A cobertura intensa do futebol dos meios jornalísticos vinculados a grandes mídias e as mídias independentes, que formam opiniões, contextualizam, articulam paradoxos, tentam arrancar qualquer vestígio de informação para então armar um grande circo, como se este vestígio amparasse qualquer conjectura doida do articulista da ocasião.
Este ambiente de reality show, em que até primo do primo de amigo do jogador, torna-se uma fonte confiável e relevante, com direito a mensagens de voz por whatsapp que são logo triplicadas, quintuplicadas em grupos e mais grupos tornando-se um tsunami de "Pura verdade" que constitui-se de uma grande farsa ilusória, com seus autores rindo na cara de quem conseguiu enganar. De novo. E de novo.
Jogadores-celebridades, dirigentes-celebridades, técnicos-celebridades, câmera, ação. Holofotes e mais holofotes porque a mídia, o pequeno monstro, cria do Leviatã, precisa disso para se retroalimentar, reforçar uma imagem qualquer em seus seguidores, crias, vítimas.
Deduções feitas com base em zero experiência, do "eu acho que", são postas na mesa. Repercutidas, compartilhadas, virando certezas que ao trazer a luz da verdade, são bolhas ridículas de pura fantasia, muitos originadas no recalque, na fascinação, ou no desejo de parecer diferente e independente.
E o reality show aparente pela torcida, tem seus mocinhos e vilões preferidos. Forjados na construção temática de jornalistas, colunistas, articulistas, alguns com objetivos de fato esportivos e analíticos, dentro do que raciocinam, e outros, com fins meramente políticos, seja construtivos ou "desconstrutivos".
Os memes turbinam a realidade aparente. A repetição deles, objetificam jogadores e dirigentes, formam uma opinião simples.. A complexidade da vida exige a simplicidade de vários temas. Ficamos com a simplicidade dos memes para desnudar uma complexidade.
Enquanto isto o futebol com seus profissionais lá dentro. Regras, discussões de trabalho, punições, elogios, treinamentos, disciplinas, ações operacionais, pensamentos estratégicos, horários, que ficam fechados em sua caixa. Sem acoplamento externo. E o fato de várias e várias ações não serem passadas ao público externo, porque, ora, é um ambiente de trabalho, são consideradas inexistentes pelo público consumidor de "reality show". "Se não vejo, então não existe." São Tomé posto em prática.