quarta-feira, 30 de junho de 2021

Com carinho, ao Maestro

 






Irmãos rubro-negros,



Leovegildo Lins da Gama Júnior, ou só Júnior, ou Maestro, celebrou ontem, 29 de junho, 67 anos de vida.

Júnior é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Flamengo, totalizando 876 jogos pelo Mais Querido. 

Algumas das minhas mais emocionantes recordações como rubro-negro são da época em que o Júnior comandava o nosso meio de campo. 

Júnior foi um atleta que reuniu enorme talento, disciplina e muita raça. Criou uma identificação íntima com o Flamengo, com a camisa do Flamengo e com a torcida do Flamengo.

A ele, ao Eterno Maestro do Mengão, e à sua família, desejo tudo de bom, fazendo aqui esta singela homenagem a um dos maiores gênios que vi jogar e um dos maiores atletas da história do Clube de Regatas do Flamengo.






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Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


segunda-feira, 28 de junho de 2021

Morte no Pântano


Salve, Buteco! É muito difícil analisar o jogo de ontem. Aparentemente, o tal bom gramado do Estádio Alfredo Jaconi não tem sistema de drenagem ou, como alguns disseram, o sistema foi desligado. Em um liga de futebol civilizada o jogo teria ocorrido naquelas condições? Acredito que não, assim como a hipótese de "desligamento" do sistema de drenagem sequer teria sido cogitada, mas como estamos no Brasil, a discussão é meramente teórica. Vale tudo. Na prática, Rogério Ceni tinha pouco tempo para tentar adaptar o time às hostis condições de jogo. Na minha opinião de torcedor, o jogo exigia um time "mais físico e menos leve", uma zaga rebatedora e bolas longas para serem disputadas pelos nossos atacantes mais fortes fisicamente. Ceni fez o contrário e escalou o mesmo time das partidas anteriores, sem Gérson, que se foi para o Olympique de Marselha.

Criticar do sofá é fácil. Há como o time mudar o estilo de jogo de uma hora para outra? Os microfones do Premiere captaram as orientações do Ceni para evitarem o (nosso) lado direito do campo, não tocar a bola na defesa e utilizar as bolas longas. A reportagem de campo confirmou. Até que ponto é responsabilidade do treinador, quando o time desobedece as suas orientações? Aliás, a entrevista do capitão Diego Ribas no intervalo, afirmando que o time precisaria das bolas longas, mas não poderia ser "de qualquer jeito"... No WhatsApp, o meu amigo Ricardiola, o "Mestre da Tática", achou que as declarações colidiram com as orientações do Ceni. No mínimo instigante, concordam?

A escalação do Michael foi apontada como um erro crasso, mas alguém se lembrou de que nosso primeiro lance de perigo surgiu justamente de um belo lançamento de trivela do "Chucky" pro Bruno Henrique? Reclamei horrores do Matheuzinho e também questionei as presenças do Diego e até do Filipe Luís, mas como insistir na crítica à escalação se, a cada substituição, no segundo tempo, o time foi perdendo rendimento?

Aliás, a atuação do Rodinei foi pavorosa, tal qual a figura que ilustra o post de hoje. Houve um lance em que ele errou o tempo de bola e gerou uma chance de gol para o Juventude (talvez a única do segundo tempo). Deu saudades do Matheuzinho, mesmo com o erro fatal. Por sua vez, Hugo Moura nada acrescentou, Renê foi combativo, mas errou praticamente todos os passes, e Thiago Maia, bem, foi muito legal vê-lo de volta, embora eu tenha ficado com medo de uma contusão, dadas as condições do gramado.

O árbitro paulista Thiago Luís Scarascati conseguiu tornar ainda mais difícil a prática do futebol naquelas condições. Não sei se vocês já repararam, mas em todos os fichas técnicas tomo o cuidado de apontar não apenas o nome e a federação a qual está vinculado o árbitro, mas também a sua categoria. Não vi má-fé alguma, mas tampouco me recordo de um árbitro categoria CD apitar um jogo do Flamengo. Preocupado com sua autoridade dentro de campo, Scarasctati gastou um precioso tempo com conversas com os atletas e integrantes da comissão técnica gaúcha, e acabou picotando ainda mais um jogo já comprometido na parte técnica.

No final das contas, o Flamengo morreu no pântano de Caxias do Sul, e qualquer análise mais fundamentada precisou ser adiada para a próxima partida. Uma conclusão, porém, é inevitável: com duas derrotas nos últimos dois finais de semana, é bom o Ceni reagir imediatamente. A muleta dos poucos pontos perdidos, muito utilizada durante a semana por alguns torcedores, está indo por água abaixo. Literalmente.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 27 de junho de 2021

Juventude x Flamengo

Campeonato Brasileiro/2021 - Série A - 7ª Rodada

Domingo, 27 de Junho de 2021, as 11:00h (USA ET 10:00h), no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul/RS.

Juventude: Marcelo Carné; Michel, Rafael Forster, Vitor Mendes e William Matheus; Elton, Matheus Jesus, Castilho e Wescley; Paulinho Bóia e Matheus Peixoto. Técnico: Marquinhos Santos.

FLAMENGO: Diego Alves; Matheuzinho, Willian Arão, Gustavo Henrique e Filipe Luís; Diego, João Gomes e Vitinho; Michael, Pedro e Bruno Henrique. Técnico: Rogério Ceni.

