"Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial"
O Futebol do Flamengo despedaçou em 2020. Não só pelo efeito coronavírus que bagunçou o mundo todo mas pela falta de gestão profissional de qualidade no Departamento.
Departamento Médico e de Fisiologia arruinados. Dispensa de bons profissionais que mantiveram um padrão de atendimento excelente em 2019 para contratação de indicações políticas, de jogadores, e de dirigentes amadores, fazendo de um setor vital e estratégico para o esporte virar cabide de emprego de funcionários perigosos, pois como confiar no tratamento dos mesmos na recuperação de atletas? É comum jogador ser escalado e retornar logo ao Departamento Médico pelo tratamento ter sido muito mal feito.
O ano começou com a dispensa do Pelaipe, que era um bom gestor de vestiário e fazia bem a interface com a comissão técnica do Jorge Jesus, para a subida do controverso "primo do Bap", vulgo Gabriel Skinner. Sem nenhuma notoriedade na carreira a não ser o fato de ser parente de dirigente poderoso no Flamengo, o VP de Relações Exteriores que prefere atuar mais como membro do Conselho de Palpiteiros que manda no futebol.
Marcos Braz, o VP de Futebol, exercia seu tempo não remunerado ajudando o Flamengo. Não sei de suas atividades profissionais prévias e atuais, mas Dirigente Amador não ganha remuneração do Flamengo e todo mundo precisa ganhar a vida. Este tempo não remunerado foi dividido em fazer campanha para vereador. Torcida do Flamengo votou no sujeito e foi eleito. Flamengo é ainda uma ótima forma de atrair voluntários não só interessados no clube, não é mesmo? Embora ainda não seja impeditivo pelo estatuto.
Spindel, o Diretor de Futebol, diz-se que recebe as ordens do Conselho de Palpiteiros, grupo chefiado pelo Bap, que contempla outros marmanjos de grupos políticos diferentes escolhidos por critérios não profissionais. É uma vantagem para eles. Conseguem título de emérito, viajam de graça pelo Flamengo, se hospedando em excelentes hotéis, ganhando fama e notoriedade. Amanhã, quem sabe, se candidatam a vereadores também.
Temos então um Departamento de Futebol amador em essência, politizado e com isto destruído pós a saída da Comissão técnica europeia de Jorge Jesus. Esta comissão fez o Flamengo trabalhar direito. Departamento Médico, gramado, recuperação de jogadores, tudo passava pelo crivo autoritário e exigente do português. Até treinos Jesus impedia os curiosos amadores de poder político de assistirem. Conhecendo o nível técnico deste pessoal, Jesus estava coberto de razão.
Mas ele se foi. A saída do Pelaipe deve ter sinalizado que tudo já estava escorrendo pro ralo. A dificuldade de pagar premiação prometida a funcionários também. Enfim, uma série de fatores, mais o fato da família em Portugal e coronavírus foram determinantes. Ele saiu. Multa baixa era uma sinalização que isto iria ocorrer a qualquer momento.
Flamengo então se viu sozinho. Conselho de Palpiteiros, Braz em campanha e mais parecendo um companheiro de vestiário de jogadores, e ninguém tomando conta do entorno. Técnicos iniciantes escolhidos em sequência novamente, parecendo a gestão passada com seus inúmeros e vastos erros no futebol. Mas que já estão no passado de falsas novidades. O momento é agora. Esta gestão. Ainda tem um ano e pode se corrigir.
Primeiro, precisa ter um gestor profissional que emule o controle técnico que a equipe de Jorge Jesus fazia. Sugeriria a contratação de um manager europeu e equipe para ontem. Alguém precisa exigir processos de compliance no Departamento Médico, tanto no tratamento, acompanhamento e recuperação de jogadores, do CIM, da equipe que cuida do gramado e na escolha de profissionais para trabalharem no Flamengo. Obviamente sei que a equipe de altos executivos a qual Landim e Tostes fazem parte sabe do que estou falando. Flamengo precisa ter profissional de psicologia para acompanhar o elenco. Demonstram estar sempre muito desmotivados e inseguros. Flamengo hoje é um time que entra com medo em campo. E deveria ser o inverso. O adversário que deveria sentir medo. Mas basta um gol contra para desabar em campo. O fato de precisar de 5 chances de gol para fazer um único gol atrapalha. A seguida escalação dos zagueiros Gustavo Henrique e Leo Pereira que falham demais individualmente fazem com que o Flamengo acabe por tomar muitos gols. E para virar o jogo precisaria então de 10 chances de gol.
A falha em todo processo na renovação de Diego Alves culminando com uma proposta aceita pelo Departamento de Futebol e não aceita pelo Financeiro mostra como há um problema enorme no fluxo de decisão do Flamengo. Para se negociar é preciso saber o teto. E parece que cada departamento vive em planetas diferentes.
Enfim, este surto amadorístico coincide com a maior relevância política daquela velha turma da Patrícia Amorim no Flamengo. Ganhando mais cargos de VP´s e sabe-se lá mais o que. Não deve ser coincidência.