segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

O Silêncio de Ouro

Salve, Buteco! O domingo de 14 de fevereiro de 2021 deixou claro para o Flamengo e a Nação Rubro-Negra que o jogo de bastidores, nessa reta final de Campeonato Brasileiro, edição 2020, é pesadíssimo, e também que o Mais Querido do Brasil terá que conquistar seis pontos nas duas últimas rodadas, se quiser o título. A CBF parece ter perdido todos os pudores e a diferença de tratamento, por parte da imprensa, em relação a erros a favor e contra o Flamengo é mais do que evidente. A pressão para o Mais Querido não chegar ao título existe e é uma das maiores que já vi nos meus mais de quarenta e cinco anos como torcedor. É claro que foi o próprio Flamengo que deixou as coisas chegarem a esse ponto. Contando a enorme quantidade de gols perdidos e as goleadas sofridas para São Paulo e Atlético/MG, absolutamente evitáveis, é inegável que esse título já poderia ter sido conquistado há várias rodadas ou, quando menos, a vantagem do Internacional no saldo de gols não existiria. O "Deixou Chegar, Fodeu", no Brasileirão/2020, foi retribuído com um convite rubro-negro para toda a "Comunidade Arco-Íris" (anti-Flamengo) tornar essa reta final eletrizante, com todas as espécies de pressão e sabotagem possíveis.

Independentemente de ensejarem ou não a anulação da partida, os eventos de ontem em São Januário foram tão graves que certamente terão forte repercussão durante a semana (e por muito tempo depois). A polêmica terá o lado bom de tirar o foco do Flamengo e transferi-lo para a CBF e o Internacional. Time por time, o Mais Querido é muito superior, inclusive comparando os desempenhos recentes. É que, desde os 5x1 sobre o São Paulo no Morumbi, o Internacional só venceu com lances muito polêmicos de arbitragem (Grêmio, Bragantino e Vasco da Gama). O fato é que, a partir dos últimos dez dias de janeiro, o Flamengo melhorou e o Internacional caiu de rendimento, apesar do desempenho construído pelas arbitragens esconder o fato.

Falando em São Paulo, time do presidente da CBF, a vitória de ontem sobre o Grêmio, em Porto Alegre, acendeu a esperança de títulos em alguns mais empolgados. Não custa frisar, nesse instável ambiente criado pelas arbitragens, que uma vitória de quem quer que seja, Flamengo ou Internacional, tira o favorito da CBF da briga, no caso do Mais Querido, pelo critério de desempate pelo número de vitórias, e, no caso do Internacional, pela pontuação.

Mantendo o equilíbrio emocional e tendo muito foco, o Flamengo será sólido e o adversário vai sentir, seja pela História, seja pelo medo que seus diretores e torcedores vêm demonstrando. O melhor que Rogério Ceni e elenco têm a fazer durante a semana é trabalhar em silêncio, pois, como ensina o velho ditado popular, a palavra é de prata e o silêncio é de ouro.

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Sobre o jogo de ontem, achei que o time não empolgava até ceder o gol de empate, mas parecia ter o jogo sob controle, tendo uma atuação minimamente aceitável. O gol do Corinthians, que veio em um lance isolado, derivou do desentrosamento do miolo de zaga formado por Willian Arão e Rodrigo Caio. A indecisão entre ambos, bem apontada por Roger Flores na transmissão da Globo, permitiu o passe de Araos a Léo Natel. Também me pareceu que Hugo teve fatais frações de segundo de indecisão (ou distração) ao dividir sua atenção entre o falso 9 corintiano e a chegada em velocidade de Filipe Luís na grande área, permitindo a finalização. Talvez o abafa tivesse sido a melhor opção. Marquinho, meu grande amigo rubro-negro, com quem sempre converso sobre futebol, dizia-me ontem, antes do jogo, que experiência é o acúmulo de fracassos. Não sei se um treinador mais experiente teria mantido a zaga que vinha jogando, mas o gol corintiano mostra que nenhuma escolha é isenta de riscos e consequências. A de ontem foi, além do gol de empate, o time sentir muito o empate e só voltar a incomodar a defesa do Corinthians quando já estava esgotado o tempo regulamentar da primeira etapa. Porém, certa ou não a escolha do treinador, pois muitos teriam escalado o Rodrigo Caio, é justo lembrar que jogadores tão qualificados e experientes deveriam se recuperar mais rapidamente, no aspecto emocional.

Mas longe de mim crucificar Rogério Ceni. Muito pelo contrário, remeto vocês à (como de costume) ótima análise feita pelo Bruno Pet (@obrunopet) no Twitter. O ponto de destaque, para mim, é a comparação entre as escolhas táticas do nosso treinador nas partidas contra o Grêmio (2x4) e a de ontem, a partir das mudanças, para melhor, do time após o intervalo. Se em Porto Alegre saímos de um 4-2-3-1 para um 4-4-2, com Arrascaeta tornando-se meia esquerda na etapa final, ontem ocorreu o inverso, com o uruguaio saindo da esquerda e passando a jogar centralizado, o que fez o futebol de Bruno Henrique mudar da água para o vinho (pra quem aprecia a bebida, como eu).

Pode-se avaliar essa comparação sob os ângulos do copo meio cheio ou vazio: uns dirão que Ceni não fez as melhores escolhas táticas ao colocar o time em campo em ambas as oportunidades, mas prefiro, como o Bruno Pet, enxergar em nosso jovem treinador, até aqui, a qualidade de, com leitura de jogo, conseguir mudar o time para melhor nos intervalos das partidas. Mas é importante que Ceni entenda que isso está longe de ser o suficiente. Nesses dois jogos finais, é também essencial que não volte a se enrolar com as substituições, como ocorreu contra Athletico/PR e Bragantino.

Especificamente contra o Internacional, urge também que se tenha um cuidado especial com a marcação sobre Patrick, definitivamente, o único jogador dos colorados capaz de desequilibrar o jogo a seu favor. As fracas atuações de Isla nas últimas partidas recomendam atenção triplicada sobre o tema.

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A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.