segunda-feira, 25 de março de 2019

O Canto da Sereia

Salve, Buteco! Desde dezembro venho insistindo bastante no tema do calendário para a temporada/2019. Se o Flamengo se classificar para as finais da Taça Rio e do Campeonato Estadual, o Fla-Flu de ontem terá inaugurado uma sequência, até a segunda semana de maio, sem intervalo nos meios de semana, de jogos decisivos e clássicos interestaduais de grande peso, marcando o período mais intenso do calendário nesse primeiro semestre. Para mais uma vez demonstrar como o time será exigido a partir de agora, reproduzo parte da tabela que publiquei neste post do final de fevereiro:
27 ou 28/3
4ª/5ª feira
Taça Rio
Semifinal
Fluminense
31/3
Domingo
Taça Rio
Final
Indefinido
Vasco da Gama ou Bangu
3/4
4ª Feira
Libertadores
3ª Rodada/Grupo 4
Peñarol (c)
Maracanã
7/4
Domingo
Estadual
Semifinal
Indefinido
Fluminense ou Bangu
11/4
5ª Feira
Libertadores
4ª Rodada/Grupo 4
San José (c)
Maracanã
14/4
Domingo
Estadual
Final
Indefinido
Fluminense, Vasco da Gama ou Bangu
21/4
Domingo
Estadual
Final
Indefinido
Fluminense, Vasco da Gama ou Bangu
24/4
4ª Feira
Libertadores
5ª Rodada/Grupo 4
LDU (f)
Casa Blanca
27 a 29/4
FDS/2ª
Brasileiro
1ª Rodada
Cruzeiro (c)
Maracanã
1º/5
4ª Feira
Brasileiro
2ª Rodada
Internacional (f)
Beira-Rio
4 a 6/5
FDS/2ª
Brasileiro
3ª Rodada
São Paulo (f)
Morumbi
8/5
4ª Feira
Libertadores
6ª Rodada/Grupo 4
Peñarol (f)
Campeón del Siglo


O Flamengo de Abel vem demonstrando evolução e já se mostra mais intenso, vertical e objetivo do que os times do triênio anterior. Prova disso é o número alto de oportunidades de gol que vem sendo criadas, apesar do seu aproveitamento ainda deixar a desejar. Contudo, por uma série de motivos, que vão desde erros de planejamento (mais uma vez!) até a tragédia no Ninho do Urubu, o elenco ainda não foi nivelado a ponto de se demonstrar igualmente competitivo em várias frentes, tal como conseguiu o Palmeiras no segundo semestre da temporada/2018.

Dentro das quatro linhas, em alguns momentos o time retorna à prática de antigos vícios, como os jogadores esperarem o passe presos à marcação adversária, sem se movimentarem, demonstrando que a nova filosofia ainda não se contra 100% assimilada. Por esse mesmo motivo, não creio que as oportunidades de gol perdidas decorram unicamente de falha no fundamento da finalização a gol. Ainda há o que aprimorar na construção das jogadas, de modo a que em determinados lances o time ganhe as frações de segundo que fazem a diferença no momento de se posicionar para finalizar.

Em outros momentos, há queda vertiginosa de rendimento, próxima à pane, como na partida contra a LDU e também ontem, após abrir 3x0 contra o Fluminense, o que justifica ter dúvida em relação à capacidade física de um só time enfrentar a maratona sem ter prejuízo no rendimento. Nesse mesmo rumo, tenho a impressão que será cada vez mais difícil para Diego jogar em alto nível por noventa minutos. Como Everton Ribeiro não se caracteriza pela força e Willian Arão depende muito da condição física para produzir, há uma sobrecarga no meio de campo, especialmente sobre o primeiro volante, lembrando que as características de Bruno Henrique e Gabigol são muito ofensivas. Ontem, mais uma vez, a equipe de Fernando Diniz impôs dificuldades quando adotou a marcação alta, além de explorar bem as nossas falhas no miolo da zaga, que permitiram ao adversário marcar duas vezes. Logo, o sistema defensivo ainda não está suficientemente seguro.

Por sinal, a semifinal contra o jovem time do Fluminense promete ser extremamente desgastante, pois será o primeiro confronto do ano no qual os times se enfrentarão quase que em igualdade de condições e preparação (o quase fica por conta dos desfalques). Não será diferente na eventual final da Taça Rio, provavelmente contra o Vasco da Gama, que sempre joga além do limite quando enfrenta o Flamengo. Portanto, a necessidade de rodar o elenco é evidente, porém pode ser que algumas contusões causem uma diferença sensível de nível entre os times A e B. Acontecendo ou não, espero que Abel se mantenha firme no propósito de rodar o elenco.

Não quero ser alarmista, até porque há razões para ter otimismo, pois acredito que o sistema defensivo será reforçado durante a segunda janela. Só acho que cabe ao Flamengo tornar seu caminho mais fácil na Libertadores. Priorizando-a, e conquistando o direito de decidir em casa a partir das oitavas de final, navegará em mares tranquilos até as fases mais adiantadas. Porém, se novamente for seduzido pela "Sereia do Estadual", periga naufragar nos rochedos, mais uma vez.


A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.