Arbitragem: Thiago Luís Scarascati (CD/SP), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Alex Ang Ribeiro (AB/SP) e Daniel Luis Marques (AB/SP). Quarto Árbitro: Roger Goulart (CD/RS). Árbitro de Vídeo (VAR): Márcio Henrique de Gois (AB/SP). Assistente VAR (AVAR): Vitor Carmona Metesteine (AB/SP). Observador de VAR: Cleidy Mary dos Santos Nunes Ribeiro (CBF/SC).

Transmissão: Premiere (sistema pay-per-view).

 


quinta-feira, 24 de junho de 2021

Flamengo 2 x 1 Fortaleza - A despedida do Gerson

Extra

De um lado um time com melhor elenco, ainda que desfalcado, mas com um técnico tão fraco que nem cobrança de escanteio sabe treinar, de outro um time com elenco pior, mas bem melhor treinado por um técnico de verdade. Mistura isto com a despedida de Gerson, um jogador importante do time de melhor elenco, figura-chave de um meio de campo em que ele figura soberano pois joga ao lado de um fantasma, que não marca, não passa, e fique obsidiando os adversários achando que seu pensamento irá tirar a bola. Mas domina o vestiário, o que o técnico fraco valoriza a ponto de mantê-lo e só substituí-lo em último caso e pedindo desculpas ao fim do jogo.

A força do elenco faz o Flamengo começar melhor os jogos contra estes adversários mais fracos. Pressiona, mas como é um time previsível em suas movimentações, fica bem marcado. Flamengo conta com Michael, o desafogo do adversário, que deixa a bola chegar até ele porque sabe que irá perder em seguida ou atrasar ao goleiro a título de "finalização". Vitinho também, nosso vagalume, em noite de "luz apagada", pouco acrescentava. É o bipolar do time. Nunca sabemos como estará em campo. Mas felizmente temos Bruno Henrique. Este jogando como segundo-atacante, vindo de frente, apresenta seu melhor. Pedro, voltando de uma parada longa, graças a maldita CBF, parecia sem ritmo de jogo. Mas o Bruno resolveu. Dois gols em sua conta, sendo que um deu assistência a si mesmo, roubando a bola do adversário. Flamengo 2 x 0 ao fim do primeiro tempo. Com direito ao time fazer um vapo coletivo em homenagem ao meia-volante-armador Gerson. De infinita qualidade. Pena que por causa da pandemia a torcida não pode homenageá-lo em corpo presente mas em espírito garanto que todos sentirão sua falta e torcerão pelo sucesso deste rubro-negro em campo.

Mas o Flamengo poderia ter feito mais, porém conhecemos o time. Perde tanto gol que já nos acostumamos e nem contamos quando um Michael aparece com a bola sozinho, só ele e goleiro. Sabemos que irá perder. Ou quando Vitinho com gol aberto e só finalizar. Sabemos que irá estourar a bola. 

Volta o segundo tempo. Dr Jackill sai e entra Mr Hyde. Flamengo aparece abobado em campo. E toma logo um gol na cara para deixar de ser trouxa. Uma falha de marcação coletiva com o fantasma flanando em campo e ninguém atrás de ninguém. Técnico substituiu dois jogadores e isto mata nosso treineiro. Ele tem o pensamento meio demorado. Parece meu computador antigo quando processava páginas em Flash. Até racionalizar o que está havendo a memória dele enche a 99%. A conclusão sempre sai meio tardia quando o adversário já está em outra leva de substituições e ele está tratando de resolver a primeira. Fortaleza passa a dominar o jogo, pressionando o Flamengo e nada do treineiro substituir o girocoptero que nada fazia em campo, que é ironicamente chamado pela pela imprensa de "primeiro volante". Risos. Arão, coitado, submetido a ser zagueiro, errava quase tudo. Não é culpa dele. Não é zagueiro. E nosso zagueiro pela direita de seleção, forçado a jogar na esquerda para caber todo mundo na sopa do péssimo chef. 

Felizmente, desta vez, o gol do Fortaleza não saiu. Ainda mais porque o treineiro tem(ou tinha) a peculiaridade de não derrotar seus ex-times. E o Flamengo venceu em justa homenagem ao Gerson. Só faço um apelo, volte ao Home-Office, Ceni. De lá vc é muito melhor. Até porque, cá para nós, lavar roupa-suja em público de um jogador importante, chegando a conjecturar o porque fez isto, porque seu ego do tamanho do nariz se incomodou com um jogador não gostar de ser substituído é coisa de estagiário. E pior, ter ficado pianinho quando outros "mais importantes" fizeram isto. 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Flamengo x Fortaleza

Campeonato Brasileiro/2021 - Série A - 6ª Rodada

Quarta-Feira, 22 de Junho de 2021, as 19:00h (USA ET 18:00h), no Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

FLAMENGO: Diego Alves; Matheuzinho, Willian Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego, Gérsoe Vitinho; Michael, Pedro e Bruno Henrique. Técnico: Rogério Ceni.


Fortaleza: Felipe Alves; Tinga, Marcelo Benevenuto e Titi; Éderson e Felipe; Yago Pikachu, Matheus Vargas e Lucas Crispim; Wellington Paulista e David. Técnico: Juan Pablo Vojvoda.

