Olá Buteco, bom dia!
29 de Novembro de 1981. O Flamengo entra em campo com sua mítica escalação: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. O adversário ainda não é o Liverpool, mas sim o velho rival Vasco da Gama, na decisão do campeonato carioca. O Flamengo, campeão de dois turnos (havia três) e maior pontuador geral, entra com uma vantagem praticamente impossível de ser revertida: basta um empate em dois jogos para levar o caneco. Ao Vasco, não há outra opção que não duas vitórias, que então permitiriam um terceiro jogo em igualdade de condições.
Jornal O Globo, edição de 29/11/1981. |
E, por incrível que pareça, o Vasco vence não apenas esta partida como também a segunda partida da decisão, levando o confronto para uma memorável terceira – e última – partida...
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Desde a última quarta-feira, quando perdemos a final da Taça Rio nos pênaltis, tenho comparado essa série de partidas contra o Fluminense com a decisão do Campeonato Carioca de 1981, relatada acima. Em comum, os mais espetaculares times de futebol do Flamengo, repleto de craques, com conquistas expressivas e um adversário local em expressiva desvantagem, mas muito disposto a destronar-nos.
Em 81, o Flamengo entrava em campo para a primeira partida da decisão abalado pela morte de seu lendário treinador Cláudio Coutinho, o homem que montara a máquina. Na segunda partida, um temporal encharca o gramado do Maracanã e os relatos da época indicam um jogo mais parecido com pólo-aquático do que com futebol.
Gostaria de saber dos que viveram aquela época qual era a sensação para o jogo derradeiro: havia também uma série de especulações sobre o desempenho do time ou as derrotas anteriores foram simplesmente apagadas? E a confiança para o Mundial, que seria disputado uma semana após a final do estadual?
Pergunto porque hoje o noticiário é brutalmente pautado em especulações sobre o desempenho do time, a possibilidade de saída eminente do técnico Jorge Jesus, os perfis de novas opções para o comando técnico do time e já se fala até mesmo que “jogando assim, o Flamengo não ganhará o Campeonato Brasileiro”. Sem falar nas discussões sobre os direitos de transmissão e o quanto o clube poderá arrecadar com a parceria pontual com o SBT. As análises acerca da decisão, propriamente dita, têm girado à margem dessas discussões mais especulativas. Sinal dos tempos?
Enfim, pretendo trazer a discussão hoje para a dobradinha campo-bola. O Flamengo tem a vantagem do empate contra um Fluminense que se imaginava morto, mas que chega muito vivo à derradeira partida. Ainda, não teremos nosso artilheiro Gabigol – embora Pedro esteja jogando muito bem – e é provável que não tenhamos Rafinha. Mais uma coincidência com a final de 81, na qual não tivemos Tita, suspenso, nem Lico, contundido.
Imagino que o grande diferencial para este jogo seja o retorno de Bruno Henrique. Com ele em campo, ganhamos múltiplas opções para as jogadas de ataque: velocidade na puxada dos contrataques, infiltrações e jogadas áreas nas faltas e escanteios. Além disso, a atenção que os defensores do Fluminense precisarão ter com ele pode abrir espaços para Everton Ribeiro e, especialmente, Arrascaeta. Este só precisa de um lance – vejam como acelera muito bem a jogada do primeiro gol no domingo – para se mostrar decisivo.
O jogo será duro, mas sairemos vencedores, tais como em 1981.
Jornal O Globo, edição de 07/12/1981. Em seis dias, esse time seria também Campeão do Mundo. |
Saudações RubroNegras!!!