Salve, Buteco! Foram-se as chances de título com a derrota de ontem na Arena da Baixada. É claro que, matematicamente, levantar a taça é possível, mas somente quem vive no mundo da lua pode acreditar nessa possibilidade. Entre o Flamengo e o título não estão simplesmente os adversários e a distância na pontuação, mas a incompetência do treinador Rogério Ceni. Convenhamos, não era muito difícil identificar o cenário dessa partida contra o Athletico/PR em Curitiba. Em primeiro lugar, o adversário rodou o elenco no meio da semana, poupando o time que enfrentaria o Flamengo no domingo. Faço questão que vocês confiram a escalação do Furacão em Salvador, pois apenas a dupla de zaga e o volante Christian foram para o jogo. Não acredito que Rogério Ceni não soubesse que o time do meio da semana era o reserva. O treinador (?) menosprezou completamente o caráter físico que o Athletico prometia implementar à partida, que, ainda por cima, foi disputada em um gramado sintético. Desde o início o Furacão foi bem mais veloz e intenso nas transições ofensiva e defensiva. Já Rogério Ceni escalou um Flamengo com o lento e veterano Diego como volante, e nas pontas Everton Ribeiro, em péssima fase, e Vitinho completamente isolado pela esquerda.
Gramado sintético, bola rápida, adversário jovem e veloz, laterais veteranos, volante enceradeira-decadente... O resultado foi o Flamengo jogando um futebol absolutamente medíocre, que "honrou" os piores anos do "arame-liso". Observem que Ceni repetiu o erro de Domènec Torrent em Fortaleza (0x2 para o Ceará), jogo no qual Diego rodopiou improdutivamente no meio e Vitinho ficou passou noventa minutos forçando as mais bizarras jogadas individuais à frente de um lateral que mal apoiava (Renê). Muito embora, diversamente de Renê, Filipe Luís tenha todas as características para apoiar o ataque, no Flamengo de Ceni o nosso talentoso lateral esquerdo varia entre as funções de terceiro zagueiro, ao lado do improvisado William Arão, e um volante pela esquerda, tudo isso para o veterano Diego Ribas, empoderado como nunca, ser confortavelmente acomodado no meio. Não era difícil perceber que daria errado. Um gol de bola parada literalmente salvou o Flamengo no primeiro tempo, quando Hugo Souza evitou um placar elástico praticando grandes defesas.
O pior, porém, ainda estava por vir. O Flamengo voltou do vestiário exatamente como terminou o primeiro tempo. Nenhuma substituição, nenhuma mudança tática. Nada. Tudo continuou na mesma. Tolo é aquele que acha que Rogério Ceni pode melhorar de alguma maneira o time com suas estapafúrdias substituições. Não fosse notoriamente vaidoso, seria de se cogitar que cada decisão foi tomada premeditadamente, com o intuito de destruir as chances do Flamengo vencer a partida e continuar com reais chances de disputa do título. Senhoras e Senhores, acompanho futebol há cerca de 45 anos e poucas vezes na minha vida de torcedor testemunhei uma atuação tão devastadora por parte de um treinador, do Flamengo ou de outra equipe. O sujeito terminou a partida agarrado em Diego Ribas, Pepê, Michael e Rodrigo Muniz (!). Rifou Gabigol, Everton Ribeiro e Arrascaeta (já não contava com Bruno Henrique), por mais que não estivessem jogando uma grande partida, especialmente o camisa 7. Escalou Pedro e Rodrigo Muniz juntos, mas não admite a possibilidade de Pedro e Gabigol formarem a dupla de ataque.
Rogério Ceni é um equívoco muito maior do que Domènec Torrent. O catalão sabia o que estava fazendo, mas era incapaz de gerir um grupo como o do Flamengo e disputou um cabo de guerra com os jogadores visando impor suas convicções, pouco se importando com as metas, inclusive de receitas (orçamentárias) do clube. Rogério Ceni veio para nos deixar com saudades de Domènec. Não tem o conhecimento do catalão, porém é ainda mais cheio de si, além de paneleiro e incapaz de aproveitar todas as peças do elenco, inclusive da base. A incapacidade de Ceni para escalar Pedro e Gabigol juntos tem a mesma natureza da que levou Abel Braga a não escalar Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Ceni não passa de um antiquado treinador brasileiro, com a grife de estudioso, dada pela imprensa esportiva, além de roupas caras e discurso empolado.
Como torcedor, resta-me rezar por uma vaga na fase de grupos da Libertadores e para o time não sofrer outras goleadas até o final da temporada. Aliás, o jogo de quinta-feira é preocupante, para dizer o mínimo.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.