Se é verdade que a Diretoria poderia ter se mobilizado antes em busca da paralisação, menos mal que o tenha feito agora, até porque antes havia indefinição até mesmo a respeito da ocorrência da competição. Pior ainda seria permanecer calada diante dos desfalques, contusões e contaminações que vieram com as convocações. Posicionar-se clara e publicamente traz ainda a vantagem de amadurecer o assunto para futuras discussões.
Já no tema da volta do público aos estádios, achei que ocorreu o oposto. Nosso vice-presidente de relações externas, que foi muito bem ao debater o calendário e as convocações, mandou muito mal na forma com que falou a respeito do problema da COVID-19. Não é difícil perceber que a volta do público está diretamente relacionada com o avanço da vacinação da população neste país de dimensões continentais e tantas diferenças regionais. Falar que todo mundo em algum momento contrairá o vírus foi de uma insensibilidade atroz, diante dos quase quinhentos mil brasileiros que morreram por conta da doença. O tema precisa ser debatido, até por tratar de um importante segmento da economia, mas existem formas e argumentos de o fazer sem expor o clube dessa maneira. É bem verdade que Bap não tinha como adivinhar que o ocupante da Presidência da República, horas depois de sua declaração, defenderia tresloucadamente o fim do uso de máscaras por vacinados e já contaminados, mas a sucessão dos eventos prova justamente que cautela e profissionalismo na abordagem de assuntos delicados é sempre melhor do que impensados improvisos.
Por sua vez, no polêmico episódio do Gabigol, voltei a concordar com a Diretoria. O Flamengo evoluiu muito desde os tempos em que se curvava inadimplente diante de estrelas de inconsequentes imposturas fora de campo. Não havia motivo algum para não tornar o assunto público, até porque não é primeira pisada de bola do nosso Herói de Lima. Mal se passou um semestre desde o vexame do cassino, e agora a nossa maior estrela valeu-se de um misterioso exame que, ainda por cima, é no mínimo de duvidosa credibilidade diante de sua desenvoltura na noite paulistana, no treino de sexta-feira e na partida de ontem, no Mané Garrincha. A participação de Gabigol contra o Coritiba era importante para o time produzir um placar confortável e ter mais tranquilidade antes da difícil partida contra o Bragantino. A reação do atleta, quando de sua volta após a "Cepa América", considerando a iminente punição, será um importante parâmetro para avaliar sua postura em relação ao clube e a torcida.
Tudo e todos passam, ao contrário do Flamengo, eterno e intangível, como a sua gloriosa Nação.
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Felizmente a bola voltou a rolar na quinta-feira e podemos finalmente falar de novo sobre futebol. Com tantos desfalques, achei aceitável a atuação no primeiro tempo contra o Coritiba. Já na etapa final, embora o time não tenha levado sustos, achei que a atuação foi a conta do chá para sair de campo com a vitória pelo placar mínimo. Será que o time dosou as energias? A classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil não está definida, como prova a desenvoltura com que Vitória, CRB e Juazeirense reverteram suas respectivas desvantagens contra Internacional, Palmeiras e Cruzeiro. O próprio Atlético/MG teve seu susto contra o Remo.
Ressalvando que a dinâmica dos mata-matas costuma ser mais intensa, gostei da atuação de ontem, na vitória por 2x0 sobre o América/MG. A exemplo de outros adversários que nos visitaram, o Coelho ensaiou incomodar no início da partida pressionando a saída de bola com Willian Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís, os quais, porém, desvencilharam-se com interessantes inversões de jogo e longos lançamentos, sinal de que Ceni começa a buscar soluções para o sufoco que o time andou tomando no início de algumas partidas no Maracanã. Um ponto que ainda me preocupa, apesar da boa atuação, é a falta de meias típicos mais avançados durante as convocações de Arrascaeta e Everton Ribeiro. Talvez o confronto contra o Bragantino possa testar melhor as soluções que funcionaram bem contra o América.
Foi bom ver o time bem organizado e com várias boas atuações individuais, como as de Matheuzinho, Rodrigo Caio (para mim, o melhor), Filipe Luís e Diego, outro sinal, além de mais um jogo sem gols sofridos, de que o sistema defensivo está se ajustando. Mais à frente, achei que Michael só entrou no jogo no segundo tempo, enquanto Vitinho e Bruno Henrique se encarregaram de conduzir o Flamengo à vantagem antes do intervalo. O menino Rodrigo Muniz não é dos centroavantes mais técnicos no trato com a bola, mas parece conhecer tudo da posição. O giro sobre o zagueiro Eduardo Bauermann e o chute cruzado de direita foram coisa de gente grande. Reparem que a jogada nasceu de uma das inversões de jogo que mencionei, com um longo lançamento de Filipe Luís para Vitinho.
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É muito bom ter o Flamengo de volta.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.