Salve, Buteco! Começa a crescer nas esquinas rubro-negras da Internet uma sinfonia, composta por instrumentos de sopro tocados por membros da Nação, trazendo de volta antigas melodias que historiam passagens de jovens treinadores rubro-negros, carinhosamente apelidados de "estagiários", e suas intensas e imbricadas relações com os atletas mais antigos do elenco, em busca do famoso "respaldo". Por enquanto, cuida-se apenas de um ainda suave prelúdio (para os padrões da Nação), mas convém que o nosso estagiário da ocasião, para quem tenho votos de pleno sucesso, previna-se de modo a que sequer cheguemos à fase do adágio. Melhor trocar de partitura e começar a Sinfonia dos Cânticos Sagrados das Vitórias.
Cânticos Sagrados das Vitórias? Mas quais são as chances disso acontecer? Na minha opinião, são grandes e bastante prováveis, apesar do medo de muitos de que venhamos a vivenciar um "novo 2018". De fato, há algumas coincidências, como as frustrantes eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores da América, alternadas com tropeços no Brasileiro e o time, comandado por um jovem treinador, parecer sem pernas e jogar apenas no modo "arame-liso". Para quem quiser se aprofundar nesse assunto, sugiro a leitura desse post ("A Era Barbieri") que escrevi há pouco mais de dois anos analisando o desempenho do time sob o comando de Maurício Barbieri, especialmente quando disputava apenas o Brasileiro, e a queda de rendimento quando começavam os jogos das demais competições.
Por mais incrível que a primeira vista possa parecer, extraio desse texto minhas razões para estar otimista. A evolução em estrutura e elenco são evidentes. Acredito que não precise enumerá-las. O que fará esses dois fatores interagirem, a partir de agora, é o calendário, que passou a ser nosso amigo e o maior adversário dos nossos principais concorrentes. Na minha opinião, a subida do rendimento do Flamengo é um dado objetivo, a ser confirmado pelo simples decurso do tempo. Mais importante ainda é que isso pode perfeitamente acontecer sob o comando do Rogério Ceni e nada do que aconteceu até aqui é remotamente empecilho para tanto.
O Flamengo, com elencos estrelares e outros nem tanto, já conquistou títulos de grande expressão com treinadores estreantes ou com pouca experiência como Paulo César Carpegiani (estreante), Carlos Alberto Torres (estreante), Andrade e Jayme de Almeida. Nenhum deles integra o rol dos principais treinadores brasileiros e nem muito menos deles pode-se dizer que tiveram carreiras longas ou pelo menos estáveis. Como jogador, não tenho dúvida de que Ceni esteve à altura deles e, como treinador, já percorreu uma pequena estrada, digna de elogios, e tem a sua frente um mundo de possibilidades. Treinador iniciante e ex-atleta nunca foi empecilho ou problema pro Flamengo. E se alguns dos adversários têm treinadores melhores e/ou mais experientes, ninguém tem um elenco para bater de frente com o nosso.
Goleadas em anos de grandes títulos? Também não são novidade. Aconteceu em 1981, 1983, 2009 e 2013, por exemplo. Como teria ficado a FlaTT e o Buteco do Flamengo após um 0x4 pro Colorado, um 0x5 pro Coritiba, um 1x4 pro Grêmio ou um 0x3 pro Avaí? As três últimas ocorreram no primeiro ano de vida do Buteco, mas me lembro razoavelmente bem de como esse espaço ficou após os 0x4 pro Corinthians em 2013. Seguramente ninguém cogitou do título da Copa do Brasil naquele triste fim de domingo.
Vejam, não nego que Ceni tem problemas concretos para resolver, a começar pelo sistema defensivo e a escolha do quarto-zagueiro. Porém, Amigos, a má-atuação de sábado não me impressiona, por ter sucedido uma traumática eliminação. Posso lhes dizer que tenho muitas dúvidas e pouquíssimas certezas nessa vida, mas uma delas é que, na 38ª Rodada do Campeonato Brasileiro de 2020, a ser disputada possivelmente na quarta-feira de 28 de fevereiro de 2021, o Flamengo estará disputando o título, se já não estiver com ele em mãos.
A reação e a apresentação de um melhor futebol começarão no próximo domingo, contra o desfalcado Santos com atenção dividida entre dois duelos "sangrentos" contra o Grêmio pelas quartas de final da Copa Libertadores da América. Depois do Santos, o adversário seguinte, entre grandes clubes e potenciais aspirantes ao título, será o Palmeiras, no dia 20 de janeiro de 2021. Até lá, uma série de jogos que esse time, com futebol meia-boca, tem vencido, e várias semanas livres para treinamento e recondicionamento físico.
A corneta é sagrada, ainda mais nesse espaço. É a nossa forma de lidar com as emoções desse fascinante esporte e especialmente com a paixão pelo Mais Querido do Brasil (e do mundo). Contudo, não se enganem: o Flamengo está no páreo e, a partir de agora, vai subir de rendimento. A concorrência que tente acompanhar.
Bom dia e SRN a tod@s.