segunda-feira, 29 de março de 2021

A Volta dos Titulares

Salve, Buteco! Encerrou-se na noite de sábado, no empate de 1x1 com o Boavista, em Bacaxá, a trajetória do time que tomarei a liberdade de chamar de "Urubuzinho", composto, nos primeiros jogos, por jovens promovidos e outros que ainda estão nas categorias de base, e, nos últimos jogos, também por alguns reservas do elenco profissional. O Urubuzinho foi dirigido por Maurício Souza, treinador da categoria sub-20 do clube. A experiência não é inédita, já que em 2020 o mesmo processo ocorreu, com a diferença de que durou apenas quatro jogos, enquanto em 2021 se estendeu por seis. Algo parecido também aconteceu no ano de 2018, por um período ainda mais curto, de três jogos, porém com o time sendo dirigido pelo treinador da equipe profissional, Paulo César Carpegiani. De minha parte, gostei do resultado e inclusive vi evolução no próprio trabalho do treinador Maurício Souza, que, durante esses seis jogos, de uma maneira geral conseguiu dar padrão de jogo ao time e permitir que alguns jogadores se destacassem, algo que não restou tão evidente na temporada anterior, em que pese o fato de não ter havido transmissão por imagens.

Foi interessante acompanhar a evolução do time nesses seis jogos, especialmente o trabalho dos laterais com os pontas, que nitidamente melhorou nos jogos contra Resende e Botafogo, em parte pela presença de alguns reservas experientes e mais habituados à dinâmica tática dos jogos na categoria profissional. Nada que preocupe em relação aos jovens que passarão a integrar o elenco. Entre os seis jogos, a pior atuação coletiva foi justamente a de sábado, o que pode ser explicado por vários fatores, dentre eles o gramado do estádio de Bacaxá, em péssimas condições, e ainda o fato do time haver saído atrás do placar, piorando uma atuação que já não vinha sendo tão boa como as anteriores.

A experiência com o Urubuzinho em 2021, como visto, durou dois jogos a mais do que em 2020. Jorge Jesus voltou com os titulares um pouco antes do que Rogério Ceni, e entre o jogo contra o Resende (3/2/2020) e a disputa da Supercopa do Brasil contra o Athletico/PR (16/2/2020) decorreram 13 (treze) dias, enquanto, em 2021, entre o jogo contra o Bangu, pela 7ª Rodada da Taça Guanabara, na próxima quarta-feira (31/3, 21:00h), e a final da Supercopa do Brasil, contra o Palmeiras (11/4, ainda não confirmada oficialmente), provavelmente decorrerão onze dias. 

entrevista concedida por Rogério Ceni a Mauro Cézar Pereira chegou a me deixar com a pulga atrás da orelha, desconfiando que o nosso treinador poderia estar "se poupando". Mudei de ideia ao constatar a irrelevância dessa diferença de apenas dois dias, a qual ainda é perfeitamente explicável pelas evidentes diferenças entre os contextos do calendário pré-pandêmico de 2020 e o pandêmico e "encurtado" de 2021, o qual gera a não menos evidente necessidade de se fazer uma boa pré-temporada. No final das contas, Ceni poderia ter feito como Carpegiani, mas não está fazendo nada de muito diferente do que o Mister em 2020.

De outro lado, a atuação de Gabigol no sábado me levou ainda a concluir que o enceramento do ciclo do Urubuzinho é mais do que providencial. Pesado e com menos ritmo de jogo do que os companheiros de equipe, nosso Herói de Lima sinalizou que o ritmo dos titulares, nesses primeiros jogos, não deverá ser dos mais intensos, e ninguém pensa em perder o confronto do próximo dia 11/4, contra o maior adversário do Mais Querido nas últimas cinco temporadas, cenário que não deve mudar tão cedo.

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Analisando individualmente as performances dos mais jovens, destacaria que Hugo ainda oscila, Matheuzinho se firmou e reduziu a ansiedade pelo não retorno do Rafinha, Gabriel Noga mostrou qualidade técnica e visão de jogo, porém a necessidade de "encorpar"; Ramón oscilou, o que é normal para a idade, e talvez precise aprender a controlar o temperamento; Hugo Moura e João Gomes, especialmente o segundo, firmaram-se como ótimas opções para rodar o elenco; Pepê mostrou limitações e que talvez não consiga superar a condição de jogador de segundo tempo, quando o seu físico privilegiado funciona melhor contra adversários que já estão cansados, e Rodrigo Muniz aproveitou muito bem a oportunidade, ao contrário de Vitor Gabriel em 2020, conquistando a boa vontade que a torcida jamais teve com Lincoln.

Richard Rios, Mateus Lima, Max, Daniel Cabral, Gabriel Barros, Lázaro e Thiaguinho mostraram que ainda falta algo a ser trabalhado antes de ganharem mais chances entre os profissionais.

A situação de Daniel Cabral merece cuidado especial. Como ficou muito tempo sem jogar, é preciso afastar o risco de se repetir a desastrosa transição do Lincoln para o profissional. Avaliaria um empréstimo, tendo em mente, pela experiência de Hugo Moura no Coritiba, que jogar com frequência é mais importante do que a performance do clube.

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Entre os reservas mais experientes, Bruno Viana apresentou um respeitável cartão de visitas, com boas atuações nas quais destacaram-se antecipação aos adversários, a boa visão de jogo e a qualidade do passe; Léo Pereira não comprometeu, porém tampouco demonstrou evolução significativa, e Vitinho nitidamente melhorou a leitura tática do time, contribuindo com assistências e dois gols.

Por sua vez, Michael demorou um bocado para conseguir articular as primeiras jogadas e, embora tenha melhorado nas duas últimas partidas, ainda está longe de apresentar uma relação de custo e benefício aceitável, que traria o apoio da torcida.

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Com a volta dos titulares, a temporada/2021 inicia-se de verdade. A partir de quarta-feira, o Mais Querido iniciará uma maratona que só terminará em dezembro, com poucas oportunidades de treinar uma semana inteira entre um jogo e outro.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.