segunda-feira, 28 de outubro de 2019

GrêmiOver


Minha história com o Grêmio começou em 9 de julho de 1978, domingo, quando o Flamengo enfrentou o líder do Grupo C da terceira fase e futuro quadrifinalista no antigo Estádio Olímpico, em Porto Alegre. Tive que escutar pelo rádio a partida, não transmitida pela televisão para Brasília. Com apenas oito anos de idade, escutei perplexo a narração descrever um time do qual mal havia ouvido falar aplicar um sonoro 5x2 no Mais Querido, que naquele dia entrara em campo desfalcado de Zico, Toninho Baiano e Rondinelli. O Grêmio, mordido pelos 1x5 de 24 de novembro de 1976, não perdoou. A goleada e o fracasso no Campeonato Brasileiro foram determinantes para a reformulação da equipe que, no semestre seguinte, conquistaria o Campeonato Estadual com o gol de Rondinelli, marcando o início da, até aqui, melhor fase do futebol do clube. Tanto que, depois de 1978, o confronto não trouxe maiores emoções até a decisão do título brasileiro de 1982, conquistado pelo Mais Querido em território inimigo. Aliás, o Flamengo só voltou a perder para o Grêmio em 1983 e 1984, justamente naqueles dois jogos que mencionei no post de 30 de setembro. E vejam como são as coisas: a primeira derrota no Estádio Olímpico após o jogo de 1978 foi justamente a estreia na semifinal da Libertadores/84, o fatídico jogo do Bigu na lateral direita.

No ano seguinte, ou seja, em 1985, o Flamengo venceu o Flamengo pelo Brasileiro (1x0 no Maracanã – Marquinho), porém só voltou a derrotar os gaúchos em 1992, em Moça Bonita, pela Supercopa dos Campeões da Libertadores. O longo jejum foi iniciado com os 0x2 pelo mesmo Brasileiro/1985 e envolveu 14 jogos, 9 empates e 5 derrotas, com duas eliminações – quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1988 e semifinal da Copa do Brasil/1989. 

Dos 0x1 em fevereiro de 1989, pelo Brasileiro/88 (bizarrices do calendário), lembro-me do Cuca, autor do gol da classificação gremista, concedendo entrevista para a Rede Globo ressaltando a força da nossa torcida e a bravura da vitória gaúcha. O mesmo Cuca, naquele mesmo 1989, viria protagonizar um dos maiores constrangimentos que já passei no futebol, com os 1x6 pela semifinal da Copa do Brasil.

A saga rubro-negra de reveses em confrontos eliminatórios com o Grêmio prosseguiu na década década de 90. Após um triunfo rubro-negro na Supercopa dos Campeões de Libertadores em 1992, justamente após a vitória em Moça Bonita e o empate por 0x0 no Olímpico em seguida, o Flamengo caiu para o Grêmio na Copa do Brasil em 1993, 1995 e 1997, esta última na final, quando o gol de Carlos Miguel empatou a partida em 2x2, dando o título aos gremistas. É interessante observar que o critério do gol fora de casa marcou essas três eliminações seguidas pela competição.

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A partir do confronto eliminatório seguinte, iniciou-se a sequência de triunfos rubro-negros, ocorridos em 1999 (Copa do Brasil), 2001 (Mercosul), 2004 (Copa do Brasil) e 2018 (Copa do Brasil). Todavia, sentia que faltava um resultado que pudesse efetivamente vingar 1983 e 1984, em razão do peso dos confrontos pela Libertadores e pela semifinal da Copa do Brasil de 1989.

E o resultado veio, Amigos, pois 5x0 em uma semifinal da primeira Libertadores com o formato de final única é nada mais, nada menos, do que a retribuição, com juros e correção monetária, de todos aqueles reveses, do jeito que pedi no post da semana passada. A goleada, acachapante, lembrou-me dos massacres do Milan sobre o Barcelona na final da Champions League de 1993/1994 ou do Bayern Munique sobre o Real Madrid (4x0) pelas semifinais da edição de 2012/13. Foi como o nocaute do Holyfield sobre o Maguila. Quem viu jamais se esqueceu. 

Pode-se argumentar que os 1x5 de 1984 foram pelas semifinais da Libertadores, mas os contextos são diferentes, pois tratava-se de um grupo com 3 clubes, no qual Flamengo e Grêmio basicamente espancaram o pobre ULA de Mérida, num total de sete jogos espalhados entre 26 de junho e 19 de julho (sétimo jogo, desempate) de 1984. Bem diferente, portanto, de dois confrontos de ida e volta  nos quais a margem de erro e a possibilidade de recuperação são bem menores.

Além disso, alguns detalhes tornam a goleada da última quarta-feira um tanto especial. É que o Grêmio, historicamente, nunca quis saber se o Flamengo estava em má-fase, desfalcado ou com jogadores num dia ruim. Deparando-se com a oportunidade, jamais tirou o pé do acelerador e assim construiu alguns resultados que marcaram a história do confronto. Então, em razão disso, a torcida do Flamengo teve que sofrer com atuações bizarras de goleiro (Cantarele, em 1978 e 1989), lateral direito improvisado (Bigu) e o constrangimento de alguns desses resultados terem ocorrido com a presença em campo do Maestro Júnior, ídolo e atleta com maior número de jogos disputados com a camisa do Flamengo.

Quarta-feira o Grêmio estava desfalcado, mas nem tanto. Como diz aquela propaganda, ver o Paulo Victor emulando o Cantarele e a goleada nascendo diante das impotentes presenças dos ídolos gremistas Pedro Geromel e Everton Cebolinha não tem preço; para as outras coisas, tem o cartão de crédito. Principalmente porque, dessa vez, foi o Flamengo que não teve pena e não quis nem saber.

O tabu do Grêmio copeiro se foi definitivamente. Resta agora o jejum de vitórias em Porto Alegre, especialmente pelo Campeonato Brasileiro. Nada, porém, que não possa ser superado na 33ª Rodada, daqui a exatas três semanas.

GrêmiOver.


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GrêmiOver, é hora de voltar as atenções para o Campeonato Brasileiro. Entre as várias explicações  que li para a atuação abaixo do padrão contra o CSA, estão o desgaste e, acreditem ou não, atéa displicência. Cravo com confiança na primeira, discordando completamente da segunda. Golear o Grêmio na primeira semifinal de Libertadores disputada desde 1984 não é exatamente uma tarefa tranquila e entendiante, se é que vocês me entendem. Arrisco dizer que o desgaste mental preponderou e por isso o time esteve perto de tomar o empate. As chances que o CSA criou no jogo inteiro pareceram decorrer da incapacidade do time apresentar as costumeiras marcação forte e interceptação dos passes trocados pelo adversário. 

Já o ataque produziu o que podia nos primeiros 45 minutos, durante os quais o Mais Querido , pecando nas finalizações, desperdiçou uma penca de oportunidades de gol, à exceção da convertida por De Arrascaeta, que nos deu os 3 pontos. No segundo tempo, nem isso, pois o time sequer conseguiu articular as tão temidas trocas de passe entrando na grande área adversária.

Portanto, os quatro dias de recuperação até o confronto contra o Goiás, no Serra Dourada, na próxima quinta-feira, pela 29ª Rodada, serão preciosos. Espero que possamos ver um time mais ligado e inteiro dentro de campo, em busca de mais 3 pontos e no rumo da conquista do título antecipadamente, quem sabe antes da final da Libertadores, em Santiago, no próximo 23 de novembro.


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A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.