Arbitragem: Anderson Daronco (FIFA/RS), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Rafael da Silva Alves (FIFA/RS) e Michael Stanislau (AB/RS). Quarto Árbitro: Paulo Renato Moreira da Silva Coelho (CD/RJ). Árbitro de Vídeo (VAR): José Cláudio Rocha Filho (AB/SP). Assistente VAR (AVAR): Gustavo Rodrigues de Oliveira (AB/SP). Observador de VAR: Vidal Cordeiro Lopes (CBF/BA).

Transmissão: SporTV (TV por assinatura) Premiere (sistema pay-per-view).



Sinal amarelo e até breve

 



Alexandre Vidal: Flamengo



Irmãos rubro-negros,



O sinal está amarelo após o jogo do último sábado. Os erros de passe, as finalizações desperdiçadas e os gols sofridos são indicativos do quanto o Flamengo precisa melhorar para vencer seus desafios e conquistar os títulos tão almejados. O caminho é sofrido, mas recompensador.

Desejo ao Gerson boa sorte e que ele volte ao Mengo para conquistar muitos títulos vestindo a camisa rubro-negra. Sua passagem de dois anos pelo Flamengo foi histórica. Há muito ainda pela frente. Até breve, Gerson. Você mora no coração da Nação Rubro-Negra.

Despedidas à parte, o Flamengo tem jogo importantíssimo e o clima de festa tem de ficar fora das quatro linhas. 

A melhor homenagem é honrar a camisa do Flamengo e vencer o jogo. 


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Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


terça-feira, 22 de junho de 2021

Copa do Brasil e Calendário

Olá Buteco, bom dia!

Conheceremos hoje nosso adversário nas oitavas de final da Copa do Brasil. A segunda maior competição de clubes do país traz a emoção dos confrontos eliminatórios mas, atualmente, acaba por embolar demais o calendário das equipes que disputam a Libertadores da América. Se o Flamengo avançar em ambas as competições, entrará em uma incrível maratona de jogos quarta/domingo praticamente pelo resto do ano, vejam:


A situação é complicada, porque além da disputa esportiva (que é o motivo da existência de qualquer clube de futebol), a Copa do Brasil oferece uma gorda premiação em dinheiro a cada fase, de forma que a decisão de escalar um time reserva nessa competição, priorizando a Libertadores e o Brasileiro, não é tão simples de ser tomada. Acredito que o clube vai tentar entrar com força máxima em todos os jogos, descansando pontualmente os jogadores mais desgastados. 

O sorteio de hoje passa a ser importante porque as oitavas-de-final da Copa do Brasil serão jogadas nos dois meios de semana entre as oitavas e as quartas-de-final da Libertadores. Assim, se formos emparelhados com um adversário mais simples, poderíamos fazer uma rodagem maior do elenco nessa fase. A conferir.

***

A semana nos reserva dois confrontos pelo Campeonato Brasileiro: Flamengo x Fortaleza, amanha, no Maracanã e Flamengo x Juventude, domingo às 11h da manhã em Caxias do Sul. Não há outra perspectiva diferente de duas vitórias. Precisamos pontuar e subir na tabela.

Saudações RubroNegras!!!

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Velhos Problemas

Foto: Staff Flamengo
www.flamengo.com.br/

Salve, Buteco! A derrota de sábado à noite, para alguns, já estava anunciada. Aviso logo que não era o meu caso. Aliás, para o meu amigo Marquinhos, que cantou a pedra do tropeço, eu profetizei empate ou vitória no sábado e um grande ponto de interrogação na quarta-feira, contra o Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda. Já deu pra ver que eu não posso ganhar a vida como profeta, concordam? Apesar disso, de vez em quando eu até que acerto algumas análises de cenário. Convido vocês a entrarem na máquina do tempo do Buteco (o amigo Gardner vem abusando em seu uso para ir ao futuro, ameaçando quebrar a linha do tempo) para voltarmos pouco mais de dois anos e 10 meses ao passado. Era 10 de setembro de 2018, segunda-feira, e eu postava a coluna intitulada "A Era Barbieri" tecendo algumas considerações sobre o fim do ciclo do hoje treinador do Bragantino à frente do Mais Querido. Dentre elas, destaco as seguintes:

"Até a Copa do Mundo (“Pré-Copa”) e sob o comando de Barbieri, o Flamengo disputou 18 (dezoito) jogos, alcançando 10 (dez) vitórias, 7 (sete) empates e 1 (uma) derrota, marcando 25 (vinte e cinco) gols e sofrendo (oito). Na sequência ou “Círculo Virtuoso” entre o River Plate (Monumental de Nuñez) e o Palmeiras (Allianz Arena), com Léo Duarte e Matheus Thuler na zaga, o Flamengo jogou 7 (sete) vezes, 1 (uma) vez pela Libertadores e 6 (seis) vezes pelo Brasileiro, vencendo 5 (cinco) e empatando 2 (duas) partidas, marcando 10 (dez) gols e sofrendo 1 (um). Até então, sob o comando de Barbieri, e com pelo menos Réver ou Juan na zaga, o Flamengo havia jogado 11 (onze) vezes pelas três competições, vencendo 5 (cinco), empatando 6 (seis) e perdendo 1 (um) jogo, marcando 16 (dezesseis) vezes e sofrendo 7 (sete) gols.

