Salve,
Buteco! César; Rodinei, Rhodolfo, Thuler ou Marí e Filipe Luis;
Piris da Motta e Hugo Moura; Berrío, Reinier e Lucas Silva; Vitor
Gabriel. Esse seria o time reserva que o Flamengo poderia ter
escalado ontem para enfrentar o Bahia na Fonte Nova, considerando as
contusões e os atletas disponíveis. Jorge Jesus errou ao
desconsiderar o desgaste físico e mental ao não rodar o elenco?
Defendo a rodagem de elenco há um bom tempo aqui no Buteco e acho
que Jorge Jesus utiliza menos a estratégia do que eu gostaria (e
consideraria ideal), mas devo reconhecer que o cenário de ontem não
favorecia qualquer decisão por parte do nosso treinador,
especialmente pelas alternativas do meio para a frente. Ainda assim,
parece que o time sentiu a ausência de dois atacantes e, em razão
disso, mesmo não sendo o ideal, talvez a escalação do colombiano
Berrío ao lado do Bruno Henrique tivesse ao menos mantido o time
próximo de suas características. Porém, convenhamos, não seria garantia de nada, diante do enorme desgaste do time.
Além disso, é preciso considerar o fator Diego Alves, que, sem dúvida, em grande proporção (não exclusivamente) contribuiu para o desastre, falhando em mais de um gol. Se o contexto do jogo era desfavorável, a atuação do goleiro, quando menos, causou a elasticidade do placar.
Além disso, é preciso considerar o fator Diego Alves, que, sem dúvida, em grande proporção (não exclusivamente) contribuiu para o desastre, falhando em mais de um gol. Se o contexto do jogo era desfavorável, a atuação do goleiro, quando menos, causou a elasticidade do placar.
***
O
desastre da etapa inicial reforçou algumas dúvidas que já tinha
justamente em relação à rodagem de elenco entre as duas pesadas
competições que disputaremos ao menos até o final do mês de
agosto. Será que algumas peças importantes, como, por exemplo,
Rodrigo Caio e Gabigol, estarão prontos para entrar em campo pelo
menos no clássico do dia 17? Do contrário, o tempo será gasto não
com preparação, mas apenas com recuperação, o que apenas
atrasaria o desenvolvimento do time. Por isso mesmo, é legítimo indagar se o elenco
terá condições físicas para encarar com igual atenção o
Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América. Porém, como
o Flamengo é o clube que nunca prioriza, a dúvida não passa de uma
mera argumentação retórica.
Priorizar
não é mesmo fácil, por envolver escolhas extremamente difíceis,
mas também é bom lembrar à exigente Nação Rubro-Negra, a qual
cobra do clube ganhar todas as competições que disputa, que em qualquer lugar do mundo é muito
raro uma mesma equipe conquistar, na mesma temporada, os títulos
nacional e continental. Sem rodagem do elenco, que em tese
viabilizaria que não se decidisse pela priorização, a difícil
meta fica ainda mais distante, o que nos leva de volta ao ponto inicial: como
rodar o elenco, mantendo a competitividade, em meio a tantas
contusões? Observem que o problema transcende a derrota de ontem:
com os reservas, o time provavelmente seria derrotado, talvez por um
placar menor, se o goleiro tivesse sido outro, mas dificilmente teria ido além disso, dado o desnivelamento do elenco, causado pelas contusões. Logo, minha
preocupação vai muito além das escolhas de ontem do treinador. Infelizmente, sou cético quanto à possibilidade de disputar ambas as competições com o time titular estando o elenco tão desfalcado, especialmente no meio de campo.
Não
se esqueçam que, por uma decisão desastradamente infeliz da
Diretoria, um semestre foi desperdiçado com um treinador de
convicções ultrapassadas e estilo oposto ao do elenco, fora o preparador físico que até então ministrava treinamentos funcionais na praia. Ocorre que
trabalhos como o de Jorge Jesus exigem tempo para sua consolidação.
Nosso treinador português chegou no final de junho, mas dirige o
Flamengo em competições oficiais há menos de um mês. O exemplo de
Jorge Sampaoli é didático: seu início no Santos não escapou de
goleadas e eliminações para equipes ainda mais fracas do que o
Bahia. O tempo, contudo, mostrou como foi correta a decisão da
direção santista ao contratá-lo, embora pareça evidente que foi justamente a eliminação nas copas que permitiu, por vias tortas, que o
trabalho fosse desenvolvido com o que o elenco oferece, em uma só
competição, com o devido tempo para treinamento e recuperação dos atletas, extraindo o máximo de cada um.
Tempo
é o que o Flamengo precisa e justamente o que nunca deu ou pôde dar
neste século aos seus treinadores, seja para os piores, seja para os
melhores que teve. Digo que é o que o Flamengo precisa porque as
metas estabelecidas tanto pela Diretoria, quanto pelo treinador e até pela torcida são
altas e por isso exigem tempo. Trata-se, a meu ver, de uma conclusão óbvia e inescapável. E tudo se dificulta com o fato do clube não trabalhar
com forma alguma de priorização dessas metas. Parece que se forma um círculo vicioso,
no qual a ansiedade pela longa fila sem títulos importantes gera
cobranças prematuras e exageradas, que a seu turno provocam uma
ciranda sem fim de treinadores e absoluta ausência de planejamento e
estabilidade.
Considero
o trabalho de JJ promissor, mas será que dessa vez será diferente?
Só a Diretoria e o próprio treinador poderão responder.
***
Foi
apenas o sétimo jogo de Jorge Jesus no comando do Flamengo, mas um
dos pontos que merecerá a atenção do nosso treinador português
daqui por diante é o desempenho do time como visitante. Até aqui,
as atuações foram oscilantes e muito distantes do desempenho como
mandante, em que pese as seguidas contusões e o pouco tempo para treinar e
adaptar os jogadores à nova filosofia.
Na
próxima quinzena o Flamengo não terá jogos intermediários, mas
apenas nos finais de semana, contra Grêmio (sábado, 10/8) e Vasco
da Gama (sábado, 17/8). Curiosamente, os confrontos ocorrerão em um contexto
muito raro, que no passado quase sempre favorecia particularmente
esses dois adversários. Estou acostumado a ver o Flamengo viajar
para o Sul em crise ou seriamente desfalcado, daí advindo as
derrotas e alguns placares elásticos. Dessa vez, porém, será o
Grêmio que irá ao Rio de Janeiro após uma sequência de 5 jogos
nos meios de semana, pelas Copas do Brasil e Libertadores,
intercalados com os do Campeonato Brasileiro.
Quanto
ao Vasco da Gama, não me lembro da última vez que o Flamengo dispôs
de tanto tempo, em um campeonato brasileiro, para se preparar antes desse específico clássico,
que, coincidência ou não, vinha antecedendo ou sucedendo
pesadíssimos confrontos pela Libertadores ou Copa do Brasil.
***
A
palavra está com vocês.
Bom
dia e SRN a
tod@s.