Olá Buteco, bem-vindos!
Entre 2013 e 2015, passamos por uma grande
reestruturação do clube, que tem como seu maior expoente o saneamento financeiro,
embora outras áreas do clube tenham evoluído de maneira tão eficaz quanto o
departamento financeiro.
No
futebol, a partir do 2º mandato de Bandeira de Mello em 2016, o planejamento
passa a ser o de encorpar o elenco, utilizando os recursos que provém da
revitalização financeira do clube, para trazer os títulos de maior prestígio:
Brasileiro e Libertadores. O expoente desse “novo Flamengo” é o centroavante Paolo
Guerrero. Para técnico, o clube traz Muricy Ramalho, tetracampeão brasileiro (2005,
2006, 2007, 2010) e campeão da Libertadores em 2011. A aposta é que a
experiência do treinador em equipes vitoriosas seja suficiente para nos
conduzir às glórias. O projeto era grandioso e incluía unificar o estilo de
jogo do profissional às categorias de base.
Eliminação
na Primeira Liga em casa (com uma inexplicável decisão de lançar um time
alternativo, perdendo a chance de um Fla x Flu na final, em um torneio onde fomos
nós mesmos o maior incentivador da criação), derrota para o Vasco na semifinal
do Campeonato Carioca, eliminação para o Fortaleza na Copa do Brasil e 3
rodadas no Brasileiro: uma vitória contra o Sport na estreia, derrota para o Grêmio
no Sul e um empate com a Chapecoense, conquistado no último minuto da partida. Com
problemas de saúde, mas já bastante contestado também, acabaria ali o ciclo de
Muricy no Flamengo, 5 meses depois de contratado.
O
restante da gestão do futebol, entre 2016 e 2018, foi marcado pelo empirismo:
sai um medalhão como Muricy, entra Zé Ricardo, técnico dos juniores sem nenhum
trabalho anterior. Após ele, Rueda, profissional com perfil mais próximo de
Muricy, no que diz respeito à bagagem de títulos importantes. Com a recusa de
Rueda em permanecer para a temporada 2018, o clube efetiva Carpegiani (perfil
diferente dos anteriores) e depois outro “estagiário”, Mauricio Barbieri.
Finalmente, acaba o ano com Dorival Jr, treinador cujo título mais relevante
foi a Copa do Brasil com o Santos de Neymar e Ganso.
Nesse
triênio 2016-2018, a grande percepção é de que o Flamengo tinha times para ir
além. Embora jogasse bem e tivesse chances claras de vencer os jogos decisivos,
algo acontecia e o time, efetivamente, sucumbia. Assim, nos restou um 3º lugar
no Brasileiro 2016, dois vice-campeonatos em 2017 (Copa do Brasil e
Sulamericana) e um vice-campeonato do Brasileiro 2017.
***
Com
o discurso de “trazer o futebol do Flamengo de volta ao seu devido lugar”, Rodolfo
Landim é eleito Presidente do Flamengo para o triênio 2019-2021 e aposta em
Abel Braga, treinador dito “cascudo” e, portanto, capaz de resolver o problema
da queda de desempenho em jogos decisivos. Com o elenco bem mais encorpardo que
o do triênio anterior, entende-se que é apenas questão de tempo até que o
Flamengo conquiste as tão sonhadas taças.
A
bem da verdade, os resultados vinham condizentes com o plano: campeão carioca
com domínio do adversário nos dois jogos da decisão, classificação assegurada às
oitavas da Libertadores e vitória fora de casa na ida da Copa da Brasil. Se
tivéssemos vencido o Atlético MG no último sábado, estaríamos em 3º no Brasileirão,
há uma vitória da liderança. Mas aí veio a Flamengada...
Há
uma certa distorção nos debates sobre o jogo: a grande questão não é a derrota
em si, mas como ela se deu: é uma situação extremamente vexatória você vencer o
jogo de ida por 2x0, abrir 1x0 na volta e perder a classificação tomando 4 gols
nessa mesma partida (Copa do Brasil 2014). Da mesma forma, é ridicularmente absurda
uma derrota para um time com 10 homens o segundo tempo inteiro, dando de graça
dois gols para eles e insistindo nos cruzamentos para a área, em um desespero
comum aos times sem qualquer repertório ofensivo. No Campeonato Brasileiro,
você não pode perder a chance de trazer uma vitória fora de casa, ainda mais frente
a times que estarão na primeira página da tabela.
Não
que os sinais não estivessem lá... Flertamos com a eliminação na Libertadores na
derrota para a LDU, jogo em que o empate era nosso, controlávamos e íamos para
o intervalo com a vitória parcial, até que entregamos o gol de empate. Depois, cansamos
de perder gols e vimos o Peñarol quase repetir o ocorrido na Libertadores 2017.
No Brasileiro, nos contentamos com um empate frente ao São Paulo lá, em outro
jogo que estávamos na frente e tivemos chances de garantir a vitória.
Enfim,
agora há uma grande dúvida no plano montado pelo futebol do Flamengo na
temporada: o pragmático time passa por sua segunda crise no ano e a maior
característica do treinador – o tal domínio de grupo, o “jogam por ele” – não mais
parece suficiente para bater o nosso principal rival interno, quiçá os desafios
internacionais. Os próximos jogos voltarão a ser disputados naqueles climas de
instabilidade, típicos dos últimos anos do Flamengo.
Qual
será a solução? Como os fracassos da diretoria anterior, no futebol, podem nos ensinar?
Saudações
Rubronegras!