Landim foi eleito com a forte percepção, certa ou errada, que "não existia cobrança no futebol profissional do Flamengo". Foi a falácia do espantalho utilizada para vencer a eleição. Que é uma tática política bem comum, inclusive.
Evidente que se havia cobrança faltou a gestão anterior (ou ainda atual até janeiro), mudar a percepção que esta não havia através da comunicação para o público externo, sua torcida. Mas, o presidente e o VP atual pareciam ter esta preocupação de não tumultuar o ambiente interno. O que, afinal de contas, se tornou inócua, visto que não ganharam nada, embora tenham feito bom numero de pontos no Brasileiro e se mostrado um time competitivo ao longo de 2018 embora não decisivo, como se espera.
A ideia de formação de um Departamento de Futebol Profissional, com processos bem definidos, jogadores e profissionais blindados de pressão externa, entra em conflito com o que quer o torcedor. E este conflito fica maior se os resultados não vem. Declarações do presidente acochambrando resultados, protegendo jogadores ruins, piorou de forma exponencial esta percepção, dando condições para se criar raiva e ódio por sua atuação, à medida que a frustração ficava maior.
Então Landim foi eleito. E pela montagem do Departamento do Futebol tem-se a percepção de ir pro extremo oposto do que vinha sendo feito. Ao apostar em dirigentes pouco identificados com os processos modernos de condução do futebol e mais identificados com critérios comportamentais e disciplinares, embora sob Marcos Braz em 2009/10, paradoxalmente, o time do Flamengo muitas vezes se viu em várias esbórnias conduzidas por líderes do time.
Pelaipe, que foi o diretor executivo em 2013/14 e demitido pelo próprio Wallim, não tinha a característica estruturante (a razão alegada para sua demissão), mas tem a seu favor o fato do elenco se comportar disciplinarmente bem e ter ganho títulos, que hoje nos faltam. Penso que Pelaipe como gerente foi uma boa aposta desta nova gestão.
Abel, que é um técnico de mão de ferro, não sei como se comportará diante dos dois. Creio que eventualmente pode gerar alguns conflitos. Mas sendo um técnico experiente isto ajuda, ao meu ver, o processo.
Junta-se a isto o comitê dos palpiteiros, que representa uma variável intrigante nesta equação. Acomodando aliados políticos, dispensando qualquer tipo de qualificação técnica ou mínimo conhecimento do assunto, é um comitê que pode representar uma bomba ou algo até inesperadamente útil. Até mesmo ser apenas um assessório irrelevante ao longo destes 3 anos.
Mas o futebol irá reapresentar em janeiro. Até o momento nenhuma contratação feita. Superficialmente se nota que o foco do Flamengo continua sendo jogadores de nome, o que torna qualquer contratação mais complicada. Penso que o Flamengo poderia fazer um benchmarking no Corinthians, Grêmio e mesmo Palmeiras e contratar jogadores que se destacam em times menores ou séries inferiores, porque para estes jogadores virem ao Flamengo representa um enorme upgrade e, em tese, se esforçarão bastante para se mostrarem competitivos. Desde que, óbvio, sejam identificadas características táticas e técnicas relevantes para servirem ao Flamengo e que não tenham jogadores da base à altura.
Enfim, 2018 vai terminando e o novo/velho futebol se formando.
Que tenhamos sorte e sucesso.