***

O Flamengo Pós-Copa” disputou 15 (quinze) jogos, com 6 (seis) vitórias, 3 (três) empates e 6 (seis) derrotas, com 15 (quinze) gols marcados e 16 (dezesseis) sofridos (!)Isto significa que, até a vitória de sábado contra a Chapecoense (2x0), o saldo era de três gols negativos (!!). A queda de rendimento, portanto, é vertiginosa e justificadamente preocupante.

O Flamengo Pós-Copa” é marcado por duas coincidências em relação à sequência inicial do trabalho, a qual antecedeu o que eu chamei de Círculo Virtuoso da Era Barbieri”: jogos por três competições simultâneas e a volta de Réver à zaga.

Ao mesmo tempo, e a despeito dessas inegáveis coincidências, a sequência Pós-Copa” também tem algumas importantes diferenças em relação ao início do trabalho, anterior ao período “Círculo Virtuoso” na sequência “Pré-Copa”: a) no formato “mata-mata” o Flamengo havia enfrentado apenas a Ponte Preta (dois jogos), enquanto no “Pós-Copa” jogou contra Cruzeiro e Grêmio (quatro jogos ao todo), e b) o time não contou mais com o (para mim) insubstituível Vinícius Jr. (minha opinião a respeito da saída da jovem estrela da base pode ser lida aquiaquiaqui ou aqui).

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A análise do trabalho de Maurício Barbieri não dispensa considerações de ordem técnica e tática, como esta, o que, porém, não é objeto deste post. Contudo, vista a “Era Barbieri” dentro de parâmetros contextuais, constata-se que a melhor fase (“Círculo Virtuoso”) ocorreu durante uma sequência de jogos por praticamente uma só competição, no formato pontos corridos, ou seja, sem jogos no formato “mata-mata”, e com um time mais jovem e mais forte fisicamente, notadamente na zaga. Aquele contexto favoreceu a superação dos defeitos do time (limitações táticas inclusas) por suas qualidades positivas.

Já a pior fase, o período “Pós-Copa”, coincide o envelhecimento da zaga dentro de uma sequência muito mais intensa de jogos, incluindo o número de confrontos contra adversários de ponta, e com o enfraquecimento técnico do time, seja pela saída de Vinícius Jr., seja porque, na prática, os reforços vindos do exterior ainda não conseguiram render de acordo com a expectativa. O contexto atual maximiza as limitações do time, que igualam ou não raro superam as qualidades positivas.

Diante disso, surge a pergunta que não quer calar: demitir ou não Barbieri?

Ouso afirmar que o problema principal do Flamengo, hoje, passa longe do treinador, em que pese idealmente o clube precisar de um profissional melhor e mais experiente para a função. Qualquer um, por melhor que fosse, acaso submetido ao contexto “Pós-Copa”, teria dificuldades para manter o rendimento do período que aqui chamo de “Círculo Virtuoso”, dada a flagrante diferença entre as duas situações. Entretanto, mesmo pensando dessa forma, concordo com quem acha que um treinador de bom nível e mais experiente poderia lidar melhor com o atual momento e aumentar a performance em ambas as competições, especialmente as chances de classificação e posterior conquista da Copa do Brasil (não me iludo mais em relação ao Brasileiro).

Essa ideia, porém, esbarra em ao menos três obstáculos concretos: primeiro, não há profissional desse quilate disponível no Brasil, ou seja, atualmente não há profissionais disponíveis no mercado brasileiro que possam melhorar significativamente o trabalho do Barbieri. Percebam que falo em qualidade e não em experiência, bem como de profissionais disponíveis e não de quem está atualmente empregado. O mercado, hoje, oferece "alternativas" como Vanderlei Luxemburgo, Celso Roth, Vagner Mancini e Roger Machado. Melhoraria ou pioraria? Ou será que ficaria na mesma?

O segundo obstáculo é, supondo que esse profissional fosse encontrado e contratado, como lidaria com o poder que os jogadores mais experientes do elenco do Flamengo ainda possuem, a ponto de influenciarem na escalação dos titulares e até mesmo na escolha da função tática que cada um desempenha dentro das quatro linhas. Vale lembrar a pública reação de alguns atletas quando, ano passado, Reinaldo Rueda tentou revezar Diego e Éverton Ribeiro em algumas ocasiões, este último recém-chegado do Oriente Médio e apresentando dificuldades para jogar em alto nível na sequência de jogos. Cuida-se de problema até certo ponto comum no futebol, porém historicamente potencializado no Flamengo a partir do final da “Geração Zico” e reavivado com bastante intensidade no segundo mandato de Eduardo Bandeira de Mello. A questão é como cada clube lida com o assunto. No Flamengo de hoje, não é difícil perceber que a maratona de jogos sacrifica o meio campo que tem um só volante e três meias técnicos. Rodar o elenco é uma ideia intangível.

Por último, a Diretoria, desesperada por um título relevante, e apesar de todas as evidências em sentido contrário, permanece convencida de que a melhor estratégia é escalar preferencialmente os titulares em todas as partidas da maratona, o que, como visto, embora não seja a única causa, tem relação direta com a vertiginosa queda de rendimento do time, que, por aposta da própria Diretoria, possui, entre titulares e reservas, um número significativo de jogadores com mais de trinta anos de idade ou próximos disso."

