FREGUÊS
QUE VAI...
COPA
DO BRASIL 1999, Oitavas de Final
Grêmio
1-2 Flamengo, Flamengo 2-2 Grêmio
No
embalo da conquista da Taça Guanabara, três dias antes sobre o
Vasco, o Flamengo vai ao Olímpico enfrentar o Grêmio numa tarde de
feriado de Tiradentes. E, em uma de suas melhores exibições do ano,
amassa o time da casa, não tomando conhecimento do retrospecto
negativo. Desperdiça no mínimo três oportunidades claras na
primeira etapa (numa delas, um chute de Fábio Baiano que explode no
travessão). Mas no segundo tempo os gols saem e, aos 9 minutos, já
vence por 2-0 (Romário de cabeça e Caio, escorando um cruzamento
rasteiro). Mas o Flamengo relaxa com a facilidade e por pouco não é
punido. O Grêmio diminui com Macedo e tenta pressionar, mas o dia é
dos rubro-negros. Final, Flamengo 2-1.
O
jogo de volta no Maracanã inicia com panorama semelhante. O
Flamengo, mais time, começa criando várias oportunidades e abre o
placar numa cabeçada do zagueiro Fabão (que marca seu primeiro gol
pelo clube). O jogo parece controlado até que o treinador gremista
Celso Roth coloca um jovem magrelo que muda completamente o cenário.
Seu nome, Ronaldinho Gaúcho. Com a entrada de Ronaldinho, o Grêmio
passa a dominar o jogo e chega ao empate. Romário, mesmo estafado
por ter jogado em Barcelona pela Seleção Brasileira 24 horas antes,
encontra fôlego para desempatar (e mostrar uma de suas camisas com
frases de efeito). Mas, na segunda etapa, os gaúchos exercem uma
pressão quase insuportável e transformam uma disputa que parecia
encaminhada em um jogo cardíaco. Chegam ao empate numa cabeçada de
Scheidt e obrigam Clemer a praticar, pelo menos, três defesas
espetaculares. Ainda perdem uma chance claríssima, quando Fabão
consegue escorar um chute que ia para o gol, com Clemer caído. Seria
o gol da classificação. Mas, no fim, 2-2 e alívio para os de
Carlinhos.
COPA
MERCOSUL 2001, Semifinais
Flamengo
2-2 Grêmio, Grêmio 0-0 Flamengo (pen Gre 2-4 Fla)
Vivendo
pesada crise e seriamente ameaçado de rebaixamento no Brasileiro, o
Flamengo encara a Copa Mercosul como tábua de salvação. Um
razoável público (37 mil) vai ao Maracanã ver o rubro-negro fazer
uma primeira etapa enfim compatível com suas tradições. Aplicado
taticamente e atuando com muita raça (algo raro no segundo
semestre), o Flamengo, em 18 minutos, já vence por 2-0 (Juan de
cabeça e Beto, aproveitando contragolpe). Perde algumas chances de
ampliar e diminui o ritmo. O Grêmio de Tite tenta reagir e “acha”
um gol numa cobrança de escanteio. Na segunda etapa, o Flamengo
cansa e cede terreno. E é castigado a menos de dez minutos do final,
quando Fábio Baiano aproveita falha de Júlio César e marca o gol
de empate. O resultado agrava a crise no Flamengo, que completa o
quarto mês seguido sem vencer no Maracanã.
Para
o jogo de volta, o caos se instala. O meia Petkovic entra na Justiça
pedindo liminar que o desvincule do Flamengo, por conta do atraso nos
salários. A liminar é negada e o sérvio escalado. Temendo
agressões no embarque para Porto Alegre, os dirigentes orientam os
jogadores a viajarem “à paisana”, em vez de usarem uniforme do
clube. Além da decisão no Olímpico, o Flamengo ainda jogará sua
permanência na Primeira Divisão, domingo próximo, diante do
Palmeiras, em Juiz de Fora. Animados com a crise do adversário, os
gremistas exalam confiança e se declaram favoritos. Mas, dentro do
campo, as coisas se mostram diferentes. O Flamengo volta a atuar com
muita vontade, em nada lembrando o time apático que se arrasta no
Brasileiro. Sem em nenhum momento demonstrar apego ao empate,
pressiona o time da casa, chega a acertar a trave e protagoniza uma
das melhores partidas do ano. Na segunda etapa o Grêmio melhora e
fustiga a defesa flamenga, mas os dois times não saem do 0-0. Nos
pênaltis, brilha Júlio César, que defende as cobranças de Roger
Carvalho e Luiz Mário e faz os 50 mil gremistas presentes no
Olímpico reviverem um antigo pesadelo. Tal como em 1982, assistem em
silêncio à festa do Flamengo em seu gramado.
