Flamengo é um clube semi-bilionário em termos de faturamento. Conseguiu esta façanha na base de um profissionalismo de qualidade, equipe de dirigentes amadores cônscios da necessidade de contar com bons profissionais para que a ideia de um clube organizado, financeiramente forte, administrativamente em evolução constante e por isto, muito competitivo, pudesse prevalecer. O sucesso desta iniciativa criou um Flamengo com recursos para, já no início de ano, contratar jogadores fortes como Gabigol, Bruno Henrique, Rodrigo Caio e outros.
Evidente que sendo um clube social é sujeito a eleições, no caso, trienais, para escolhe de seus novos ou velhos dirigentes, na medida que tenham agradado ou não em gestão anterior. E isto tudo gera um compromisso eleitoral destes dirigentes perante a diversos grupos políticos ou associados mais influentes, que pode, dependendo do caso, comprometer a busca da excelência profissional na base do toma-lá-dá-cá, algo que temos que reconhecer que está no DNA do brasileiro, visto os exemplos em todas as instâncias governamentais possíveis.
Um clube social é um micro-cosmo da sociedade. Evidente que irá reproduzir ainda que em menor escala o que vimos por aí na formação de diversos governos. Conluios, populismos, parentadas, distribuição de cargos a pessoas incapazes, ou em demasia para poder acochambrar as promessas feitas e mesmo calar possíveis focos de oposição em caso de não-atendimento.
Temos então a demissão de bons profissionais. Que leva a desistência na permanência de outros bons profissionais. Tanto em permanecer como de vir. Ambiente sem meritocracia afeta toda e qualquer performance e o resultado disso ainda que não venha em curto prazo, virá em médio prazo e em longo prazo pode ter consequências severas.
Mas como evitar isto? Não vejo saída. Associados são eleitores. Eleitores votam não necessariamente de modo racional. Muitos votam com raiva, no "voto em qualquer um menos neste". Outros votam em promessas sem qualquer sustentação ainda que teórica. Se um clube que conseguiu se reorganizar, se tornar administrativamente equilibrado, profissionalmente atraente e financeiramente forte ainda assim não consegue convencer o eleitorado da necessidade de isto continuar ainda que com novos nomes, não há o que fazer.
É aceitar que tudo que se construa se desmanche. Em nome do populismo, em nome da total falta de noção de profissionalismo construtivo. E a pedra de Sísifo que volte a rolar para baixo.