A comparação entre Rogério Ceni e Maurício Barbieri é um dos assuntos do momento. Como entendo que, na vida, qualquer análise precisa envolver contexto, acho importante não deixar escapar as coincidências entre os cenários atual e de três anos atrás. Dentro dessas comparações, tenho lido, tanto no Buteco, como no Twitter, opiniões no sentido de que Barbieri extrairia mais desse elenco e que o time do Flamengo, individualmente, é bem melhor do que o do Bragantino e, em razão disso, não deveria ter perdido o jogo. Longe de mim pretender fazer alguém mudar de opinião, até porque a minha, quanto a esses temas, não é imutável. Todavia, em nome desse princípio, que chamo de "análise contextual", acredito ser muito importante lembrar das escalações do Flamengo contra Cruzeiro e Corinthians, quando em 2018 sofreu as derrotas mais importantes nas eliminações, respectivamente, da Libertadores e da Copa do Brasil:

Flamengo: Diego Alves; Rodinei (Pará - 39'2ºT), Réver, Léo Duarte e Renê; Cuéllar, Jean Lucas (Vitinho - 18'2ºT), Diego, Everton Ribeiro e Marlos Moreno (Lincoln - 30'2ºT); Uribe. Técnico: Maurício Barbieri.

Cruzeiro: Fábio; Edilson, Leo, Dedé e Egídio; Henrique, Lucas Silva; Thiago Neves (Ariel Cabral - 35'2ºT), Robinho (Rafinha - 27'2ºT) e Arrascaeta; Hernán Barcos (Raniel - 16'2ºT). Técnico: Mano Menezes.


Corinthians: Cássio; Fagner (Gabriel), Léo Santos, Henrique e Danilo Avelar; Ralf e Douglas; Romero, Mateus Vital (Araos), Jadson e Clayson (Pedrinho) Técnico: Jair Ventura.

Flamengo Diego Alves; Pará, Réver, Léo Duarte e Trauco; Cuéllar e Willian Arão (Lincoln); Everton Ribeiro, Diego (Vitinho) e Lucas Paquetá; Henrique Dourado (Marlos Moreno) Técnico: Maurício Barbieri.


Particularmente, acho que os times de Flamengo e Cruzeiro eram parelhos, porém o escrete mineiro tinha jogadores mais decisivos. Já em relação ao Corinthians, parece inegável que a superioridade rubro-negra era latente. Aliás, naquele mesmo estádio (Arena Corinthians), nove dias depois, o Flamengo venceu o mesmo adversário por 3x0, já sob o comando de Dorival Junior, dessa vez pelo Campeonato Brasileiro, com o time eliminado de ambas as copas.

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Deixando para trás 2018, também ano eleitoral no clube, nossa última parada nessa viagem no tempo é a noite de sábado passado, 19 de junho de 2021, quando o Flamengo sofreu uma frustrante e inesperada virada no confronto contra o Bragantino, saindo de campo derrotado por 2x3, em pleno Maracanã. Vejamos os dois últimos gols do adversário, com especial atenção para a falta de combatividade geral e individual em ambos os lances:




Entre os dias 10 e 19 de junho de 2021, o Flamengo disputou 4 jogos - 1x0 Coritiba (f), 2x0 América/MG (c), 2x0 Coritiba (c) e 2x3 Bragantino (c). A escalação foi praticamente a mesma. Entre os veteranos (Diego Alves, Diego Ribas e Filipe Luís) e Rodrigo Caio (histórico recente de contusões), Diego Ribas foi poupado por 45 e Filipe Luís por 90 minutos na última quarta-feira (2x0 Coritiba).

Maurício Barbieri chegou ao jogo de sábado categoricamente eliminado pelo Fluminense na Copa do Brasil, além de suspenso por uma expulsão por indisciplina e desgastado após um erro na leitura de jogo domingo retrasado. O erro de leitura de jogo ocorreu em duas substituições que trouxeram de volta o time de Roger Machado, o qual empatou no último minuto um jogo que perdia por 0x2 até 29 minutos do segundo tempo. 

Numa das chamadas ironias do destino, na mesma noite de sábado Barbieri deixou o Maracanã vingado, fazendo o Flamengo provar do próprio veneno que o vitimara em 2018.

Hora de desembarcar no presente.

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Podemos ficar horas, dias, semanas, meses debatendo e comparando as qualidades positivas e negativas de Rogério Ceni e Maurício Barbieri. Na minha opinião, é bem mais produtivo perceber que os cenários se repetem e analisar por que o clube continua a se comportar da mesma maneira. Por cenário, deixo bem claro, quero referir à soma dos fatores maratona entre três competições, elenco curto, ausência de priorização entre as competições, medalhões insubstituíveis e treinador jovem espremido entre as cobranças (da diretoria e da torcida), a pressão do elenco e a vontade de sobreviver no cargo.

