segunda-feira, 20 de abril de 2020

Minhas Goleadas Favoritas

Salve, Buteco! Nesses tempos difíceis, de grande indefinição e sem futebol, seguimos com as memórias de grandes momentos que o Mais Querido do Brasil proporcionou a seus torcedores. Hoje vou compartilhar com vocês as minhas lembranças das cinco goleadas que mais me marcaram até hoje, sendo, por isso, as minhas favoritas. É bom deixar claro que a lista é absolutamente despretensiosa, ou seja, não tem o objetivo de ranquear grandes goleadas em nível de importância para o clube, sendo apenas as que significaram mais pra mim. Prova disso está no que antecedeu a primeira delas, os 6x2 sobre o Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 1980. A história dessa goleada, ocorrida aos 13 de abril de 1980, para mim nasceu cinco meses antes, no dia 9 de dezembro de 1979, quando o fantástico Flamengo da dupla Zico e Cláudio Adão foi goleado pelo mesmo adversário em pleno Maracanã, sendo eliminado de um Campeonato Brasileiro do qual tinha tudo para conquistar, passando antes pelo Internacional de Paulo Roberto Falcão, que acabou levantando a taça, eliminando nas semifinais o próprio Palmeiras, na época dirigido por Telê Santana.

As escalações do treinador Cláudio Coutinho nos jogos das rodadas anteriores do Grupo B da Terceira Fase mostram que, fora de casa ou contra adversários mais fortes, o time entrava em campo com Andrade como primeiro volante e Carpegiani como segundo homem do meio. Nos jogos contra adversários menos poderosos, recuava Carpegiani e jogava com uma formação mais ofensiva. Contudo, o Flamengo precisava da vitória para chegar às semifinais e por isso Coutinho mandou a campo a formação mais ofensiva. Para piorar, a zaga teve o desfalque de Rondinelli e foi formada por Dequinha e Manguito. O resultado foi trágico e você confere nesse compacto do jogo. Destaque para o grande mico do Beijoca, expulso após uma covarde cotovelada sobre o ponta esquerda Baroninho, que em 1981 viria para o Flamengo participar ativamente das campanhas do título estadual e da Libertadores, além de fazer parte do elenco campeão mundial.

Nem preciso dizer o quanto foi traumático, certo? Pois bem, mal se passaram cinco meses e lá estava novamente no caminho do Flamengo o Palmeiras, dessa vez pelo Grupo F da Segunda Fase do Campeonato Brasileiro de 1980. O time paulista vinha dirigido pelo experiente e vitorioso Osvaldo Brandão, o qual sucedeu Telê Santana, que, por sua vez, partira para dirigir a Seleção Brasileira, iniciando uma trajetória que todos bem conhecemos. O currículo de Brandão, então veterano, falava por si só: incluía vários títulos paulistas e do Torneio Rio-São Paulo, além de dois campeonatos brasileiros e um argentino, pelo Independiente, e o título do Torneio Bicentenário dos Estados Unidos, pela Seleção Brasileira, em 1976.

Já ouviram a expressão imagens que valem mais do que mil palavras? Pois bem, assistam ao compacto abaixo para entender o seu real significado.

1) 13 de maio de 1980, Flamengo 6x2 Palmeiras. Campeonato Brasileiro.


2) 13 de dezembro de 1980, Flamengo 3x0 Liverpool. Copa Intercontinental (Mundial de Clubes)

Essa dispensa apresentações, certo? Que chocolate, amigos! Acredito que todos já conheçam suficientemente bem várias histórias de bastidores sobre essa partida, tais como os ingleses debochando da roda de reza dos rubro-negros. Então, não choverei no molhado. Gostaria apenas de saber se alguém já viu um jogador agradecer tranquilamente a um passe, tal como fez o Adílio aos 1:01:30 do vídeo abaixo, ainda mais em uma final de mundial. Pergunto com o coração aberto, pois realmente gostaria de saber se alguém já viu algo parecido. Galvão Bueno não me deixa mentir com a sua narração.


3) 27 de outubro de 2000, Flamengo 4x0 Vasco da Gama. Campeonato Brasileiro.

