Salve, Buteco! Quase forçando o Mais Querido a não pensar nas semifinais da Libertadores da América, a tabela no início do segundo turno traz uma dura sequência de clássicos interestaduais cuja maioria, ao contrário do primeiro turno, será disputada no Maracanã, exatamente nas próximas duas rodadas. Sábado, no Mineirão, o Flamengo venceu o único jogo como visitante dessa dura sequência contra um Cruzeiro desesperado para sair da zona do rebaixamento, mas em patamar claramente inferior tanto em nível tático, quanto técnico. Chamou atenção, mais uma vez, a rápida assimilação pelos atletas dos comandos de Jorge Jesus para variar o desenho tático do time e as funções de cada um dentro das quatro linhas. Só no primeiro tempo o "homem de referência" foi, primeiramente, Bruno Henrique, para depois ser De Arrascaeta, como um "falso nove", além de Gabigol.
Outro ponto de destaque é a evidente evolução defensiva. Como destacou o nosso amigo André Amaral (@Ninhodanacao) neste tuíte, na inédita sequência de sete vitórias seguidas em campeonatos brasileiros, nossa defesa só foi vazada em bolas paradas, uma vez pelo alto (Vasco da Gama no Mané Garincha) e duas vezes em cobranças de pênalti (Grêmio e Cruzeiro). O equilíbrio tático permite vitórias com grande margem de segurança mesmo sem o time estar em uma tarde inspirada, como no último sábado. Vale lembrar que Bruno Henrique e De Arrascaeta desperdiçaram oportunidades muito claras no segundo tempo.
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Concordo com a parte da torcida que considera mais importante a manutenção em 2020 do treinador português do que a de qualquer atleta, individualmente. É claro que, em nível tático, Jorge Jesus atua em um patamar acima dos treinadores brasileiros, porém a sua maior qualidade parece ser sua capacidade de conjugar a aplicação desse conhecimento tático com uma gestão de elenco que extrai dos atletas foco constante e compromisso com o jogo coletivo. Esse também parece ser seu diferencial em relação ao argentino Jorge Sampaoli, em que pese a superioridade do elenco rubro-negro em relação ao santista.
Ocorre que esse nível de compromisso traz um sensível desgaste físico e (possivelmente) mental em um calendário que por si só já exige muito de todas as equipes, especialmente as que avançam em competições paralelas, como é o caso do Flamengo. No sábado, a diminuição do ritmo a partir da parte final do primeiro tempo, permitindo ao Cruzeiro pressionar e criar oportunidades até o início do segundo tempo, tornou inevitável ter aquela pontinha dúvida sobre a resistência do time para as duas próximas partidas, quarta-feira e domingo, além da semifinal, na quarta-feira seguinte. Alguns jogadores deram sinais de cansaço (Gérson) e incômodo muscular (Rodrigo Caio). Dificilmente nossos laterais aguentarão noventa minutos em todos os jogos, e aqui me refiro às próximas duas rodadas, antes mesmo da semifinal da Libertadores.
Aliás, pensar agora no confronto contra o Grêmio em Porto Alegre seria um grave erro, seja pelo nível dos próximos adversários (Internacional e São Paulo), seja porque o Campeonato Brasileiro é a oposta mais racional, haja vista que a regularidade decorrente do equilíbrio tático é uma ferramenta poderosa para a conquista do título no sistema de pontos corridos. Porém, confio muito no nosso treinador português, que vem demonstrando grande habilidade para rodar o elenco e contornar os problemas do calendário. Além disso, o "Portuga" valoriza muito a competição nacional.
