@alextriplex
Dois jogos bastaram para que, mais uma vez, dentro da humildade máxima que é a Magnética, a prova de nossa razão viesse à tona: Arrascaeta não pode sentar naquela cadeirinha na beira do gramado.
Tudo bem que foram ocasiões em que os adversários não devem nem podem ser considerados difíceis. Na boa, sem deboche, é impossível você colocar tanto os bolivianos quando os filhotes das bigodudas num patamar muito alto. Mas o Flamengo não tem culpa disso, e tem que fazer o que fez.
Mas voltemos ao nosso camisa 14, mas antes com um rewind. Todo jogo das marias contra a gente era o narrador da Globo urrando, ferozmente, o nome do uruguaio. E eu, aqui, puto da vida, pensava quando que teríamos um jogador daquela estirpe. Ao mesmo tempo elegante e fatal. Ao mesmo tempo com cara de sono, mas pronto pra resolver a confusão. E 2019 colocou o Manto Sagrado nele.
Toda vez que olho pro Arrascaeta, me lembro - sim, toda hora cito isso - do meu amigo @Urublog dizendo, anos atrás: "Galera, vamos ter um time pobre mas limpinho de começo. Mas quando a casa ajeitar, se preparem!" Dentro da nossa descrença de anos e anos com tralhas demolindo o clube, eu desafio qualquer um a dizer "sim, eu imaginava 2019 com um elenco milionário".
Enfim...voltemos. Arrascaeta jogou duas partidas espetaculares. Em alguns momentos aparentava estar de terno e gravata. Em outros, parecia brincar com uma criança, pegando a bola com as mãos e quase entregando para o filho chutar e gritar gol. Hoje, eu mesmo entrei no modo réu confesso. A batida de carteira que ele deu no vascaíno antes do segundo gol foi uma cena de cinema. Reparem os senhores que ele não chegou dando aquela fungada no cangote, pronto pra fazer falta. Ele cercou, ponta da chuteira na bola, e o desfecho vocês viram. Uma aula de desarme. Uma aula de tempo de bola, de tudo. O gol deveria ser dele, com uma pequena participação do Bruno Henrique.
O mais louvável disso tudo foi a paciência dele. (Pode ser que isso aconteça) Ninguém via o gringo com aquela cara de "porra, quando vou jogar", tampouco irritado por ser jogado à cova do leão com um time só de moleques pra decidir uma vaga. Foi profissa, esperou a sua hora, e agora a tendência é que ele fique.
Sobre o jogo de hoje, por mais que tenhamos perdido gols e mais gols, além da arbitragem literalmente IMPLODINDO o VAR, eu vi um Flamengo muito consciente e paciente. Ao contrário do que o Abel pregava quando chegou, valorizamos a posse de bola, tivemos uma marcação sob pressão muito forte, e vi um jogo de um time só. Taticamente, creio que os 45 minutos finais foram os melhores desse time. As bigodudas não viram a bola, e o Flamengo só não goleou por causa do péssimo nível da arbitragem e, claro, por alguns péssimos hábitos recorrentes.
No dia em que esse time se olhar no espelho e perguntar "cruzar 140 bolas na área pra que, se temos qualidade pra furar os bloqueios?", com um NÃO PERA em seguida, muita coisa pode melhorar.
É maneiro vencer assim. Sem perrengue. Eu fico amarradão - que se cite que continuo com minhas implicâncias habituais. Mas me deixem aqui com minha felicidade. Deixem pros pregos dos programas de tv reclamarem e queimarem neurônios. A hora é de comprarmos a felicidade que nos foi entregue, e dar essa energia pro time. Como eu disse duas linhas acima, me deixem curtir esses momentos.
Conselho do tio Triplex: Curtam a parada também. Tivemos paciência até aqui. O time precisa disso. Nós precisamos disso.
Juntos, somos Um.
E nada mais digo.
DCF
CCM
SRN