O ano chegou ao fim. Como tudo na vida, há o início, meio e fim. Este ano que começou com alegria termina em melancolia. Pandemia e suas consequências carregaram para lama ou para o túmulo, vidas, esperanças e sonhos. O mundo se transformou. Vivemos a era da doença e da preocupação obsessiva com a morte, senão de nós mesmos, de parentes e amigos próximos. E com isto casamentos emotivos e profissionais foram e são desfeitos. Filhos ficam no meio entre ilhas. Navios perdem âncoras e motores. Aviões voam sem aeroportos. O mundo corre atrás de um novo sentido entre máscaras e isolamento. Agora o ser humano é contagioso, perigoso e evitável. A grande mãe que é o Estado corrupto, ladrão e sempre ineficiente agora cuida de todos. Com mão de ferro. Amém. Estamos sozinhos em nossas ilhas de segurança caseiras rezando com as mãos embebidas em álcool gel e clamando pela irresponsabilidade alheia dos criminosos que saem para as ruas, ansiando pela vacina que não chega, não circula, ainda que pareça o santo graal que irá nos livrar desta angústia e nos permitirá voltar a um mundo que não existirá mais. A Nova Ordem foi constituída. Agora estamos protegidos por autoridades daqui. Autoridades dali. Que do alto de seu saber jurídico, jornalístico e superficial decidem sobre tratamentos químicos e profiláticos. Condenando e execrando aqueles que ousam questionar os poderosos da mídia que envergam a bandeira da notícia-velório. O tempo inteiro. Das mortes contadas como em batalha. Da doença que veio acabar com o mundo e acabou.
Iniciamos portanto um novo tempo. Um novo normal. Em que obedecemos às ordens de governantes. De juízes. De autoridades sanitárias. Os animais que são mais iguais que os outros. E não se pode questionar porque é para o nosso bem. Quantas coisas são feitas em nome de nosso bem. Geralmente revertendo para bens alheios. Neste novo normal todo tipo de atividade é questionável e muitas vezes amputada. O que se tinha público não se tem mais. O que atraía pessoas, não pode mais. Contratos são desfeitos por uma penada de ministro ou decisão do Legislativo, com a alegação da Nova Ordem. A segurança contratual acabou. A pessoa física agora é subjugada para o bem dela mesmo. Para não morrer de vírus ela capitula a sua integridade, a sua liberdade e a sua própria segurança financeira, para pessoas que ela antes condenava por apresentarem todo tipo de doença moral.
E empresas, instituições, clubes são subjugados, como todo o resto. Em nome do bom senso. Em nome de protocolos. Em nome da segurança da saúde de profissionais e quem acompanha estes profissionais. Segurança inquestionável, protocolo irretocável ainda que elaborado sem testes ou histórico suficiente. Mas é a ordem sanitária. Pessoas morreram, estão morrendo. Pessoas estão condenadas. Ou podem ficar.
E então chegamos a 2021. Um novo ano. Uma nova etapa. Ou a continuação trágica de um fim que não termina.