Em um jogo um tanto peculiar na Bahia, mais uma vez sem torcida, o que faz tudo parecer jogo-treino, Flamengo se encontrou no ataque e se perdeu na defesa. Levou 3 gols do Bahia. Quem estava preocupado ontem porque o Bahia tinha um dos ataques mais fracos do campeonato e o Flamengo é dado para ser "bondoso" nestas horas não se preocupou à toa. Com Gabriel Batista um goleiro em eterna formação, completamente inseguro e fraco tecnicamente no gol, Bahia chegou aos seus gols. E só não fez mais porque finalizaram pouco. Sorte nossa. Era jogo para ter placar de handebol, 9 a 9, 10 a 7. Tal a forma como a defesa do Bahia jogava aberta e lenta. A defesa do Flamengo estava OK até Isla sair e entrar Thuler de lateral-direito no lugar, que tal como Gabriel, errou tudo. E no Flamengo há este tipo de maldição. Zagueiro não pode substituir lateral senão já toma porrada para aprender. Segundo caso já. Melhor era tirar Isla, repor Renê na lateral direita e em seu lugar entrar Felipe Luís, que estava no banco. Mas Dome quis testar. Direito dele. Ao menos deve ter chegado a uma conclusão sobre isto.
Flamengo no ataque estava muito bem. Everton Ribeiro jogando na direita e entrando em diagonal para o centro. Pedro Rocha alargando o campo e sendo arisco, e o Pedro centroavante nato, sendo a referência na frente. Logo fez seu gol, numa falha do goleiro deles. E depois fez outro. Flamengo jogava fácil, passes eram feitos de forma mais precisa que outros vezes. O jogo posicional do Dome finalmente parece estar sendo mais compreendido pelos jogadores, além da preparação física ter melhorado substancialmente. Thiago Maia muito bem, e Arão também. Enfim, Flamengo jogava bem. Mas Rodriguinho do Bahia fez o primeiro gol do Bahia em linda finalização de fora da área. Não dava para nenhum goleiro pegar. Mas ao mesmo tempo sinalizava como seria a noite. Bahia não marcava gol em ninguém mas contra o Flamengo uma finalização aleatória saía poderosa e precisa. Preocupante. Enfim Arrascaeta fez o terceiro em linda troca de passes. Do tipo que Dome colocará em seu DVD. Tão bonita que vale a pena você procurar o lance na internet, rever e emoldurar. Flamengo 3 a 1. Estamos mais tranquilos, certo? Não. Gabriel dá seu cartão de visita. Em mode goleiro-fraco-de-pelada-que-leva-esporro-geral, em bola lançada que ia para fora, ele rebate inacreditavelmente para dentro do campo exatamente onde tinha adversário ao invés de fazer a regra numero 1, "em dúvida coloque para fora". E com o atacante do Babia com a bola no bico da pequena área, ele simplesmente se posiciona para fora do gol, dando todo o canto, tipo "chuta aqui que quero ir logo para linha". Incrível. Gol fácil, literalmente sem goleiro. Uma falha, desculpem aos defensores da eterna santidade da base, completamente imperdoável. Enfim, Flamengo 3 x 2. Um jogo fácil, tornado complicado.
No segundo tempo, Flamengo decidiu se defender melhor. Afinal, sabia o que tinha no gol. Bahia não conseguiu jogar tanto em nosso campo de defesa. Everton Ribeiro fez um golaço de cobertura e depois Arrascaeta em uma finalização precisa depois de mais uma linha de passes brilhante no ataque. Não sei, mas quero ficar acostumado com isto. É o Flamengo DOMEnado. Aí saiu o Isla, entrou Thuler. Bahia começou a gostar mais do jogo e marca seu gol após Thuler dividir todo errado com um adversário pelo alto e a bola sobrar pro atacante do Bahia finalizar com rara precisão. Parecia o jogo do Atlético GO. Claro que isto eles não repetem mais com ninguém. Depois em outra jogada Gabriel sai do gol, divide, tira a bola do atacante e ao invés de dar chutão tenta sair jogando. Meu Deus. Claro que perde a bola, e o gol fica livre novamente. Parece que é sua especialidade. Felizmente desta vez chutaram para fora.
Um time vencedor começa com um bom goleiro. Deveríamos ter aprendido isto com Muralha. Mas não. Começamos o jogo com nosso terceiro goleiro, que fraco na base, sequer deveria estar no elenco profissional. Era para ter sido emprestado, doado, não sei. Mas com a contusão do Diego Alves, César corongado, sobrou para ele, e não o Neneca, o quarto goleiro, que na hierarquia esquisita que goleiros tem no Flamengo, ainda que seja melhor não pode "entrar na frente", por ser mais jovem.
Enfim, com um time bom e um goleiro fraquíssimo Flamengo entrou em campo. E o resultado, afinal, foi de acordo com isto. Muitos gols feitos e muitos gols tomados. Ontem marcamos mais do que sofremos. Amanhã não sei. Com este goleiro na linha, nossa produção de gols tem que ser sempre mais alta. Mas desta vez fizemos mais gols que o usual em termos de chances produzidas e aproveitadas. Acho que os jogadores tinham ciência que deveriam ser bem mais efetivos ontem que o normal para garantir 3 pontos.
Flamengo vai entrando no ritmo do Dome, cujo posicional garante, certamente, uma linha de passes mais precisa, pois jogadores sabem onde encontrar melhor um a outro. Uma nova era se aproxima. Certamente em alguns aspectos será superior ou inferior que a era Jesus. Mas na vida a única coisa permanente é a mudança.