Ocorre que esse nível de compromisso traz um sensível desgaste físico e (possivelmente) mental em um calendário que por si só já exige muito de todas as equipes, especialmente as que avançam em competições paralelas, como é o caso do Flamengo. No sábado, a diminuição do ritmo a partir da parte final do primeiro tempo, permitindo ao Cruzeiro pressionar e criar oportunidades até o início do segundo tempo, tornou inevitável ter aquela pontinha dúvida sobre a resistência do time para as duas próximas partidas, quarta-feira e domingo, além da semifinal, na quarta-feira seguinte. Alguns jogadores deram sinais de cansaço (Gérson) e incômodo muscular (Rodrigo Caio). Dificilmente nossos laterais aguentarão noventa minutos em todos os jogos, e aqui me refiro às próximas duas rodadas, antes mesmo da semifinal da Libertadores.
Aliás, pensar agora no confronto contra o Grêmio em Porto Alegre seria um grave erro, seja pelo nível dos próximos adversários (Internacional e São Paulo), seja porque o Campeonato Brasileiro é a oposta mais racional, haja vista que a regularidade decorrente do equilíbrio tático é uma ferramenta poderosa para a conquista do título no sistema de pontos corridos. Porém, confio muito no nosso treinador português, que vem demonstrando grande habilidade para rodar o elenco e contornar os problemas do calendário. Além disso, o "Portuga" valoriza muito a competição nacional.
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Falando em Campeonato Brasileiro, é cada vez mais óbvio que o nosso maior adversário, além da própria CBF, é o Palmeiras com seu forte e homogêneo elenco, que também lhe permite vencer regularmente, ainda que muitas vezes com um futebol tecnicamente sofrível, a exemplo de ontem em Fortaleza. A pior sequência do segundo turno, contudo, pode levar o Mais Querido a abrir uma importantíssima vantagem sobre o segundo colocado nas próximas duas rodadas, considerando os futuros desfalques nas datas FIFA. O Internacional será o fiel da balança. Desgastado pela final da Copa do Brasil e pela vitória de ontem diante da Chapecoense sob o sol do meio dia, o colorado chegará ao Rio de Janeiro ainda mais desgastado do que o Flamengo, para no domingo receber justamente o Palmeiras, dessa vez no Beira-Rio. Não é absurdo imaginar os suínos perdendo pontos nessa partida.
No mesmo horário, o Flamengo receberá o oscilante São Paulo de Cuca, que vem tendo seus momentos de melhor rendimento como visitante. Exatamente por isso, para o adversário de domingo vencer o Goiás na quarta-feira no Morumbi será um desafio quase tão grande como parar o Flamengo no Maracanã, mas se conquistar os três pontos chegará ao Rio de Janeiro ainda sonhando com o título, aumentando o nível de tensão do importante clássico interestadual. Vale lembrar que o São Paulo, apesar das oscilações, pode jogar em altíssimo nível, como demonstrou na 14ª Rodada, ao vencer o Santos por 3x2 em uma eletrizante partida.
Portanto, apesar da Libertadores ser minha competição favorita e objeto de obsessão de grande parte da Nação Rubro-Negra, penso que o Flamengo deve ignorá-la até o encerramento da 22ª Rodada e se preocupar, até lá, apenas com a conquista de mais seis pontos. Melhor um pássaro na mão do que dois voando, diz o ditado popular. No caso do Mais Querido, o pássaro da segurança é o Campeonato Brasileiro, no qual, contudo, enfrenta a CBF, o quarteto paulista e a imprensa vendida 1x7 que, por interesses e motivos diversos, finge que o status quo não existe e, ainda por cima, aposta na cultura do "tudo é permitido contra o Flamengo".
Como há muito tempo ensinou Sun Tzu em "A Arte da Guerra", se você conhece o inimigo, conhece a si mesmo e não precisa temer o resultado de cem batalhas; se você conhece a si mesmo mas não conhece o inimigo, para cada vitória sofrerá uma derrota, mas se não conhecer a si mesmo e nem ao inimigo, perderá todas as batalhas.
Não dá nem pra pensar em morrer na praia nas duas competições. Foco no Campeonato Brasileiro e nas armadilhas da CBF deve ser a prioridade até o final da 22ª Rodada.
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A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.