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Salve, Buteco! 2020 chega abrindo mais uma década¹ e trazendo a esperança da Nação Rubro-Negra de que tenhamos mais um Ano Mágico. Em seu caminho para repetir as glórias e, quem sabe, conquistar outras, o Mais Querido do Universo terá novamente um complexo e pesado calendário, no qual estão espalhadas as principais competições que disputará. Mas quais seriam essas principais competições? Ora, aos meus olhos, não existe espaço para discussão: Campeonato Brasileiro e Copa Libertadores da América. Ponto. O que vier a mais a gente traça, sem problemas. E se der pra conquistar também o Mundial, melhor ainda, concordam? Pois bem. Resolvi fazer uma compilação dos desafios que desde logo vejo que o Mais Querido precisará superar para atingir esses objetivos. Vamos a eles.
1) Permanência de Jorge Jesus: Mister confirmou que cumprirá o contrato. Ocorre que o contrato termina em maio. Mister é o ponto central desse novo Flamengo (dentro das quatro linhas). Mister reúne excelência em conhecimento teórico e aplicação tática; respeito pelo clube e sintonia com a torcida, e, como se não bastasse, uma fortíssima liderança que equilibra os momentos de cobrança e serenidade, inclusive no trato com a imprensa. Um treinador mediano ou apenas "bom" não teria feito o conjunto e as peças (individualmente) renderem tanto. A transformação do Ano Mágico em Era Mágica depende de sua permanência. Sua substituição, quando ocorrer (espero que daqui a longos anos), será um dos maiores desafios da história do clube, tanto que Marcos Braz chegou a utilizar o termo "fantasma" para se referir a essa possibilidade.
Saindo Jesus depois de maio, o Flamengo, para se manter em "outro patamar", não poderá falhar na execução do "Plano B".
Saindo Jesus depois de maio, o Flamengo, para se manter em "outro patamar", não poderá falhar na execução do "Plano B".
2) Fortalecimento do elenco: 2020 começou bem nesse ponto, com as confirmações de Gustavo Henrique e Pedro Rocha. As notícias sinalizam a renovação e extensão do contrato do Bruno Henrique (excelente!) e as contratações de mais um atacante de lado (Michael) e de um meia/volante (Thiago Maia), além de um lateral direito (Orejuela). A iminente negociação de Reinier e a indefinição da negociação do Gabigol sugerem que o clube terá bastante dinheiro para investir em reforços. O primeiro e mais óbvio desafio será aplicar bem esses recursos, o que dependerá não apenas de quanto efetivamente estará disponível, como, também, da saída de Gabigol, ao que parece, o único titular com reais chances de sair nesse início de ano.
Em 2019, Mister idealizou no time titular um nome forte para atuar como centroavante de referência, aquele tipo clássico que joga dentro da área adversária. O desfecho negativo da negociação com o italiano Mauro Balotelli obrigou nosso treinador a trabalhar com o que tinha e, vejam só, tudo se encaixou da maneira mais maravilhosa possível. Portanto, por mais que se trabalhe em cima de critérios, haverá sempre uma tensão entre o planejamento teórico e sua execução, limitada pela realidade concreta dos fatos. O que me deixa mais confiante é a capacidade do nosso treinador (de ponta) de fazer o elenco e a estrutura do clube renderem o máximo possível e em sintonia. Enfim, se a saída de Gabigol se confirmar, sua reposição exigirá um nome forte e maior investimento, o que acredito que ocorrerá com esse centroavante de referência, objeto de desejo do Mister. Minha dúvida será em qual janela farão esse grande investimento.
Quanto ao restante do time e do elenco, se as especulações mais fortes e mais concretas (que citei) se confirmarem, gostaria que chegasse um meia que possa se alternar com Everton Ribeiro e De Arrascaeta nas funções ofensivas, o que, porém, acredito que dependeria do esquema se manter com dois meias mais ofensivos. Chegando mesmo mais um volante/meia, minha dúvida passará a ser a posição em que Diego Ribas será utilizado. Se como meia mais ofensivo, ao meu ver a maior possibilidade, não acredito que esse meia virá. Contudo, se viesse, o ideal é que, além da qualidade técnica, agregasse o que fisicamente os outros três (De Arrascaeta, Diego Ribas e Everton Ribeiro) não entregam. Pensando em um parâmetro, seria alguém do perfil do Renato Augusto (caro e de idade avançada, inviável), porém mais jovem, uma espécie de "Gérson mais ofensivo".