No dia seguinte ao bicampeonato da Supercopa do Brasil, publiquei este post falando sobre a "Fórmula Ceni", referindo-me ao recuo de Willian Arão para a zaga e a acomodação de Diego Ribas como primeiro volante, e expondo dúvidas sobre a viabilidade desse formato ser o "plano A" para as fases decisivas da Copa do Brasil e da Libertadores, além do Campeonato Brasileiro. De lá para cá, o time, com essa formação, oscilou um bocado no sistema defensivo, mas também teve atuações marcantes, como o primeiro tempo contra a LDU em Quito e o segundo tempo contra o Palmeiras no Maracanã, o que, somado ao Fla-Flu da finalíssima do Estadual (2x0), permite-me  concluir que a fórmula é viável como solução alternativa para situações de jogo, porém inviável como primeira opção na insana maratona de jogos.

Por que Rogério Ceni morreu com João Gomes no banco, enquanto Diego Ribas e Gérson se arrastavam dentro de campo? Arrisco dizer que a causa é o mesmo problema que Reinaldo Rueda enfrentou em 2017 e o próprio Barbieri em 2018. Não é simplesmente o jogador tal ou qual e sim o treinador novo na profissão ou recente no cargo precisando rodar o elenco. Ceni está em um meio termo em relação a essas duas condições. Sua dificuldade é a mesma. Para rodar elenco, mesmo encurtado pelas convocações, os medalhões precisarão sentar no banco ou ser substituídos com maior frequência do que desejam. Para o treinador fazer o melhor possível para o clube dentro desse difícil cenário, precisa da segurança de que não perderá o vestiário ou o cargo (ou ambos). 

A Diretoria está preparada para reforçar o elenco? Está disposta a, responsável e racionalmente, conversar com o treinador e o elenco a respeito de prioridades e necessidades? Ou será que prefere repetir Bandeira e 2018, demitindo o treinador daqui a algumas rodadas e depois perder tudo?

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Não é que o João Gomes transformaria o Flamengo numa equipe imbatível naquele segundo tempo de sábado. É que possivelmente o time não teria tomado o segundo gol e, muito provavelmente (quase certeza), não teria tomado a virada. Viram como Diego Ribas não desarma no lance do segundo gol e simplesmente não volta no terceiro? 

Reparem também que o problema não está apenas nos mais veteranos. Gerson (melancólico e depressivo) e Bruno Henrique (negligente, perdeu a bola e não voltou no terceiro gol) tiveram atuações bastante apagadas na noite de sábado. O miolo de zaga comprometeu no segundo gol e Rodrigo Caio, em especial, falhou clamorosamente no terceiro gol. Já Diego Alves, bem, aquela queda para trás foi no mínimo ridícula, além de pífia e patética. Logo, não dá pra colocar a culpa em um só jogador e é impossível não desconfiar que o time, por desgaste físico e mental, perdeu a capacidade de manter o foco nesse último dos 4 jogos em 10 dias.

Para que fique bem claro, a ausência dos convocados atrapalha e a CBF é uma entidade nefasta, ninguém discorda. O problema começa quando o discurso vira muleta. Ora, mesmo o elenco completo (computada a saída de Gérson) tem quatro carências importantes: goleiro (a dupla reserva "Jaguar" e "Parafina" não inspira confiança), zagueiro (para evitar a improvisação do Arão na posição), meia (para suprir convocações de Everton Ribeiro e Arrascaeta) e atacante de lado (para despachar o Michael e poder fazer rodízio com o avoado Bruno Henrique).

Aliás... vejo semelhanças entre os inícios dos jogos, no Maracanã, contra Vélez, Fluminense, Palmeiras, América/MG e Bragantino. Os adversários aprenderam a incomodar o Flamengo no modo "Fórmula Ceni" entre o início e o final do primeiro tempo das partidas. Problema do treinador...

Portanto, tem muito serviço tanto para a Diretoria, quanto para o comando técnico. Os desfalques em datas FIFA são previsíveis e inevitáveis. Não me venham com muletas! Não será a simples volta dos convocados que instantaneamente resolverá a causa de todos esses problemas.

***

Na "profecia" que fiz para o meu amigo Marquinhos, o jogo contra o Fortaleza de Vojvoda seria mais difícil do que o de sábado. Tomara que, mais uma vez, eu esteja errado. De qualquer modo, o próximo adversário será o time mais parecido com o Defensa y Justicia de Sebastián Becaccece que o Flamengo enfrentará até as oitavas de final da Libertadores, pois se trata de dois treinadores da escola argentina do jogo posicional, à frente de clubes bem organizados financeiramente, porém de baixo orçamento. 

Mas entre o Leão do Pici e o DyJ, muita água correrá debaixo da ponte...

E agora, Ceni? O que você fará para não ser o Barbieri da vez?

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A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

sábado, 19 de junho de 2021

Flamengo x Bragantino


Campeonato Brasileiro/2021 - Série A - 5ª Rodada

Sábado, 19 de Junho de 2021, as 21:00h (USA ET 20:00h), no Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

FLAMENGO: Diego Alves; Matheuzinho, Willian Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego, Gérsoe Vitinho; Michael, Rodrigo Muniz e Bruno Henrique. Técnico: Rogério Ceni.

Bragantino: Cleiton; Aderlan, Léo Ortiz, Fabrício Bruno e Weverson; Raul, Lucas Evangelista e Ramires; Artur, Ytalo e Helinho. Técnico: Cláudio Maldonado (interino).

