Frase lida em algum lugar.
Torcemos pelo time, pelo clube, por um conceito que temos deste clube através de interpretação individual e coletiva. É como uma bandeira nacionalista. Na verdade o clube é uma ideia. Uma ideia transportada para o mundo das representações. Vemos suas sombras em campo, pela imprensa, pelas conversas com amigos, vizinhos, colegas de trabalho e desconhecidos. E cada um enxerga estas sombras dançando em suas cavernas particulares, cada uma em seu formato.
Através desta representação de um sonho, vivenciamos emoções que nos transportam para dentro desta ideia coletiva como torcedores, analistas ou haters. Exigimos que seus administradores conduzam este cavalo de corrida imaginário com a tenacidade, rigor e competitividade com que vemos sua sombra idealizada. E estes administradores além de pilotar o cavalo imaginário ainda tem que cuidar de sua alimentação, pasto, jockeys e recursos financeiros, humanos, contábeis, comunicação e logísticos. Para o mercado este deve ser atraente, garboso e com grande número de torcedores.
Esta aplicação de uma ideia sustenta o espírito competitivo de uma multidão de derrotados, que é a maioria da população. Derrotados pela falta de perspectivas, de um mundo cada vez mais doente, de domínio de picaretas em governos, judiciários, parlamentares, polícias, grande capital.
Então torcemos por este cavalo gladiador, com suas ferramentas de trabalho, a tirar sangue do inimigo, a vencer a corrida de competições, com um grande ou menor apoio coletivo. Os jogadores que vestem a camisa se tornam parte de nossa família junto com outros torcedores. E se cobra o desempenho como não cobramos desempenho nem de nós mesmos. O clube é o imaginário coletivo. E neste imaginário podemos tudo, somos melhores que a vida (o campo) demonstra.