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Perdemos dez crianças. Dez meninos que estavam sob a nossa responsabilidade. Este é o fato que mancha para sempre a nossa história e nos faz chorar. Sentimos hoje uma dor que vamos continuar sentindo amanhã. E depois, por muito tempo ainda. Exibimos agora uma ferida que ficará exposta por anos e só cicatrizará no dia em que tivermos todas as respostas. Que talvez nunca cheguem... A partir do 8 de fevereiro de 2019, nós rubro-negros passamos a viver à sombra dessa enorme tragédia. Perdemos dez crianças. O que vamos fazer agora?
Perdemos dez crianças sob nossa responsabilidade. Reconhecer isso não é gesto de humildade, é uma obrigação moral da instituição. Não há justificativas ou desculpas possíveis. Perdemos dez crianças. O que fazer agora? Ao contrário do que deseja a sanha punitivo-vingativa das redes sociais, o Flamengo não vai acabar nem se imolar em praça pública. O Flamengo é muito mais e muito maior do que uma dúzia (ou mais) de indivíduos que certamente terão sua culpa demonstrada no curso das investigações e dos processos que virão.
Perdemos dez crianças. Deve haver punição aos responsáveis, proporcionais à sua participação e contribuição para o desfecho trágico. Tudo obedecendo ao devido processo legal, com amplo direito à defesa e presunção de inocência. Há raiva, indignação e dor, muita dor. Nós rubro-negros compartilhamos desses sentimentos e, acreditem, nosso sofrimento é maior. Não queiram estar no nosso lugar. Nós perdemos dez crianças.
O que fazer? Repito a pergunta porque ela não me sai da cabeça desde que fui despertado pela notícia terrível. Nada trará de volta os nossos meninos, como dói escrever isso. E agora? O primeiro e óbvio passo é amparar as famílias, prestar assistência médica, psicológica, moral e financeira. O segundo é honrar a memória dos “nossos dez”. Todos eles devem ser lembrados diariamente e para sempre na existência em vermelho e preto. Não apenas como símbolos de uma tragédia para prevenir outras, mas também como exemplos de amor por nossas cores e tudo o que elas representam. Desde sua fundação há quase 124 anos, o Flamengo tem sido uma escola. De remo, de futebol, de natação, de basquete, de ginástica. Também de valores, como esportividade, convivência e inclusão. Agora temos mais a aprender do que a ensinar. Perdemos dez crianças. Não podemos falhar com elas de novo.
Este texto é dedicado aos Meninos do Ninho
Arthur Vinicius
Athila Paixão
Bernardo Pisetta
Christian Esmério
Gedson Santos
Jorge Eduardo
Pablo Henrique
Rykelmo de Souza Viana
Samuel Thomas
Vitor Isaías