Salve, Buteco! Como classificar uma goleada com dois pênaltis contra os reservas de um dos grandes clubes do Brasil? “Não fez mais do que a obrigação”, dirá com alguma razão a maioria, muito embora o desempenho do próprio Flamengo, repleto de garotos, contra o então Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo, em São Paulo, seja uma referência que valorize a atuação e os três pontos. A atuação, especialmente no primeiro tempo, me lembrou os jogos contra Boavista e Volta Redonda no Campeonato Estadual, logo após a “volta da pandemia”. A organização e a proposta de jogo ainda estavam lá, mas os jogadores pareciam “presos” e algumas frações de segundo atrasados em cada lance. Tanto é verdade, que novamente o time criou e desperdiçou várias chances de gol.
Voltando do vestiário com 1x0 no placar, o time soube explorar os espaços concedidos pelo Santos após Cuca, talvez de maneira imprudente, adotar a marcação alta sob pressão na nossa saída de bola. Os outros três gols saíram naturalmente e a defesa pareceu mais segura até as substituições, quando Ceni resolveu “abrir” mais o time e testar novas formações. Por isso mesmo, não me assustei com o gol sofrido. Aliás, Rodrigo Caio e Natan, não tenho receio em afirmar, formam a melhor dupla de zaga possível dentro do nosso elenco.
Gostei de ver o Bruno Henrique ganhando duelos individuais na velocidade e na imposição física, o que pode ser a chave para a volta do Flamengo ao saudoso “outro patamar”. Também foi bom ver o Gabi de volta ao time. Os números do nosso camisa 9, considerando gols e assistências (63x22), são assustadores! Pedro também entrou mostrando que Ceni terá uma “agradável dor de cabeça” para escalar o nosso ataque a cada rodada.
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Com a vitória de 4x0 sobre o Botafogo na última quarta-feira, o São Paulo abriu vantagem de 4 (quatro) pontos sobre o Atlético/MG e de 8 (oito) pontos sobre Flamengo, seus principais concorrentes ao título brasileiro, vantagem essa que, graças à acirrada rivalidade local com o Corinthians, foi diminuída para 5 (cinco pontos), deflagrando “oficialmente” a temporada de “caça ao líder”. Tomando essa 25ª Rodada como marco inicial para comparar o calendário e a tabela dos três concorrentes ao título, podemos dizer que o trio terá os seguintes jogos em comum, considerando inclusive a condição de mandante ou visitante: Athletico/PR, Bragantino (f), Fluminense (Maracanã), Grêmio (f), Santos (c) e Palmeiras (c).
Fracionando o mesmo critério individualmente para Atlético/MG e São Paulo, temos os seguintes jogos em comum com o Flamengo:
São Paulo: Athletico/PR (f), Bragantino (f), Ceará (c), Fluminense (Maracanã), Grêmio (f), Internacional (c), Santos (c) e Palmeiras (c)
Atlético/MG: Athletico/PR, Bahia (c), Bragantino (f), Goiás (f), Fluminense (Maracanã), Grêmio (f), Palmeiras (c), Santos (c) São Paulo (f) e Sport (f)
Como são notórios os efeitos do desgaste dos jogos das copas sobre o desempenho no Campeonato Brasileiro, não é exagero afirmar que as semifinais e finais da Copa do Brasil e da Libertadores da América poderão influenciar os seguintes jogos da tabela do trio:
Flamengo
25ª Rodada: Santos (c) – entre os jogos das quartas de final da Libertadores
23ª Rodada (atrasado): Grêmio (f) – 27 de janeiro de 2021, jogo a ser disputado 3 (três) dias antes da final da Libertadores
São Paulo
27ª Rodada: Fluminense (f) – entre as semifinais da Copa do Brasil
28ª Rodada: Bragantino (f) – jogo seguinte às semifinais da Copa do Brasil
29ª Rodada: Santos (c) – entre as semifinais da Libertadores
34ª Rodada: Palmeiras (c) – entre as finais da Copa do Brasil
35ª Rodada: Ceará (c) – jogo seguinte às finais da Copa do Brasil
Atlético/MG
28ª Rodada: Santos (c) – antecede a primeira semifinal da Libertadores
É fácil constatar que a classificação do Grêmio ou do São Paulo para as finais da Copa do Brasil e do Grêmio ou do Santos para a final da Libertadores possivelmente pesará no aumento ou diminuição da diferença hoje existente do São Paulo para os demais. A título de exemplo, como o Palmeiras é virtual finalista da Copa do Brasil, não é difícil perceber que o desfecho do confronto com o São Paulo, pela 34ª Rodada, será diretamente influenciado por quem for o seu adversário na mesma final. Afinal de contas, o Tricolor com as atenções divididas entre os dois confrontos será, para o Palestra, um adversário menos intenso do que o 100% focado no Campeonato Brasileiro. Por esse mesmo critério, o São Paulo certamente enfrentará dificuldades adicionais contra Bragantino e poderá ter o mesmo problema com o Ceará, ao contrário de Flamengo e Atlético/MG.
Por outro lado, agora considerando a Libertadores, o Santos semifinalista daria ao São Paulo a mesma vantagem que teve o Flamengo na 25ª Rodada, qual seja, de enfrentar uma formação reserva do Alvinegro Praiano, e talvez algo próximo disso ao Atlético/MG, no confronto que antecederá as semifinais. Ao contrário, acaso o Grêmio chegue até a final, o Tricolor Paulista e o Galo enfrentariam um Santos lutando por G4, enquanto o Flamengo possivelmente enfrentaria uma formação reserva do Tricolor Gaúcho nas vésperas da final.
É claro que tudo isso é relativo e o aproveitamento dessas eventuais chances dependerá do Flamengo passar a ter um desempenho de campeão. Porém, depositando minha fé na recuperação do Mais Querido, torcerei para São Paulo e Grêmio, respectivamente, chegarem às finais da Copa do Brasil e da Libertadores, mesmo que a possibilidade dos rivais conquistarem esses títulos seja um preço salgado a ser pago. O oitavo título brasileiro do Flamengo justificaria o sacrifício e o “investimento”.
Por fim, lembro que São Paulo e Atlético/MG se enfrentarão na próxima quarta-feira, no Morumbi. No mínimo, um dos dois deixará pontos no caminho. Lembro também que, até o jogo contra o Palmeiras, no dia 20 de janeiro de 2021, no Maracanã, pela 31ª Rodada, a sequência do Flamengo será Bahia (c), Fortaleza (f), Fluminense (c), Ceará (c) e Goiás (f). Não tenho dúvidas de que 15 (quinze) pontos nos colocarão na liderança.
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Senhoras e Senhores, o Flamengo está vivo no campeonato.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.