SRN, Buteco.
Acho que todos nós temos os nossos próprios rituais
preparatórios para assistir aos jogos do Flamengo.
Seja no estádio, seja num bar ou mesmo em casa.
Separar a camisa, marcar com
os amigos, colocar cerveja ou refrigerante para gelar, preparar algum
petisco, verificar se o radio está com pilha antes de sair pro estádio ( esse
ultimo está em extinção...)
Dependendo da partida, é o grande evento da semana, o qual
esperamos ansiosamente e nos programamos em função dele. Quem já não remarcou
algum compromisso ou deixou de ir a algum aniversário porque era dia de jogo do
Flamengo?
Nos últimos tempos, porém, assistir a jogo do Flamengo se
tornou um fardo.
Já iniciamos a semana com a quase certeza de que ela vai ser
estragada justamente por aquilo no nos dava um dos maiores alegrias.
Assisir a jogo do Flamengo virou ir a reunião de condomínio,
enfrentar fila de banco, consulta ao dentista.E caminha perigosamente para se
tornar algo temível, uma coisa que tentaríamos evitar se fosse possível.
Assistir ao Flamengo caminha perigosamente para se tornar
uma colonoscopia virtual.
Começa o jogo e, com 10,15 minutos já se tem a impressão do
que não vai sair nada dali.Não se chuta a gol, a lentidão é gritante, assim
como o conformismo dos jogadores em campo.
E o que antes era prazer se transforma em obrigação, uma
tarefa comum e insossa, e durante a partida invariavelmente bate a vontade de
usar o celular ou dar uma folheada naquele livro esquecido na cabeceira da
cama.
Ao final do jogo, como quase sempre o time vem confirmando
as expectativas ruins, a cada dia conseguimos sentir menos raiva.
Sentimos um misto de tristeza, desprezo e convicção de que ,
infelizmente aconteceu o que se esperava e o time decepcionou mais uma vez,
Caminhamos para a indiferença. Espero, sinceramente, ansiosamente, desesparadamente, que
algo mude.