Muitos torcedores pedem, ao meu ver com razão, a contratação de um goleiro reserva, diante das oscilações do César. Até agora, porém, não ouvi nem mesmo a menor fofoca de que isso poderia acontecer.
3) Calendário e Copa América: conforme prometido pela CBF, de fato a partir de 2020 não haverá rodada do Campeonato Brasileiro nas chamadas "Datas FIFA". Ocorre que não conseguiram remover um grande problema específico de 2020: para fins de ajuste de calendário com o novo formato do Mundial de Clubes/FIFA, a CONMEBOL resolveu promover duas edições seguidas da Copa América. Como o calendário brasileiro ainda não resolveu o problema da enorme e estapafúrdia extensão dos Estaduais, o resultado é o Campeonato Brasileiro se iniciando apenas em maio e não se interrompendo durante a Copa América/2020 (Datas FIFA), programada para 12 de junho a 12 de julho.
De acordo com o Calendário Oficial da CBF², constata-se que, de fato, após cinco datas em maio, o campeonato será suspenso no início de junho para as Datas FIFA (amistosos), sendo retomado na 6ª Rodada, precisamente no dia 10. Ocorre que, dois dias depois, será iniciada a Copa América, durante a qual o campeonato seguirá normalmente por nada menos do que dez rodadas (!). Portanto, não é difícil concluir que os jogadores convocados para as Datas FIFA não retornarão até o final da Copa América, quando então restarão cinco rodadas para o término do primeiro turno da competição.
Não tendo outra alternativa senão enfrentar a complexidade específica do calendário de 2020, o Mais Querido parece estar se planejamento muito bem e montando um elenco que não inviabilize a disputa do título durante a Copa América, já que seu elenco possui muitos selecionáveis, inclusive estrangeiros (e não será surpresa se vierem outros).
4) Janelas de Transferências Internacionais: há evidente correlação com os três itens anteriores.
As janelas de transferência internacional brasileiras estão programadas para 10/01 a 2/4 e de 1º a 31/7, segundo a FIFA. A CBF continua com a prática de deixar o período mais longo da janela brasileira para o início do ano e o mais curto para o meio, fazendo o inverso do que os europeus e, com isso, deixando o maior período praticamente sem a menor utilidade. É claro que, se confrontada, a CBF argumentará que segue a lógica do nosso calendário, o qual, como todo mundo sabe, é inverso ao europeu: lá as temporadas terminam e se iniciam no meio do ano, enquanto cá terminam em dezembro e se iniciam em janeiro. Contudo, o efeito prático disso todos nós também conhecemos: enquanto a segunda janela brasileira se fechará no final de julho, as primeiras janelas europeias, as principais, só se fecharão no início de setembro (02/9), deixando os clubes brasileiros totalmente desprotegidos e à mercê do poder econômico europeu em pleno segundo turno do Campeonato Brasileiro.
Para o Flamengo, essa confusão toda significa o seguinte: diferentemente de 2018 e de 2019, em 2020 encarará a segunda janela de transferências internacionais brasileira com o Campeonato Brasileiro e a Copa América (Data FIFA) em pleno curso, e, ainda por cima, como nos anos anteriores, enfrentará a segunda janela europeia por mais de um mês (33 dias) após o fechamento da brasileira. Tudo isso com o contrato do Mister terminando em maio...
Haja gelo no sangue...
Por outro lado, acaso sobreviva a tudo isso no Brasileiro e na Libertadores e ainda conte com o Mister à frente do elenco, a tendência é que, de setembro para frente, o Flamengo seja o mais forte candidato a ambos os títulos.
Por outro lado, acaso sobreviva a tudo isso no Brasileiro e na Libertadores e ainda conte com o Mister à frente do elenco, a tendência é que, de setembro para frente, o Flamengo seja o mais forte candidato a ambos os títulos.
5) Programa Sócio-Torcedor, Preços de Ingressos e Torcida no Maracanã: a ascensão ao poder do núcleo do grupo que idealizou a transformação do Flamengo a partir de 2013 traz como efeito prático evidente e incontestável o crescimento do clube externamente. Não há prova maior da desenvoltura do que a obtenção da concessão do Maracanã e a possibilidade de que venha a ser renovada por longo prazo.
Dito isso, que essa Diretoria não se engane nem cometa um enorme equívoco: 2019, o Ano Mágico, comprovou definitivamente que o Flamengo somente é autêntico e alcança todo o seu potencial quando caminha junto com a torcida.
Não existe Flamengo vencedor sem Maracanã cheio.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.
¹ O New York Times não me deixa mentir
² Basta clicar nos formatos anual ou mensal (selecionar o período)
