O Flamengo já vinha forte no mercado quando trouxe Guerrero em 2015, Diego em 2016, Éverton Ribeiro em 2017 e Vitinho em 2018, sendo esta a contratação mais cara da história do clube.
Após anos de austeridade financeira, com reforços medianos, finalmente o clube poderia dar um passo maior. E conseguiu tirar o atacante peruano do Corinthians. Uma contratação significativa e que atraiu o olhar da turma que se concentrava em torno de sua bolha.
Foram vários os questionamentos, dentre eles: como o Flamengo vai pagar? Poucos acompanharam os cortes na carne lá em 2013. Quando acordaram da inércia, levaram um susto. E depois, a cada ano, sempre trazendo um grande reforço, culminando com os 10 milhões de euros por Vitinho.
Após um início vacilante, finalmente o corpo da diretoria do futebol foi montado e o clube partiu ferozmente para contratar os melhores, sem meio termo, sem deixar dúvida.
O Rubro Negro tem ansiedade por títulos, por conquistas, por isso o foco segue por reforços que cheguem, assumam a titularidade e decidam. A linha foi a mesma da montagem da comissão técnica / diretoria: não há nenhum novato. Adotaram sem medo o pragmatismo a despeito do duvidoso.
Problema é que tirar jogador de destaque dos rivais é dureza, principalmente em se tratando de Flamengo.
O exemplo forte está sendo na tentativa de contratação de Arrascaeta. O empresário do jogador revelou que apresentou a proposta do Rubro Negro à diretoria do Cruzeiro, que de imediato a considerou excelente. No entanto, ao revelar o autor da mesma, recusou o negócio.
E depois começou o show de um cinismo patético, de uma verborragia antiga do futebol brasileiro. O Cruzeiro, que deve mais de R$ 90 milhões em negociações, sofre diversas ações na FIFA por não cumprir com seus pagamentos - deve o próprio Defensor do Uruguai pela contratação de Arrascaeta há três anos e se recusa a aceitar uma bela oferta na mesa, que pagaria a dívida com o próprio clube uruguaio.
A direção cruzeirense ainda acusa o Flamengo de falta de ética no trato do negócio por terem iniciada a conversa com os agentes do jogador. No entanto, nessa sexta-feira, os próprios empresários revelaram que o time mineiro tirou o meia-atacante do clube uruguaio iniciando uma conversa com os próprios agentes, e depois foram sentar com o Defensor.
Na imprensa é farta a narrativa do Cruzeiro vítima do Flamengo malvadão, de que o Rubro Negro está inflacionando o mercado, de que é reforço demais e de que Arrascaeta é desnecessário. Enquanto isso Palmeiras há anos realiza diversas contratações, monta dois fortes times titulares, e seu planejamento é só elogios.
A própria imprensa que cobra profissionalismo no trato da gestão dos clubes, financia esses dirigentes irresponsáveis, que contratam reforços sem saber como vão pagar e ainda são vistos como vítimas das circunstâncias. Não há uma crítica, um questionamento, pelo contrário: quem cortou na própria carne e agora tem respiro financeiro para investir pesado é criticado.
Quem inflaciona o mercado é essa turma do doping financeiro, que mesmo com salários atrasados e reforços não pagos, segue empilhando contratações. Isso tudo graças à impunidade reinante no futebol brasileiro, que só vai acabar quando o clube que não honra com seus compromissos salariais e de negócios for impedido de fazer qualquer contratação.