quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Experiência x Iniciantes, a falsa dicotomia


Uma dicotomia é uma partição de um todo em duas partes. Em outras palavras, esse par de partes deve ser conjunto exaustivo: tudo deve pertencer a uma parte ou a outra, e mutuamente exclusivo: nada pode pertencer simultaneamente a ambas as partes. Essa partição também é freqüentemente chamada de bipartição. Wikipédia

O Flamengo de Ceni nos reserva uma surpresa desagradável. A intolerância do (ainda) inexperiente treinador, em termos de grande time e grande elenco, a jogadores menos experientes. Ou imaturos, como gosta de dizer a torcida, ainda que possuam uma vasta experiência de competições em divisões inferiores. Com isto vemos o Flamengo treinado por ele prescindir de vários talentos que apareceram durante o período Domènec, que foi forçado a utilizá-los pelo número abusivo de jogos impostos apenas ao Flamengo combinados com surto de covid e convocações para o time da CBF. Foi a chave para descobrirmos vários bons jogadores: Hugo Souza, Natan, Ramon e Noga. 

Hugo Souza que foi achincalhado pela torcida em um lance que perdeu o domínio da bola em uma das centenas das perigosas bolas recuadas do fraco e limitadíssimo zagueiro Leo Pereira, também conhecido pelas alcunhas Leo Pereba ou Leo Peneira, foi relegado ao segundo plano. Embora de forma mais aceitável mediante o retorno de Diego Alves, que, embora debaixo das traves não chega aos pés do Hugo Souza, tem liderança e sabe jogar melhor com os pés, mesmo que costume falhar também durante os jogos. Mas tem sorte que suas falhas não resultaram em gols do adversário. Mas se resultasse teria as mesmas críticas do Hugo? Não. A torcida tende a minimizar e achar natural toda e qualquer falha cometida por jogador dito experiente e a massacrar, crucificar e jogar aos leões toda e qualquer falha cometida por jogador recém-saído da base. Talvez pelo espírito de "degustação". Estão experimentando para ver se o jogador "serve". E se falha não serve. Imagine se estes críticos tão abusivos sofressem o mesmo padrão de crítica em seus respectivos trabalhos enquanto iniciavam.

E temos o enorme problema da zaga que não funciona. Leo Pereira e Gustavo Henrique foram péssimas contratações. E o Departamento de Futebol tem dificuldades de reconhecer isto. Assim como o técnico atual que os escala pelo quesito experiência. O Flamengo hoje é um time muito fraco defensivamente devido a sua última linha ser de uma fragilidade assustadora. Isto, de certa forma, prejudica o time como um todo. O meio de campo tem dificuldades de elaborar lances mais arrojados pelo medo de perder a bola. Fora isto o time não tem preparação física para marcação alta. Não sei se terá, pois precisa de ótimos profissionais de preparação física e de fisiologia para isto e o Departamento de Futebol teve a saída de vários bons profissionais seguido da contratação amadora de amigos dos amigos de dirigentes e jogadores. Isto faz com que a suposta ideia do Ceni de emular a marcação alta de J. Jesus seja um engano que pode ser mortal. Como foi muitas vezes. O time se estica todo para marcação alta, mas não tem nenhuma velocidade de recomposição se o adversário passa a bola entrelinhas. O que faz com que, muitas vezes, a bola estoure na primeira linha de nossa fraquíssima defesa em termos de valores individuais.

Precisamos melhorar os valores individuais de nossa defesa. Se não podemos mais contratar que treine bem e escale os valores que surgiram nos dias de pauleira, Natan e Noga. A experiência de GH e LP não serve de nada pois são péssimos e inseguros.

E temos também a frequente utilização do Renê em detrimento do Ramon. Lateral-esquerdo que no pouco que conseguiu mostrar se mostrou muito bem. Foi escanteado pelo Rogério Ceni e Renê virou "insubstituível", numa "zé-ricardiação" tardia. Renê é bem fraco atacando e defensivamente já não é lá estas coisas mais. Mas tem prestígio no grupo. E técnico brasileiro, infelizmente, tem esta peculiaridade de sempre querer agradar grupo. Então escala Renê inclusive de lateral-direita, prejudicando o ataque e o futebol do Everton Ribeiro, que, taticamente, treina para jogadas de ultrapassagem com lateral. Matheuzinho vira reserva de Renê em jogo decisivo quando Isla não joga. 

Com todas estas tomadas de decisão do Rogério Ceni, o Flamengo empatou com um fraquíssimo Racing na Argentina. E com a escalação de Gustavo Henrique e Leo Pereira na terça que vem, sinceramente, as chances de classificação do Flamengo ficam bem mais reduzidas.

Rogério Ceni, um ainda iniciante em termos de técnico de time de porte do Flamengo, tem que saber montar melhor um time antes de satisfazer um grupo.