Salve, Buteco! Na linha do "acabou a brincadeira", na próxima quarta-feira o Mais Querido receberá, no Maracanã, a LDU, possivelmente o seu maior concorrente ao primeiro lugar do Grupo 4 da Libertadores da América/2019. A Liga Desportiva Universitaria ou "Liga de Quito", "Liga" ou "La Bordadora" é um "emergente" do futebol sul-americano. Fundada em 1930, e diferentemente de seus rivais de Guayaquil, Barcelona e Emelec, a Liga demorou até se tornar um "grande" do futebol equatoriano. É bem verdade que a primeira edição da competição só foi disputada em 1957, porém a Liga demorou até conquistar seu primeiro título, que veio somente em 1969, diferentemente até mesmo que o El Nacional, seu rival de Quito. Para se ter uma ideia, a Liga, atualmente com 11 (onze) títulos, é apenas o quarto maior campeão nacional, atrás de Barcelona (15), Emelec (14) e do próprio El Nacional (13), inexpressivo internacionalmente.
Contudo, além das fronteiras equatorianas, a LDU se distingue de todos os outros rivais nacionais, possuindo um título da Libertadores da América (2008), um vice-campeonato mundial da FIFA (2008) e um título da Copa Sul-Americana (2009). É bom frisar que o vice-campeonato mundial se deu já pelo Mundial de Clubes da FIFA, sob o comando do treinador argentino Edgardo Bauza, quando a Liga chegou à final, na qual foi dignamente derrotada pelo poderosíssimo Manchester United pela contagem mínima (0x1), após derrotar com autoridade (2x0), na semifinal, o Pachuca do México, mesmo adversário do Grêmio em 2017, pelas mesmas fase e competição. Um feito e tanto, a julgar pelos resultados negativos que grandes camisas como Atlético/MG, Internacional e River Plate tiveram em semifinais de edições recentes do mesmo Mundial.
O aumento da projeção da LDU nos cenários nacional e internacional começou a partir da construção do excelente e belíssimo estádio Rodrigo Paz Delgado (ex-presidente e presidente honorário do clube), também chamado de Casa Blanca e "La Maravilla de Ponciano", com capacidade para 41.575 espectadores, situado em Quito a 2750m acima do nível do mar e inaugurado aos 6 de março de 1997, com uma vitória local sobre o Atlético/MG (3x1), em partida amistosa. Até então, quando utilizava o Estádio Olímpico Atahualpa, com capacidade para 35.740 espectadores e também situado em Quito, mas a 2.850m de altitude, onde a Seleção Equatoriana manda seus jogos, a Liga havia conquistado, em 40 (quarenta) edições do Campeonato Equatoriano, apenas 4 (quatro) de seus 11 (onze) títulos. A partir do ano seguinte à inauguração do Casa Blanca (1998) e passados 21 (vinte e um) anos desde então, vieram mais 7 (sete) títulos e todas as suas recentes glórias internacionais, que fazem o clube se auto-intitular, em seu site oficial, sem a menor cerimônia, como o "Rey de Copas".
Muito embora emergente, a LDU veio para ficar, se não como um dos grandes do continente, certamente como uma força relevante, e todas as alusões contidas neste texto à transformação do clube após a construção do estádio próprio não são mera coincidência.
Para bons entendedores, por enquanto basta.
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Não há referências históricas para ajudar no prognóstico do confronto, eis que Flamengo e LDU jamais se enfrentaram, muito provavelmente em razão do que chamei de condição "emergente" da equipe equatoriana no cenário sul-americano. Além disso, o único equatoriano que o Flamengo enfrentou no Rio de Janeiro foi o Emelec, cujo histórico na Libertadores e na Sul-Americana não pode ser comparado ao da Liga ou mesmo do Barcelona de Guayaquil. Contudo, se os clubes jamais se enfrentaram, o nosso atual treinador, Abel Braga, comandou o Fluminense na única vez, em três oportunidades, na qual o tricolor carioca conseguiu eliminar a LDU em competições da CONMEBOL, precisamente em 2017, pela Sul-Americana (1x0 no Maracanã e 1x2 no Casa Blanca).
Minhas memórias desse confronto aludem a uma equipe equatoriana "espaçada" taticamente, com atacante velozes, porém de técnica precária, especialmente na finalização a gol. De lá pra cá, o time foi bastante reforçado, e a Liga parece estar tentando retomar o caminho de conquista de títulos nacionais e boas campanhas no cenário internacional. Em 2018, conquistou seu 11º título do Campeonato Equatoriano, e muito embora, na Sul-Americana, a campanha não tenha empolgado pela eliminação ainda nas oitavas-de-final para o Deportivo Cali (1x0, 0x1 e 1x3 nos pênaltis), não deixou de ter um resultado marcante: o atropelo sobre o Vasco da Gama (3x1 e 0x1), na segunda fase.
A LDU não conta com grandes estrelas. Porém, parece que seus dirigentes tentaram montar um elenco com jogadores de experiência internacional. O plantel de 2018, que já contava com alguns atletas desconhecidos, mas bem rodados, como o uruguaio Horacio Salaberry (31 anos), o equatoriano Anangonó (centroavante, 29 anos, 1.91m/EUA, Argentina e México) e o argentino Hernán Pellerano (31 anos/Vélez, Independiente, Newell's e Olimpia/ARG), foi reforçado com nomes como o argentino Nicolás Freire (zaga/Palmeiras) e os uruguaios Carlos Rodriguez (zaga/Peñarol) e Rodrigo Aguirre (centroavante/Udinese), além dos equatorianos José Ayoví (centroavante/Tijuana) e Jacob Murillo (meia/Estudiantes La Plata), que se juntaram ao jovem talento equatoriano Jefferson Intriago (zagueiro, prata-da-casa, 22 anos/Seleção Equatoriana na base e profissional) e alguns vice-campeões da Libertadores/2016 pelo Independiente del Valle, como Orejuela (emprestado pelo Fluminense) e Julio Angulo (meia-atacante).
A inspiração no Independiente del Valle de 2016 é ainda mais evidenciada por conta do treinador uruguaio Pablo Repetto, que naquela edição da Libertadores, além de conquistar o incrível vice-campeonato por um clube pequeno e repleto de jogadores desconhecidos, foi o primeiro treinador a eliminar em uma mesma competição Boca Juniors e River Plate. Abel conhece alguma coisa do trabalho de Pablo, que naquele segundo semestre de 2017 iniciava sua até aqui promissora e vitoriosa passagem pela LDU. Mas não seria má-ideia dar uma boa olhada nos videotapes do Independiente del Valle/2016, que só foi parado na final pelo multi-campeão Atlético Nacional, de Reinaldo Rueda. No mínimo, descobrirá várias ideias que o treinador uruguaio tentará aplicar em sua atual equipe.
Na temporada/2019, a LDU de Pablo Repetto está em 3º lugar no Campeonato Equatoriano, com 5 (cinco) jogos, 3 (três) vitórias, 1 (um) empate e 1 (uma) derrota, e 8 (oito) gols marcados contra 5 (cinco) sofridos. O revés ocorreu justamente neste último sábado, contra o líder Maracá, fora de casa, por 3x0. Já na Libertadores os equatorianos estrearam com uma segura vitória de 2x0 sobre o Peñarol, no Casa Blanca, e agora disputarão a liderança do grupo contra o Mais Querido.
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A bola rolará para Flamengo x LDU na próxima quarta-feira, 13 de março de 2019, a partir das 21:30h, no Maracanã, pela 3ª Rodada do Grupo 4 da Copa Libertadores da América/2109.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.