segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Empate Frustrante

Salve, Buteco! Era um jogo de alto risco, como todo mundo sabia. O Bragantino é a atual sensação do campeonato, com grande campanha nas últimas rodadas, a ponto de se credenciar a uma vaga para as fases classificatórias da Libertadores. Os dois treinadores apontaram, antes da partida, semelhanças entre os estilos de jogo das equipes. Dentro de campo, o confronto de alto nível, inclusive para os padrões do Campeonato Brasileiro, veio a se confirmar. Pôde-se constatar nitidamente o alto nível de comprometimento tático de ambas as equipes, que "mordiam" bastante na marcação. Desde o início da transição ofensiva, ninguém conseguia ficar com a bola por muito tempo sem a posse ser atacada de maneira intensa, por mais de um marcador simultaneamente. Especialmente no primeiro tempo, foi um jogo muito interessante de se assistir. Nesse confronto equilibrado, o Flamengo se sobressaiu com a qualidade técnica de seus jogadores. O time todo atuou focado e algumas atuações individuais podem ser destacadas, como nos casos de Hugo, Gustavo Henrique, João Gomes, Gérson e Everton Ribeiro. Contudo, três fatores separaram o Mais Querido dos três pontos: a falha individual de Isla, sentida pelo time; as inúmeras chances de gol desperdiçadas e a hesitação de Rogério Ceni em fazer as substituições.

No primeiro caso, desconfio até que o chileno estivesse um pouco atordoado por conta do verdadeiro "coice" que tomou em uma disputa de bola, o que o levou a jogar o restante da partida com ataduras na face. A partir deste incidente, acredito que se possa discutir a falta de experiência e alguma insegurança por parte do nosso jovem treinador. Vejam bem, talvez Isla estivesse até um pouco "grogue", mas mesmo sendo o caso era de se esperar de um lateral de seleção chilena que não se perdesse em um lance tão infantil. Aliás, era de se esperar que metesse cabeça na bola, certo? Portanto, não se discute a sua responsabilidade pela falha individual em um sistema defensivo que funcionava perfeitamente até então, o que inclusive é mérito do treinador. O problema é que, por algum motivo para mim insondável, o jovem Matheusinho, que desde os tempos de Jorge Jesus sempre corresponde quando é chamado, quase não é utilizado por Rogério Ceni. Não era o caso de ter entrado antes, quando o titular teve a cabeça seriamente atingida?

Reconheço que não é exatamente simples fazer esse tipo de leitura no meio de um jogo tão disputado. Até por isso, acredito que a grande responsabilidade de Ceni pela incapacidade do time para marcar o segundo gol esteve na demora em fazer as substituições. Muito embora o jogo estivesse taticamente muito "ajustado", alguns jogadores davam sinais de esgotamento físico, como Gérson e Arrascaeta, sem falar em Isla, aparentemente "no mundo da lua". As substituições após os 40 minutos do segundo tempo são inexplicáveis. Pior ainda três delas terem ocorrido após o tempo regulamentar estar esgotado. O que foi aquela troca de lateral direito, naquele momento? Normalmente, o time que quer segurar o resultado promove diversas substituições durante os acréscimos, justamente para picotar o jogo e quebrar o ritmo do adversário. Como então explicar isso ser feito pelo treinador do time que tem o maior interesse em buscar o resultado, senão por pura insegurança?

Acho que o nosso treinador tem futuro na profissão, pois demonstra buscar conhecimento tático aonde deve, além de ter muita obstinação e vontade de crescer; todavia ainda é imaturo, tem ranços que traz desde a época de jogador e é dono de um ego enorme, com evidente dificuldade em reconhecer erros e tentar corrigi-los com rapidez. Talvez esse "pacote" explique a hesitação e as recorrente falta de bom senso e timing nas substituições. Na minha opinião, vindo ou não o título, ainda não está pronto para o tamanho do desafio e da responsabilidade de dirigir o Flamengo.

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Um capítulo à parte deve ser dedicado à dupla de ataque. Meus longos anos de torcedor me dizem que estão se esforçando para acertar, mas a fatura de aparentes excessos (na noite carioca?) está sendo cobrada. A impressão é que exageraram na dose. Não está nada fácil voltar à sintonia fina de 2019, problema que acusei, neste espaço, desde a volta da paralisação por conta da pandemia.

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Acabaram-se as chances de título? Sinceramente, não vejo dessa maneira. Depender de tropeço adversário é sempre complicado, mas deixo vocês com a estatística do Futdados.com a respeito do histórico de confrontos entre times dirigidos por Vanderlei Luxemburgo e Abel Braga, acrescentando, em relação ao levantamento, que desde então apenas uma única partida foi disputada entre eles, no Campeonato Brasileiro de 2017, quando Sport (Luxa) e Fluminense (Abel) empataram por 2x2 na Ilha do Retiro. Em 18 jogos, Abel não conseguiu vencer Luxemburgo (13d e 5e). Não é absurdo imaginar que no 19º confronto, em São Januário, contra um Vasco da Gama pressionado, não conseguirá a primeira vitória.

O grande problema me parece ser o nosso ataque milionário passar a funcionar como deve.

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A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.