Flamengo vive um momento bem conturbado e inquietante. Sob o signo da tragédia em seu CT, todas suas decisões ficam mais difíceis. Difícil mensurar indenizações porque qualquer valor que se chegue a uma conclusão não paga em nada a dor dos pais. Mas é preciso se chegar logo a um acordo pois o Flamengo precisa virar esta página em consideração às próprias famílias, alijadas de seus filhos, na esperança que depositavam em suas viabilidades como atletas e por isto confiaram a vida deles ao Flamengo. Que falhou. E esta falha, ou melhor, o conjunto destas falhas, será definida pela perícia. Havia falhas estruturais no modulo habitacional? Parte elétrica mal mensurada? Falha na monitoria dos jovens? Falta de política adequada de prevenção de incêndio? Evidente que foi uma fatalidade. Ninguém esperava isto. Injusto até, porque a mudança para o Módulo 1 de alvenaria estava próxima de ocorrer e por algum motivo não foi realizada antes como previsto. Caso tivesse ocorrido a mudança e a tragédia não ocorrida, a falta de alvarás, certificação de bombeiros, etc etc passaria batido. O que, vemos agora, é intrinsecamente errado como princípio. Até para o clube, ou qualquer instituição, se proteger em caso de sinistro e ter a certeza que está agindo de forma certificada.
Mas, além disso, temos o problema esportivo com Abel. O técnico retranqueiro trabalhando com elenco formado por jogadores de toque de bola e tendências mais ofensivas. Formula perfeita para não dar certo. E não está. Técnicos de perfis mais modernos e dinâmicos ficaram de fora da avaliação do futebol do Flamengo, formado por amadores em sua maioria, nas decisões estratégicas e mesmo operacionais. Muita gente palpitando sem o menor conhecimento técnico. Chegamos ao futebol reativo de espasmos. Ontem deu certo pro Botafogo. Dominado por outro time, deu três chutes e ganhou o jogo. Mas é isto que se quer pro Flamengo com o elenco que tem? Espasmos?
E completando a série de equívocos temos a comunicação do Flamengo, em que a perda de qualidade é flagrante. Talvez por compromissos de campanha, trocou-se a divulgação qualitativa da mensagem por profissionais do clube por ID´s, que assim aumentam a visibilidade de seus canais com informações exclusivas. Vemos então a FlaTV empobrecida de conteúdo e mesmo o twitter, importante canal de divulgação, tendo cada vez menos relevância.
Ao mesmo tempo temos uma dicotomia. Em que pese o Landim no momento da tragédia, ao meu ver, ter tido um comportamento exemplar, ele apresenta-se normalmente bem ausente em termos de visibilidade externa em relação a sua gestão no clube. Não aparece dando satisfação em coletiva, ou mesmo entrevista. Sua ausência do vestiário é, no entanto, até salutar, considerando o presidente anterior que batia ponto no local. Como é um executivo com responsabilidades grandes e inequívocas em outras empresas, e isto ficou claro a todos durante a campanha, era de se esperar algo em torno disso. O que, ao meu ver, é até bem positivo. Mas em momentos ruins como estamos vivendo agora seria bom aparecer mais. Minha opinião.
Quanto ao time do Flamengo, enquanto não definir o valor das indenizações e forma de pagamentos não se pode pensar em contratações. Penso eu. Então é com este time que vamos em frente. Com estes laterais mesmo, tão criticados e ainda firmes e fortes no elenco.