Salve, Buteco! A esta altura, em temporadas anteriores, com o encerramento do Campeonato Brasileiro, o Flamengo iniciava o seu período de férias e começava a executar o planejamento do ano seguinte. Com a conquista da Libertadores/2019, passou a ter o melhor dos problemas, que todo clube sul-americano deseja enfrentar: jogar o Mundial de Clubes da FIFA e adiar por quase um mês o início da nova temporada. Por mais que a Diretoria esteja mapeando o mercado e planejando 2020, as atenções da Comissão Técnica se voltam para o Mundial, e, de imediato, para os dois possíveis adversários do Mais Querido na semifinal: Al-Hilal (Arábia Saudita) ou Espérance Sportive de Tunis (Tunísia), que se enfrentarão pelas quartas-de-final da competição. O Al-Hilal é considerado favorito para o confronto, o que não surpreende, eis que claramente possui maior capacidade de investimento, refletida em um elenco com vários jogadores estrangeiros de outros continentes, inclusive a Europa, ao passo que o Espérance possui apenas jogadores do continente africano, em sua maioria da própria Tunísia.
O Al-Hilal tem ainda a peculiaridade de ter sido o último clube treinado pelo Mister Jorge Jesus antes de assinar com o Flamengo. Com suas "marra" e autoconfiança características, o Mister não vem poupando elogios ao Al-Hilal, inclusive, em suas próprias palavras, por tê-lo montado. Porém, da mesma forma que o Flamengo deve respeitar o próximo adversário, não haverá surpresa se o Al Hilal encontrar dificuldades contra o campeão africano. Independentemente de quem vença, a verdade é que os tempos em que clubes africanos e asiáticos, ao enfrentarem os sul-americanos, apenas esperavam por placares elásticos há muito se foram, ao menos no Mundial da FIFA. No Século XXI e no Mundial de Clubes da FIFA, principalmente para os sul-americanos, mas às vezes até mesmo para os europeus, a facilidade não vem sendo regra. Muito pelo contrário, os placares costumam ser apertados e, com uma frequência surpreendente, alguns clubes sul-americanos e mexicanos foram superados pelas "zebras" africanas ou asiáticas.
Como bem sabemos, se a seleção do México talvez não esteja nem mesmo no segundo escalão mundial, a rica e bem estruturada liga mexicana é, com a mais absoluta certeza, a terceira mais forte das três Américas, logo atrás da brasileira e da argentina. Tanto é verdade, que os clubes mexicanos, quando disputavam a Libertadores, sempre foram adversários muito competitivos para clubes brasileiros, argentinos e sul-americanos em geral.
Para dar uma ideia aos amigos do Buteco de como o confronto entre africanos ou asiáticos e sul-americanos ou mexicanos não vem sendo fácil, selecionei alguns confrontos de edições anteriores:
2005
Al-Ittihad
(Arábia Saudita/AFC) 2x3 São Paulo (Brasil/CONMEBOL) semifinal
2006
Al-Ahly
(Egito/CAF) 1x2 Internacional (Brasil/CONMEBOL) semifinal
Al-Ahly
(Egito/CAF) 2x1 América (México/CONCACAF) 3º/4º
lugares
2007
Étoile
du Sahel (Tunísia/CAF) 1x0 Pachuca (México/CONCACAF)
quartas-de-final
Étoile
du Sahel (Tunísia/CAF) 0x1 Boca Juniors (Argentina/CONMEBOL)
semifinal
Urawa
Reds (Japão/AFC) 0x1 Milan (Itália/UEFA) semifinal
Urawa
Reds (Japão/AFC) 2x2 (4x2) Étoile du Sahel (Tunísia/CAF) 3º/4º
lugares
2008
Gamba
Osaka (Japão/AFC) 3x5 Manchester United (Inglaterra/UEFA) semifinal
Gamba
Osaka (Japão/AFC) 1x0 Pachuca (México/CONCACAF) 3º/4º
lugares
2009
Pohang
Steelers (Coreia do Sul/AFC) 1x2 Estudiantes La Plata
(Argentina/CONMEBOL) semifinal
Pohang
Steelers (Coreia do Sul/AFC) 1x1 (4x3) Atlante (México/CONCACAF)
3º/4º lugares
2010
Mazembe
(Congo/CAF) 1x0 Pachuca (México/CONCACAF) quartas-de-final
Mazembe
(Congo/CAF) 2x0 Internacional (Brasil/CONMEBOL) semifinal
Mazembe
(Congo/CAF) 0x3 Internazionale (Itália/UEFA) final
Internacional
(Brasil/CONMEBOL) 4x2 Seongnam (Coreia do Sul/AFC) 3º/4º
lugares
Al-Wahda
(Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 2x2 (2x4) Pachuca
(México/CONCACAF) 5º/6º lugares
2012
Al-Ahly
(Egito/CAF) 0x1 Corinthians (Brasil/CONMEBOL) semifinal
Al-Ahly
(Egito/CAF) 0x2 Monterrey (México/CONCACAF) 3º/4º lugares
2013
Raja