Apesar do título estadual e a Mercosul, conquistadas em 1999, e do título estadual em 2000, o final do Século XX não foi fácil para o Mais Querido do Brasil. O rival Vasco da Gama vinha de uma conquista de um Brasileiro em 1997 e de uma Libertadores em 1998, e, como se não bastasse, fora de campo era mais forte politicamente e melhor organizado, inclusive financeiramente. O Flamengo vivia (e sofria) com a gestão de Edmundo Santos Silva, que dispensa maiores comentários. Pouco mais de um mês depois dessa partida, o Vasco da Gama conquistaria o seu quarto (e último, rs) título brasileiro. A acachapante goleada de 4x0, carimbando a faixa do rival, ao lado do título estadual, foi uma redentora resposta aos 1x5 do domingo de Páscoa, além de uma compensação para o meu sofrido coração de torcedor naquele difícil período.


4) 23 de outubro de 2013, Flamengo 4x0 Botafogo. Copa do Brasil, quartas-de-final

"Gustavo, por que não os 6x0 em 1981?". É justo perguntar. Respondo: porque aqueles 6x0 foram da geração do meu pai. Não vou mentir. Tinha apenas 11 anos de idade, assisti à goleada ao lado dele, mas, com toda a sinceridade, só fui entender mesmo o significado daquela retribuição anos depois, mais maduro. O Botafogo não me impressionava, entendem? Foi depois do título roubado de 1989, com o gol ilícito do Maurício empurrando o Leonardo, que comecei a sentir a rivalidade da qual tanto falavam. Antes era algo que eu simplesmente não alcançava, ao contrário do que ocorria com os dois outros rivais cariocas. Pois bem, depois disso, dois jogos desse clássico foram, para mim, absolutamente redentores: primeiro, os 3x0 da final de 1992 e, depois, esses 4x0, pelas quartas-de final da Copa do Brasil de 2013.

"Por que, então, esses 4x0 e não o primeiro jogo do título de 1992?" Bem, é puramente subjetivo, como alertei no início do post, mas penso que, se em 1992 o Botafogo tinha mais cartaz, por ser um time mais caro, montado pelo dinheiro da contravenção, não tinha o melhor time, como depois o sucesso de muitos jovens daquela geração veio a provar, mostrando que o time rubro-negro não era tão limitado como parecia à época. Diferentemente de 1992, em 2013, se compararmos os dois times, é inevitável concluir que o Botafogo de Clarence Seedorf, craque de bola e estrela internacional, sobrava no papel e, até então, também na prática, como indicavam as contundentes derrotas por 0x2 na final da Taça Guanabara e por 1x2 pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro, esta última apenas dez dias antes. E como se não bastasse, o Mais Querido havia perdido o badalado treinador Mano Menezes pouco mais de um mês antes e tinha um ataque formado por Paulinho, ex-jogador do XV de Novembro de Piracicaba, e Hernane Brocador, estrela do Paulistão/2012 pelo Mogi Mirim. Fala sério, né?

Em resumo, esses 4x0 foram uma surra de peso de camisa, de uma torcida sobre a outra, de um clube maior sobre o outro. Da mística rubro-negra sobre a supersticiosa pretensão canina.


5) 23 de outubro de 2019, Flamengo 5x0 Grêmio. Libertadores da América, semifinal.

Last, but not least, e provando que outubro é um mês de energias favoráveis a goleadas rubro-negras, sendo o dia 23 particularmente propício para serem aplicadas, escolhi os 5x0 sobre o Grêmio pela semifinal da Copa Libertadores da América de 2019. Acredito que quem me dá a honra de acompanhar os meus textos neste espaço já entendeu o que a rivalidade contra o Grêmio significa para mim, certo? A história desse sentimento começa nos 2x5 de 1978, passa pelo nosso título brasileiro de 1982, pela saída de Zico para a Itália e o folclore de que o melhor Grêmio da história (1983 e 1984) venceu o melhor Flamengo de todos os tempos, nas eliminações das Libertadores de 1983 e 1984, e, ainda, pela derrota na final da Copa do Brasil em 1997. Escrevi quatro posts (links: 12, 3 e 4) sobre o assunto e, quem quiser revivê-los, sinta-se a vontade. 

Os 5x0, aplicados em uma semifinal de Libertadores, 38 anos depois da última e do verdadeiro assalto ocorrido na Arena do Grêmio, uma semana antes, praticamente impossibilitam para mim traduzir o que esse jogo representou e ainda representa. Não apenas pela inesquecível final em Lima, Jorge Jesus e os nossos bravos atletas ficarão para sempre em minha memória por esse jogo, que vocês podem acompanhar nas narrações dos rubro-negros Galvão Bueno e João Guilherme.



E vocês? Quais foram as goleadas do Mais Querido do Brasil mais marcaram?

Bom dia e SRN a tod@s.