segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Escolhas

Salve, Buteco! Após alguns minutos de futebol intenso na terça-feira, no segundo tempo do jogo contra o Boavista no Maracanã, o Flamengo voltou ao estádio para pela primeira vez em 2019 mostrar consistência e vontade de vencer durante os noventa minutos. É bem verdade que o adversário era a fraca Cabofriense, mas apesar disso pudemos assistir a um time bem postado taticamente, o que não ocorreu nas partidas anteriores, disputadas contra adversários da mesma estirpe (sem exceção). O desenho tático, dessa vez executado de maneira correta, variou entre um 4-2-3-1, sempre que o adversário tinha a bola, e um 4-1-4-1 quando o Mais Querido propunha as ações, a depender dos avanços do contestado Willian Arão, que ontem teve boa atuação, e não somente pelo gol e pela assistência. 

Por sinal, a frequência com que nosso camisa 5 subiu ao ataque no primeiro tempo é algo a ser observado em futuras partidas. Ontem pareceu-me clara a orientação de Abel para que o time iniciasse o jogo em grande intensidade, muitas vezes com marcação alta pressionando a saída de bola adversária, panorama que não se alterou mesmo após a abertura do placar, apesar do calor escaldante que fustigava todo o Maracanã. Os avanços de Arão certamente compuseram a estratégia. Resta saber com qual frequência ocorrerão contra adversários mais fortes ou mesmo fora de casa. As infiltrações do camisa 5 podem ser mesmo uma boa arma ofensiva, mas o time precisa ter um eficiente sistema de cobertura quando perder a bola no ataque. Por isso mesmo, prefiro que ocorram com moderação.

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Apesar da boa atuação de Diego, que marcou um golaço, e de toda a equipe, a formação que iniciou a partida e jogou até as substituições mostrou um pouco do que vimos desde meados de 2016: um time com muito volume de jogo, mas menos eficiente do que se espera. Oportunidades até apareceram, mas Uribe definitivamente não estava em um de seus melhores dias como finalizador. 

A formação com De Arrascaeta e Gabigol pareceu-me bem mais agressiva, ressalvados o desgaste do adversário, que passou a maior parte do tempo se defendendo, e o gol perdido pelo camisa 9, que acabou se mostrando "solidário" com o nosso centroavante colombiano. A assistência de Gabigol para Bruno Henrique e a velocidade da jogada me impressionaram, mas não tanto quanto o talento do uruguaio De Arrascaeta, pelo gol, pela classe e pelas verticalidade e inteligência de seus passes.

O recuo de Diego, após a saída de Willian Arão para a entrada do uruguaio, foi apenas momentâneo, eis que Everton Ribeiro logo deu lugar a Ronaldo, retomando os "dois volantes" que parecem ser a preferência de Abel para esse time do Flamengo. Cada vez mais tenho a impressão que a formação com três meias só será utilizada pontualmente. E como muitas vezes aconteceu com Thiago Neves no Cruzeiro, De Arrascaeta jogou ao lado de Diego, com Bruno Henrique trocando de lado.

O pouco que se viu até aqui mostra que Abel aposta na movimentação das peças no setor ofensivo (do meio para o ataque). Contudo, apesar de organizado, mas (ainda?) sem exibir qualquer sofisticação no campo tático, o Mais Querido passa a impressão que precisará muito de talentos como Everton Ribeiro, De Arrascaeta e Gabigol para atingir resultados superiores aos do último triênio.

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Aliás, caiu o mito de que Gabigol não jogaria "centralizado" com o nosso treinador. Profetizo que a próxima preocupação que afligirá nossa torcida será a titularidade (ou não) de Giorgian De Arrascaeta.

Não creio que Abel seja insano.

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Até a estreia na Libertadores, 5 de março (quarta-feira), contra o San José em Oruro/Bolívia, o Flamengo disputará no máximo 4 (quatro) jogos, se passar pelo Fluminense e disputar a final da Taça Guanabara, no dia 17 de fevereiro. Considerando que o confronto contra a Portuguesa, pela 2ª Rodada da Taça Rio, ocorrerá no sábado, 2 de março, é improvável que o time que jogará contra o San José dispute essa partida. Por isso mesmo, Abel terá no máximo 3 (três) jogos (finais da Taça Guanabara e Americano) para preparar o time da estreia na principal competição desse primeiro semestre. Em compensação, até lá sobrará tempo para treinar, pela ausência de jogos nos meios de semana, que retornarão somente em março e abril.

Até ontem, Abel trabalhou com o rodízio do elenco em dois times, o que muita gente na torcida e na imprensa ainda não assimilou, apesar das explicações, dos reforços que chegaram mais tarde sem pré-temporada e de adversários como Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras, bem melhor sucedidos no último triênio, adotarem essa estratégia. Agora sim, e até o início do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil (final de abril/início de maio), é que poderá se falar em titulares e reservas.

Chegou a hora de Abel tomar as decisões certas na escolha dos onze titulares que disputarão o Grupo 4 da Libertadores.

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O futebol é como a vida, dá muitas voltas e, por mais que tentemos nos preparar, na "hora H" acaba sendo imprevisível. No dia em que o Santos do meu treinador preferido colapsou e foi massacrado por um modesto Ituano, o treinador do meu time, do qual desconfio (e continuo desconfiando), teve uma tarde de grande felicidade.

Estou sendo injusto com Abel?

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.