Salve, Buteco! Suave? Como não, né? Três jogos sob o comando de Dorival Júnior, três vitórias por goleada, 10 (dez) gols marcados e nenhum sofrido. Parte da torcida estava ressabiada. Jogo fora de casa, adversário sem vencer há 15 (quinze) jogos, com técnico recém trocado e retrospecto amplamente favorável contra o Flamengo (embora não o recente). E para piorar, uma treta totalmente imprevista e desnecessária com o Diego Alves aumentou ainda mais o nível de apreensão. Porém, já se foi a época das lutas contra o rebaixamento e dos sustos frequentes contra adversários minúsculos e de baixo orçamento. Vivemos novos tempos, nos quais o Flamengo, como previsto desde a montagem da Chapa Azul original, tende a figurar sempre entre os primeiros colocados de todas as competições que disputar. Com um centro de treinamento de primeira linha, o Mais Querido está prestes a inaugurar outro de padrão ainda maior, deixando o atual para a base. Algo inimaginável há uma década atrás. O desafio agora é outro, também inesperado: gerir bem o futebol e conquistar títulos, algo que a atual gestão, que executa (com ressalvas, vide "outros" no orçamento) a nova política financeira e administrativa de acordo com o planejamento inicial, definitivamente não conseguiu fazer em seis anos de mandato. Nunca imaginei que o Flamengo precisaria voltar a gostar de ser campeão.
Os novos tempos, ao contrário do que se previa há alguns anos, não trazem o Corinthians como maior opositor ao Flamengo no cenário nacional, mas o Palmeiras, turbinado financeiramente por uma patrocinadora que não poupa investimentos no futebol. Só que o Palmeiras está bem à frente do Flamengo em gestão de futebol (estrito senso). Não é que não tenham tomado decisões equivocadas. Lá, como cá, também caíram no "conto do estagiário estudioso", embora menos vezes. A gestão palestrina, contudo, inegavelmente montou um elenco mais equilibrado e é mais ágil para tomar decisões difíceis, algo impensável para a insegura e titubeante Diretoria rubro-negra. Não por acaso o Palmeiras disputa como favorito os dois maiores campeonatos do continente. Para não se tornar uma espécie de "Arsenal do Brasil", o Flamengo precisa subir de patamar em gestão de futebol.
Mais ainda do que em 2016, o Campeonato Brasileiro de 2018 tende a colocar em prática o que considero a tendência dos próximos anos, que é a disputa do título entre Flamengo e Palmeiras, clubes com mais estrutura e saúde financeira para encarar o sistema de pontos corridos. Mas por enquanto o Flamengo não é o principal protagonista e só corre atrás. Sábado, no Maracanã, véspera do segundo turno das eleições presidenciais, as duas equipes se enfrentarão no que tende a ser a primeira de muitas decisões entre ambas nas próximas temporadas. Se o Mais Querido não quiser comer poeira, não pode pensar em outro resultado que não a vitória.
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Agora disputando apenas uma competição, o desgaste pela maratona de jogos ficou para trás e não é mais um obstáculo. A sua frente o Flamengo tem por maior desafio reverter o retrospecto dos últimos anos e se impor em uma sequência de quatro clássicos, três deles interestaduais e contra grandes clubes paulistas: Palmeiras (c), São Paulo (f) e, após o Botafogo (c), o Santos (c), este último a segunda melhor campanha do returno. O Palmeiras, líder embalado por uma impressionante sequência de vitórias, também enfrentará sérias dificuldades nas próximas rodadas com Santos (c), Atlético/MG (f) e Fluminense (c), porém no mínimo por duas semanas intercalará esses jogos com as semifinais da Libertadores e tendo por adversário ninguém menos do que o Boca Juniors. Por mais que não possa criticar o início avassalador de Dorival Júnior no comando do Flamengo, teremos uma melhor ideia da evolução do time sob o seu comando após ao final da 34ª Rodada.
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A treta com Diego Alves foi desnecessária e era totalmente evitável. Não vi motivos para Dorival dar o mesmo tratamento a ele e Diego Ribas, mas não falta quem pense o contrário. Unânime parece ser a reprovação à atitude do goleiro. Contudo, acho que é uma posição sensível demais para ter a titularidade decidida sob esses parâmetros. O momento é de enorme pressão e absolutamente decisivo. Por isso mesmo, o problema precisa ser resolvido rapidamente e é indesejável que tome maiores proporções. Espero que o bom senso e o critério de qualidade prevaleçam. A margem de erro do Flamengo praticamente não existe, é bom lembrar.
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Dorival não tem muito o que fazer em termos de escalação, inclusive porque a formação dos últimos três jogos parece ter extraído o melhor de Vitinho e Paquetá, que cada vez mais se procuram e se acham dentro de campo. Agora é pensar na melhor estratégia para bater o líder, que vem embalado mas ontem demonstrou visível fragilidade nos escanteios (bola aérea).
Deixo para vocês falarem do jogo de ontem contra o fraco Paraná Clube.
Bom dia e SRN a tod@s.