Em um dia que começou com as fortes emoções da Champions League, com o Tottenham virando o jogo espetacularmente em cima do Ajax, já fragilizado por perder a Florida Cup para o Mengão, lá fomos nós, rubro-negros, assistir a partida do Flamengo. A que não poderia perder, um resultado entre nove nos seriam negativo, Abel de técnico, Arão de titular com Pará, etc etc que prometia repetir o script sádico que nos elimina da fase de grupo a cada Libertadores há tempos, com exceção da anterior.
Mas o Flamengo começou muito bem o jogo. Sóbrio, elegante e sincero. Comandando o jogo como time grande. E perdendo gols em profusão. Foram tantos que a partir de um momento sabíamos todos que o importante mesmo seria evitar gols visto que fazer não conseguiríamos.
Me lembrou muito um episódio na adolescência em um torneio grande de futebol de botão em Ipanema que participei. Com mesa oficial e tudo e bola de feltro. Eu, newbie total no torneio, ia passando de fase. Até travar uma semifinal com o craque do torneio. Um sujeito cheio de marra que me via como um Olaria da vida a cumprir tabela. Pois bem, o sujeito me atacava de todas as formas e a bola não entrava de jeito algum. Até chegar ao ponto que fiquei em um estado de espírito zen que simplesmente admiti que o universo conspirava contra ele e gol não iria fazer contra mim. Fui lá, marquei meu golzinho para desespero do cara, e ficava rindo sarcasticamente a cada gol perdido dele. Certamente somei pontos no meu karma negativo naquele dia.
Mas o Flamengo não se desesperou. Ao contrário deste sujeito. Continuou aramisando lisamente até que Pará foi expulso. Erro do Abel em não ter tirado ele de campo visto que o Peñarol atacava pelo seu setor e já tinha cartão amarelo. E Pará não se caracteriza exatamente por sua inteligência em campo.
Peñarol cresceu no jogo. LDU passou a ganhar contra o San José. Tudo se aproximava de mais um final "dia da marmota" de ultimo jogo da fase de grupo das Libertadores. Flamengo se desclassificando no fim. Filme repetido com atores variados. Abel colocou Rodinei e tirou Arrascaeta. Melhorou um pouco a marcação pelo nosso lado direito. Depois colocou Diego, tirando Bruno Henrique que nos fez recuperar nosso meio de campo perdido. E, por fim, substituiu Gabriel "Perde gol" Barbosa por Vitinho, já que estava sem contra-ataque. Jogo ficou mais equilibrado e Vitinho, para variar, perde um gol livre diante do bom goleiro deles, que tem um posicionamento fantástico. O que explica sua escalação mesmo sendo baixo para os padrões da posição.
Vitinho foi para a ponta, gastou o jogo sofrendo uma falta que gerou mais um triste tumulto por parte da torcida uruguaia e o Flamengo, enfim, se livrou deste dia da marmota, e conseguiu a classificação. Fica agora difícil demitir Abel.
Agora é se recuperar no Brasileiro, treinar finalização, construir uma segunda linha defensiva hoje inexistente e louvar Cuellar por mais um grande jogo que fez pelo Flamengo.