Casablanca (Marrocos/País-Sede) 3x1 Atlético/MG (Brasil/CONMEBOL)
semifinal
Raja
Casablanca (Marrocos/Pais-Sede) 0x2 Bayern Munique (Alemanha/UEFA)
final
Atlético/MG
(Brasil/CONMEBOL) 3x2 Guangzhou Evergrande (China/AFC) 3º/4º
lugares
2014
El
Sétif (Argélia/CAF) 0x1 Auckland City (Nova Zelândia/AFC)
quartas-de-final
San
Lorenzo de Almagro (Argentina/CONMEBOL) 2x1 Auckland City (Nova
Zelândia/AFC) semifinal
Auckland
City 1x1 (4x2) Cruz Azul (México/CONCACAF) 3º/4º
lugares
2015
América
(México/CONCACAF) 1x2 Guangzhou Evergrande (China/AFC)
quartas-de-final
Sanfrecce
Hiroshima (Japão/País-Sede) 0x1 River Plate (Argentina/CONMEBOL)
semifinal
2016
Jeonbuk Hyundai Motors (Coréia do Sul/ACF) 1x2 América (México/CONCACAF) quartas-de-final
Atlético Nacional (Colômbia/CONMEBOL) 0x3 Kashima Antlers (Japão/País-Sede) semifinal
América (México/CONCACAF) 0x2 Real Madrid (Espanha/UEFA) semifinal
Atlético Nacional (Colômbia/CONMEBOL) 2x2 (4x3) América (México/CONCACAF) 3º/4º lugares
Kashima Antlers (Japão/País-Sede) 2x4 Real Madrid (Espanha/UEFA) final
2016
Jeonbuk Hyundai Motors (Coréia do Sul/ACF) 1x2 América (México/CONCACAF) quartas-de-final
Atlético Nacional (Colômbia/CONMEBOL) 0x3 Kashima Antlers (Japão/País-Sede) semifinal
América (México/CONCACAF) 0x2 Real Madrid (Espanha/UEFA) semifinal
Atlético Nacional (Colômbia/CONMEBOL) 2x2 (4x3) América (México/CONCACAF) 3º/4º lugares
Kashima Antlers (Japão/País-Sede) 2x4 Real Madrid (Espanha/UEFA) final
2017
Al
Jazira (Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 1x0 Urawa Red Diamonds
(Japão/AFC) quartas-de-final
Pachuca
(México/CONCACAF) 1x0 Wyad Casablanca (Marrocos/CAF)
quartas-de-final
Al
Jazira (Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 0x1 Real Madrid
(Espanha/UEFA) semifinal
Grêmio
(Brasil/CONMEBOL) 1x0 Pachuca (México/CONCACAF) semifinal
Real
Madrid (Espanha/UEFA) 1x0 Grêmio (Brasil/CONMEBOL) final
Al
Jazira (Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 1x4 Pachuca
(México/CONCACAF) 3º/4º lugares
2018
Al-Ain
(Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 3x0 Espérance de Túnis
(Tunísia/CAF) quartas-de-final
Kashima Antlers (Japão/AFC) 3x2 Chivas Guadalajara (México/CONCACAF) quartas-de-final
Al-Ain (Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 2x2 (5x4) River Plate (Argentina/CONMEBOL) semifinal
Kashima
Antlers (Japão/AFC) 1x3 Real Madrid (Espanha/UEFA) semifinal
Al-Ain
(Emirados Árabes Unidos/País-Sede) 1x4 Real Madrid (Espanha/UEFA)
final
Kashima
Antlers (Japão/AFC) 0x4 River Plate (Argentina/CONMEBOL) 3º/4º
lugares
Espérance
de Túnis 1x1 Chivas Guadalajara (México/CONCACAF) (6x5) 5º/6º
lugares
“Não
tem mais bobo no futebol"
Será que os africanos e asiáticos ainda são zebras ou os sul-americanos e mexicanos têm apenas um ligeiro e relativo favoritismo?
O certo é que, contra os Europeus, a zebra africana ou asiática ainda não se consumou, o que dificilmente ocorrerá na edição de 2019, haja vista a força do melhor Liverpool da história, comandado pelo melhor treinador do mundo no momento. O Monterrey, porém, terá pela frente o vencedor do confronto entre Al-Sadd (Qatar, país-sede) e Hienghène Sport (Nova Caledônia), e considerando o desempenho passado de alguns anfitriões e de alguns de seus clubes coirmãos mexicanos, convém que não se descuide.
O Flamengo campeão brasileiro e sul-americano está no auge e passa muita confiança para torcida. A maturidade e o profissionalismo que hoje existem no Departamento de Futebol autorizam a torcida a confiar não apenas que o adversário não será menosprezado, como também que será (se é que já não está sendo) minuciosamente estudado pela espetacular Comissão Técnica do Mister Jorge Jesus.
Al-Hilal e Espérance se enfrentarão no próximo sábado, 14 de dezembro, as 17:00h, horário local (11:00h de Brasília).
Até lá, a Nação Rubro-Negra acompanhará a preparação no Ninho do Urubu, confiante que o time chegará em ponto de bala para a semifinal, a ser disputada na terça-feira, 17 de dezembro, as 20:30h, horário local (14:30h de Brasília), contra os árabes ou os tunisianos.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.