Arbitragem: Bráulio da Silva Machado (FIFA/SC), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Henrique Neu Ribeiro (AB/SC) e Thiaggo Americano Labes (AB/SC). Quarto Árbitro: Grazianni Maciel Rocha (AB/RJ). Árbitro de Vídeo (VAR): Emerson de Almeida Ferreira Ferreira (AB/MG). Assistente VAR: Celso Luiz da Silva (AB/MG). Observador de VAR: Emerson Luiz Sobral (CBF/PE).

Transmissão: SporTV (TV por assinatura) Premiere (sistema pay-per-view).



quinta-feira, 17 de junho de 2021

Flamengo 2 x 0 Coritiba. "Massacration" sem fatalidades à altura .

Globo Esporte

Flamengo massacrou o Coritiba. Mas não traduziu isto em gols à altura do domínio. Muitos gols perdidos por Rodrigo Muniz, em noite bem infeliz. Porém tivemos ótima atuação de Vitinho, autor de um dos gols, Matheuzinho e, pasmem, Michael e Renê. Ambos contestados mas contra o Coritiba mostraram qualidade com Michael indo e vindo do ataque a defesa, e vice-versa,  ajudando a marcação e iniciando contra-ataques. Renê em postura mais defensiva, marcou muito bem e fez passes preciosos no ataque, embora tenha sérias dificuldades para ir a linha de fundo. Matheuzinho, uma "besta enjaulada", jogou sua "decisão de copa do mundo", fazendo a quase todos questionarem a titularidade do Isla.

Coritiba também ajudou. É um time de Série B com sérias dificuldades de articulação no ataque e de marcação falha. Mas o Flamengo não tem nada com isto, e embora sendo depredado pelos selecionados sul-americanos na convocação de seus jogadores, mantém a qualidade de jogo. 

Ceni dirigiu o time pelo telefone. E deveria ficar assim. Mauricinho deu um show de condução. Sempre vibrante e orientando o tempo todo. Ceni é bem mais apático e acho que o jogo do Flamengo se ressente disso. Mauricinho orientava  principalmente o "Vitor". Ele não chama os jogadores pelo apelido. Vitinho é um jogador que visivelmente tem problemas emocionais que o atrapalham em seu jogo altamente técnico. Se ele conseguisse trabalhar melhor este aspecto e se controlasse ninguém o seguraria. E também dificilmente estaria no Flamengo. 

Flamengo agora luta com outros clubes para formar uma Liga que sirva de campeonato brasileiro. Os outros clubes olham pro Flamengo para saberem quantos vagões conseguirão no comboio do trem-pagador. Dispostos, claro, a traírem qualquer acordo na primeira oportunidade. CBF, a entidade que governa através dos votos majoritários Federações esdrúxulas, compráveis, arcaicas, comandadas por seres do naipe de Rubinhos da vida, mantém a sua organização precária, em que os clubes são feitos para servi-la de jogadores e devem jogar sem reclamar. Até regra dizendo como os clubes privados podem contratar seus profissionais de comissão técnica meteu o bedelho sujo. Ao menos o Flamengo tem a chance de recusar jogadores para a seleção olímpica. Ao contrário dos que dizem que o Flamengo não deveria ceder, digo que ao menos Rodinei e Leo Pereira poderiam ir, de boa.

Vamos ver o Flamengo no próximo sábado contra o Bragantino, que é bem dirigido pelo Barbie. É um time bem melhor que o Coritiba e não será tão fácil.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Flamengo x Coritiba

 

Copa do Brasil/2021 - Terceira Fase - Jogo de Volta

Quarta-feira, 16 de Junho de 2021, as 21:30h (USA ET 20:30h), no Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

FLAMENGO: Diego Alves; Matheuzinho, Willian Arão, Rodrigo Caio e Renê; Diego, Gérsoe Vitinho; Michael, Bruno Henrique e Rodrigo Muniz. Técnico: Mauricio Souza (interino).


Coritiba: Wilson; Igor, Nathan Ribeiro, Luciano Castán e Romário; Willian Farias, Val e  Waguininho; Dalberto, Igor Paixão e Robinho. Técnico: Gustavo Morígino.

Arbitragem: Caio Max Augusto Vieira (AB/RN), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Flávio Gomes Barroca (AB/RN) e Lorival Cândido das Flores (AB/RN). Quarto Árbitro: Rodrigo Carvalhaes de Miranda (AB/RJ).

Transmissão: Rede Globo (TV aberta)SporTV (TV por assinatura).





Vai dar liga?











Irmãos rubro-negros,



Eu sou entusiasta da formação de uma liga de clubes no Brasil para gestão dos principais campeonatos nacionais. Mas sou entusiasta desde que certas premissas sejam estritamente observadas: a primeira delas, é de que a receita auferida pelo Flamengo mediante a negociação dos direitos de transmissão dos jogos do time pertençam ao Flamengo. Ponto. Regra simples de resguardo dos interesses do clube. Da experiência que a vida tem ensinado a nós, flamengos, a percepção é de que quando há esse tipo de aproximação o clube acaba abrindo a carteira para enriquecer quem lhe quer ver pelas costas. 

Dito isso, reitero que o patrimônio do Flamengo ao Flamengo pertence. Isso é ponto inegociável.

