Salve, Buteco! Desde que a política de distanciamento (em alguns casos, isolamento) social foi implementada, passaram a ser muito comuns incursões no passado recente ou mesmo distante do futebol, por meio de listas de jogos mais importantes (em várias categorias), históricos de títulos importantes e maiores ídolos da equipe. Ainda não vi abordarem um tema também muito interessante, que é o do ranking dos clubes brasileiros. A CBF tem seu ranking próprio de clubes, utilizado para definir as vagas da Copa do Brasil. Desde 2012, abandonou o critério histórico e passou a adotar o critério do desempenho nos últimos 5 (cinco) anos, o que até faz sentido se levarmos em conta a sua finalidade (classificação para a Copa do Brasil). Porém, nem sempre foi assim e não é esse tipo de critério que os torcedores levam em conta nos intermináveis debates sobre qual clube é maior ou tem mais tradição ou melhor desempenho no futebol brasileiro.
Até 2002, a CBF adotava o ranking de pontos, que simplesmente somava os pontos somados pelos clubes nas diversas edições do campeonato brasileiro, assim consideradas as competições com esse nome batizadas desde 1971. Diante de sua evidente inadequação (pois desprezava nada menos do que os títulos), a partir de 2003 o critério mudou e passou a ser o histórico em competições organizadas pela própria CBF, o qual, contudo, também era evidentemente ilógico e provocava severas e justas críticas. Como na CBF não é possível confiar (o que, aliás, não causa surpresa alguma), desde sempre pipocam matérias e posts na Internet elaborando os mais diversos sistemas para tentar enfrentar o instigante assunto.
Costumamos criticar (e com razão!) a imprensa paulista, porém veio da Folha de S. Paulo o melhor ranking entre todos os que vi até agora. O jornal paulistano, adotando o critério histórico, toca na ferida e com coragem enfrenta os inevitáveis problemas existentes nesse tipo de debate, estabelecendo pontuação para títulos e vice-campeonatos conquistados em várias categorias de torneios disputados pelos clubes brasileiro nos cenários local (estaduais), nacional e internacional. A última edição, publicada em 29 de dezembro de 2019, teve o seguinte resultado (top 20):
1) Flamengo (1081 pontos); 2) São Paulo (953 pontos); 3) Corinthians (927 pontos); 4) Palmeiras (925 pontos); 5) Santos (883 pontos); 6) Cruzeiro (844 pontos); 7) Grêmio (764 pontos); 8) Vasco
da Gama (757 pontos); 9) Internacional (747 pontos); 10) Fluminense (663 pontos); 11) Atlético/MG (633 pontos); 12) Botafogo (522 pontos); 13) Bahia (425 pontos); 14) Sport Recife (378 pontos); 15) Ceará (343 pontos); 16) Fortaleza (338 pontos); 17) Coritiba (320 pontos); 18) Paysandu (313 pontos); 19) Athletico/PR (296 pontos); 20) Vitória (292 pontos).
A maior dificuldade de se estabelecer um critério justo me parece estar nas diferenças de contextos entre os campeonatos estaduais e na paulatina diminuição de importância após a oficialização do Campeonato Brasileiro e, posteriormente, da Copa do Brasil. Todavia, com a exceção do pífio desempenho do Athletico/PR, cujos motivos não me darei o trabalho de identificar, nota-se que, desprezando os estaduais (e regionais como o Rio-São Paulo), a quantidade de títulos conquistados em competições organizadas por CBD/CBF, CSF/CONMEBOL (única exceção sendo o Sul-Americano de 1948) e FIFA praticamente mantém a posição de cada clube no Ranking da Folha:
1) Flamengo e São
Paulo (18 títulos); 3) Santos e Cruzeiro (17 títulos); 5) Palmeiras (16 títulos); 6) Corinthians (15 títulos); 7) Grêmio (14 títulos); 8) Internacional (11 títulos); 9) Vasco da Gama (9 títulos); 10) Atlético/MG (8 títulos); 11) Fluminense (5 títulos); 12) Botafogo e Athletico/PR (3 títulos), e 13) Bahia (2 títulos).
Perguntar é inevitável: quantos clubes grandes existem no Brasil?
Independentemente da resposta, esses números me fazem pensar na importância do Flamengo manter o desempenho igual ou próximo do obtido na temporada de 2019 em 2020 (se houver futebol) e nos próximos anos. A consolidação, de maneira indiscutível, do clube como o maior do Brasil talvez esteja menos distante do que imaginamos, muito embora o que falte pareça corresponder a um desempenho que historicamente não é comum no cenário do futebol brasileiro.
Apesar dos evidentes avanços do clube na parte administrativo/financeira e em gestão de futebol (Centro de Treinamentos, CIM e Departamento Médico), o sucesso atual tem grande relação com o altíssimo nível do treinador Jorge Jesus e da atual comissão técnica. É difícil imaginar sua substituição sem que haja uma sensível diminuição na qualidade do futebol apresentado pelo Flamengo em relação aos adversários. Não se trata, percebam, de temer que o clube não esteja sempre entre os mais competitivos no cenário brasileiro e interamericano, algo para mim impensável, mas da chance única e histórica atingir a supremacia e consolidá-la em um curto espaço de tempo.
As notícias dos últimos dias dão conta que o "Dia do Fico" está próximo. Será o primeiro passo para a concretização desse antigo sonho da supremacia.
Enquanto o fico não vem e o futebol não volta, você fica com o nosso Rafinha, de manto novo, tocando cavaquinho e homenageando com muita justiça os profissionais da saúde, heróis do dia-a-dia nesse difícil e dramático cenário de pandemia:
Bom dia e SRN a tod@s.