Salve, Buteco! Em plena temporada de especulações, acompanhar o noticiário tem feito a torcida reviver a usual gangorra de expectativas quanto a reforços e dispensas no elenco. Conforme escrevi neste post, no último triênio o desempenho do Flamengo no Campeonato Brasileiro tem decaído conforme o time avança nas competições eliminatórias (Copa do Brasil e Libertadores ou Sul-Americana). Os melhores momentos, com Zé Ricardo (2016), Barbieri (2018 pré-Copa do Mundo) e Dorival (2018 pós-Copa do Brasil), ocorreram quando o time disputava apenas o próprio Brasileiro, o que leva à inevitável conclusão de que o Departamento de Futebol ainda não encontrou a fórmula de disputar as três competições mantendo as chances de título. Aliás, há mais de cinco anos que a torcida e a Diretoria do Flamengo não sabem o que é conquistar um título importante.
A derrocada do trabalho de Barbieri ocorreu na sequência pós-Copa do Mundo 2018, quando o Flamengo enfrentou, simultaneamente, uma difícil sequência de adversários no Brasileiro, o Cruzeiro pelas oitavas-de-final da Libertadores e o Grêmio pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. Devido à imprudente (sendo eufêmico) decisão de utilizar os titulares em todos os jogos, o time chegou exausto, física e mentalmente, à semifinal contra o Corinthians, caindo inesperadamente, apesar do franco favoritismo. É claro que fatores como a saída de Vinícius Jr., a falta de ritmo de Vitinho e a queda de rendimento de Lucas Paquetá também influíram. Ainda assim, tenho para mim que as chances de superar todas essas adversidades, seguindo nas três competições com chances de títulos, foram sensivelmente diminuídas pelo desgaste do time titular.
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No último triênio, o único treinador que enfrentou as mesmas dificuldades de Maurício Barbieri foi Reinaldo Rueda, que chegou no período mais crítico do calendário, entre os meses de julho e setembro, quando colidem a "virada de turno" do Campeonato Brasileiro, as quartas até a final da Copa do Brasil e as oitavas até o jogo de ida das semifinais da Libertadores (ou Sul-Americana). Sequência hardcore, de invejar maratonistas e triatletas. Rueda e Barbieri são de diferentes gerações, a ponto de não ser possível compará-los sob os parâmetros de currículo e experiência no futebol. Ainda que se considere que Rueda conseguiu se sair um pouco melhor por chegar a duas finais de competições eliminatórias, o trabalho de ambos sofreu e foi seriamente abalado pela mesma causa: o trimestre infernal de julho a setembro. Note-se que Rueda chegou em agosto, mas sofreu com os efeitos do indigesto julho/2017, que derrubou Zé Ricardo, treinador muito prestigiado com a Diretoria e parte da torcida.
O trimestre infernal é parte permanente do calendário e por isso tende a se repetir anualmente. Como o Flamengo também tende a se classificar para Libertadores na maioria dos anos ou, quando menos, para a Copa Sul-Americana (que também é desgastante), precisará aprender a lidar com o problema. CBF e CONMEBOL já divulgaram seus calendários para 2019, quando, logo após a Copa América, mais uma vez julho iniciará, para os clubes brasileiros que avançarem até a final da Copa do Brasil e semifinal da Libertadores da América, uma sequência sem intervalos no meio de semana até o final da primeira quinzena de novembro.
No Flamengo, como sabemos, a torcida não admite sequer deixar de ganhar o hoje bem menos relevante estadual. Salta aos olhos, tomando por exemplo o Palmeiras em 2018, que é preciso ter um elenco forte e homogêneo, capaz de enfrentar de duas a três competições simultâneas sem perder em competitividade. Logo, sem um elenco que permita a formação de dois times competitivos, arrisca-se repetir 2017 e 2018.
O que farão a respeito a Diretoria e o Departamento de Futebol do Flamengo?
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O 2019 do Mais Querido do Brasil começará a ganhar feições concretas hoje à noite, as 21:00h de Brasília, com o sorteio das fases preliminares e de grupos da Copa Libertadores da América. A Fox Sports e o Sportv anunciam a transmissão.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.