Salve, Buteco! Vamos chegando e puxando uma cadeira para o nosso tradicional dedo de prosa do início da semana. A Nação Rubro-Negra está em compasso de espera, enquanto a dupla Braz e Spindel viaja pela Europa entrevistando candidatos à sucessão do fujão Jorge Jesus. Já o Mais Querido do Brasil, bicampeão carioca fazendo história ao criar um protocolo seguro que está sendo adotado como padrão na América do Sul para o retorno do futebol, descansa assistindo aos seus futuros adversários do Campeonato Brasileiro disputarem a reta final de seus respectivos estaduais. Enquanto escrevia essas mal-traçadas linhas, fiquei de olho no jogo do nosso rival da estreia no Campeonato Brasileiro. Prestei mais atenção no primeiro tempo e vi os primeiros sinais do time do argentino Jorge Sampaoli começando a se formar no Atlético/MG, que ontem enfrentou o América Mineiro: estavam lá a equipe bem postada, executando a típica marcação adiantada visando antecipar-se ao adversário em sua saída de bola, bem como os três atacantes tentando dar amplitude e abrir a defesa adversária. Chamou logo a atenção o arisco atacante Jefferson Savarino, venezuelano de 23 anos revelado pelo Zúlia e que jogou por três anos no Real Salt Lake dos Estados Unidos. O jovem certamente dará trabalho aos nossos laterais no Maracanã.
O Galo, porém, que ainda não se classificou para as finais do Mineiro, está claramente em processo de em formação, o que permitiu ao Coelho crescer na partida no segundo tempo, especialmente após as substituições, e, além de chegar naturalmente ao empate, ainda pressionar "seriamente" pela virada. Tem tempo para o Galo melhorar, mas não há motivo para desespero no Ninho do Urubu.
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Falando sobre a pandemia, um dos seus conhecidos efeitos indiretos é aumentar o grau de ansiedade nas pessoas, o que antes já era um crônico problema de saúde pública. Dependendo do grau de ansiedade, a capacidade de discernimento acaba comprometida. Por exemplo, só isso explica jornalistas esportivos, supostamente especializados em futebol, sugerirem uma comissão de jogadores ou o Bernardinho (aquele, do voleibol) como treinadores do time profissional de futebol do Flamengo. Não sei o que é pior: se as sugestões foram sinceras ou se ambos fracassaram também na utilização da ironia, essa conhecida figura de linguagem. Em qualquer das hipóteses, e não me perguntem qual é a pior, acho que ambos os eventos deveriam ser tratados como casos de saúde.
Todavia, felizmente o jornalismo esportivo ainda respira, mesmo que por aparelhos. Voltando ao tema do protocolo para retorno do futebol protegendo os profissionais da COVID-19, ontem o sóbrio e competente jornalista Rodrigo Mattos (_@rodrigomattos_) escreveu, em uma thread postada em seu perfil do Twitter, que há duas perguntas a serem feitas a respeito do tema: "1) é possível formar bolha no futebol? 2) devemos ter futebol com tragédia no país? A resposta à primeira pergunta é que, sim, o carioca mostrou que é possível fazer uma bolha com testagem todo jogo. Número de infectados nos times do Rio caiu durante o carioca. A segunda resposta é mais complexa e cada um vai ter uma resposta. Para mim, o futebol está mais triste, sem público e com tantas mortes fora, mas não é justo matar um indústria importante se é possível que esta funcione de forma segura. A sobrevivência dos clubes é relevante."
Bem-aventurados aqueles que não são negacionistas, tanto da pandemia, como dos problemas sociais decorrentes de uma economia paralisada.
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Além da criteriosa busca pelo novo treinador, espero que o Flamengo contrate um lateral direito para a reserva do Rafinha. É, a rigor, a única posição em que o elenco não tem alternativa para jogos mais pesados.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.