Outra premissa: o reconhecimento de que 1987 é do Flamengo. Vencemos no campo, vencemos na bola e se os demais clubes não reconhecem a simples verdade dos fatos, fica difícil confiar na longevidade de qualquer iniciativa com quem não honra o que escreve ou assina.

Terceira premissa: regras claras de reciprocidade quanto ao tratamento dispensado aos torcedores do clube visitante. Em outras palavras, os signatários da liga são obrigados a assegurar a integridade psicofísica do torcedor visitante. Flamengo já jogou duas vezes com o Palmeiras em São Paulo sem a presença do seu torcedor em manobras abjetas de bastidores por parte deles. Não só isso, por "questões de segurança", o MP de São Paulo impõe limite de 5% para o torcedor visitante. Se eles querem limitar a 5% lá, nós limitaremos a 5% quando o mando for nosso. 

Poderia elencar outras premissas, mas essas três, para o momento, bastam.  

Já se nota, da carta emitida pelos clubes signatários, que os objetivos com a formação da liga são basicamente: (1) maior autonomia na organização do calendário do futebol brasileiro, dando mais ênfase ao Campeonato Brasileiro; (2) maior liberdade na negociação do produto quanto às suas implicações econômicas; e (3) maior representatividade nas eleições e decisões da Cbf.

Objetivos até modestos, em se tratando de uma liga de clubes, mas que, no cenário do futebol brasileiro, podem apresentar um grande avanço desde que premissas como as acima expostas sejam estabelecidas. 

Repito, e irei fazê-lo muitas vezes: audiência do torcedor do Flamengo pertence ao Flamengo. Nada de ratear aquilo que nenhum clube rateia. Palmeiras não rateia patrocínio da Crefisa, Atlético-MG não rateia patrocínio da Mrv e nenhum clube abre mão de um centavo. Quando o Flamengo estava na pindaíba, éramos alvo do escárnio alheio. Não é agora, com a casa arrumada, que vamos dar de bandeja o que com tanto suor conquistamos. 

Questão interessante é a seguinte: haverá alguma regra relacionada ao fair-play financeiro? Porque aquilo que foi estabelecido no Profut, salvo o refinanciamento das dívidas, nunca foi implementado.

Aceitarão os clubes participantes que, se não adotarem regras de boa governança, serão pecuniária (multas) e esportivamente (perda de pontos e até rebaixamento) punidos? Será? Teríamos aí, de vinte integrantes, ao menos uns onze ou doze, no mínimo, com despesas bem acima das receitas, atrasando salários e apresentando déficits crescentes, ano após ano. Estarão esses clubes dispostos a passar pelo que o Flamengo passou durante vários anos para ajustar as contas? 

Porque sem esse tipo de clareza quanto à governança, algo sólido e de princípios, é evidente que o Flamengo tem muito mais razão em se resguardar, e com muito mais afinco reter, o máximo de liberdade de decisão quanto à negociação dos direitos econômicos de transmissão dos seus jogos, seja pela tv, rádio ou streaming.

Eu sou um grande apoiador da diretora atual do Clube de Regatas do Flamengo, capitaneada por Rodolfo Landim. Os amigos do Buteco sabem disso. Sou grato, de coração puro, a tudo o que eles têm feito pelo clube desde dezembro de 2012, quando foram eleitos num dia memorável aqui no Buteco, com recorde de comentários, frenesi indescritível. Foram eles que iniciaram esse processo e são eles que estão conquistando os títulos tão sonhados por nós. 

Mas se eles colocarem o patrimônio do Flamengo como moeda de troca para a formação da Liga, eu serei um crítico dessa iniciativa e da atitude tomada. Flamengo sofreu muito, e ainda sofre, duramente, para manter suas finanças organizadas. Enquanto outros clubes gastam o que não têm, nós pagamos, dia a dia, centavo a centavo, às centenas de milhões, os débitos de gestões irresponsáveis. 

Com as considerações acima, eu torço para que a Liga, dentro de seus objetivos, seja um sucesso, embora eu sinceramente ache muito difícil dentro do contexto em que se desenvolve a relação entre os clubes no Brasil. Mas, quem sabe? Só de conseguirem essa carta de intenções, se reunirem e apresentarem suas razões já é algo surpreendente.

Que seja elaborado e implementado um calendário mais racional, que valorize as competições mais rentáveis, e que aumente o período de disputa do Campeonato Brasileiro, que é a grande competição nacional. Que o sistema de pontos corridos seja mantido e aprimorado, com a utilização de todas as ferramentas tecnológicas que ajudem a moralizar o que acontece dentro de campo. Que os clubes consigam minimamente sentar à mesa e debater civilizadamente assuntos de interesse comum (esta última parte reconheço ser algo que existe só em sonho, no momento).

No mais, aguardemos os próximos desdobramentos. Para quem achava que o Flamengo estava atrelado à Ferj, está aí, com o clube em posição de liderança neste processo, a confirmação de que as coisas não são como parecem.


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Hoje tem jogo do Mengo. Vale vaga na próxima fase da Copa do Brasil. Hoje é dia não só de jogar bola, mas de lutar, brigar e disputar cada lance com a legendária raça rubro-negra, que tanto caracteriza o Clube de Regatas do Flamengo.

Time precisa estar atento, motivado e concentrado o tempo inteiro. 

A esperança é de uma grande vitória do Flamengo. 

Avante Mengão!


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Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.