COPA
DO BRASIL 2004, Quartas de Final
Grêmio
0-1 Flamengo, Flamengo 0-0 Grêmio
Mordido
com a humilhante goleada sofrida no Barradão pelo Brasileiro (1-5
Vitória), o treinador Abel Braga promete um time de comportamento
bem diferente na primeira partida das Quartas de Final da Copa do
Brasil, no Olímpico. Faz algumas alterações, entre elas a entrada
do veterano Zinho. E é justamente Zinho que, aproveitando um passe
meio “sem querer” de Negreiros, abre o placar ainda aos 3 minutos
de jogo, batendo colocado no canto de Tavarelli. Com o gol, o
Flamengo se entrincheira em seu campo e o Grêmio tenta pressionar.
Mas falta qualidade, e os gaúchos se limitam a alçar bolas a esmo
na área flamenga. No fim, em jogo de baixo nível técnico, o placar
de 1-0 acaba se tornando definitivo, sob pesadas vaias da torcida
gremista.
O
jogo de volta, disputado para 20 mil no Maracanã, também se
ressente da falta de qualidade das duas equipes. O Flamengo, mais
ofensivo, tenta criar mais oportunidades, mas esbarra na já
conhecida inoperância de Jean. O meia Felipe, enquanto tem pernas, é
o mais perigoso jogador rubro-negro e cria as principais jogadas da
equipe. Na segunda etapa, Abel recua e vê o Grêmio tentar
pressionar, mas sem ameaçar o gol de Júlio César. No fim, um
pragmático 0-0, o suficiente para a vaga às Semifinais.
COPA
DO BRASIL 2018, Quartas de Final
Grêmio
1-1 Flamengo, Flamengo 1-0 Grêmio
(a imagem diz tudo)
...FREGUÊS
QUE VEM
COPA
DO BRASIL 1989, Quartas de Final
Flamengo
2-0 Corinthians, Corinthians 4-2 Flamengo
A
recém-criada Copa do Brasil se reveste em uma boa oportunidade para
o Flamengo de Telê se remontar, após as saídas de vários
jogadores. Sem maior dificuldade, a equipe vai avançando até chegar
às Semifinais, onde enfrenta o Corinthians (outro time em
reconstrução). Num Maracanã gelado, os pouco mais de 10 mil
pagantes veem uma exibição de gala de Zico, que comanda o
meio-campo flamengo e faz sua equipe se impor categoricamente ao
adversário. Após desperdiçar inúmeras chances, o Flamengo abre
2-0 no final da primeira etapa, gols do Galinho e de Nando, ambos de
cabeça. Após o intervalo, o rubro-negro perde inúmeras chances de
definir o confronto já no primeiro jogo. O Corinthians escapa de uma
goleada histórica graças às defesas de Ronaldo e a um gol
estranhamente anulado pelo árbitro Tito Rodrigues, que não permitiu
a aplicação de uma clara lei da vantagem em uma finalização de
Nando. No fim, a sensação de placar perigosamente magro.
A
sensação se mostra procedente. Entre os dois jogos, o Flamengo
realiza uma desgastante excursão à Alemanha, de onde desembarca
quase de imediato para um Pacaembu fervendo com 36 mil pagantes. O
rubro-negro, que tem como novidade a volta de Júnior, ainda faz um
bom primeiro tempo, que termina em um adequado 1-1 (gols de Neto,
para os paulistas, e Zico, de cabeça). Mas, esgotado, não resiste
ao veloz ritmo que o adversário imprime no segundo tempo e vai
cedendo terreno. Empolgado e empurrado pelo público, o time da casa
vai marcando seus gols, valendo-se da bola parada e de algumas falhas
do sistema defensivo rubro-negro. O clímax parece se dar aos 39,
quando Neto marca o quarto gol corintiano, que parece selar o
milagre. Mas Zico e Júnior estão em campo e, mesmo exaustos,
empurram o Flamengo à frente. Numa bola lançada, encontra Júnior
livre e o Capacete, retornando em alto estilo aos gramados
brasileiros, escora para marcar, a três minutos do fim, o segundo
gol flamengo e silenciar o estádio. O milagre de São Jorge é
reivindicado por São Judas Tadeu, e é o Flamengo que sai de campo
com a vaga.
TORNEIO
RIO-SP 1997, Quartas de Final
Flamengo
3-0 Corinthians, Corinthians 2-0 Flamengo
“Resgatar
as raízes” é o mote ao qual o Flamengo se dedica no início de
1997, tentando dessa vez montar um time com jogadores mais
identificados com o clube, missão que é confiada a Júnior e
Leandro, agora membros da Comissão Técnica. E o “novo” Flamengo
é posto à prova logo no primeiro duelo oficial da temporada, contra
o Corinthians, em um Torneio Rio-SP que traz como novidades algumas
mudanças experimentais na regra, das quais a mais comentada é a
adoção de tiros livres (sem barreira) após estourado um
determinado limite de faltas. O time paulista também traz novidades.
Turbinado pelo investimento do Banco Excel, traz uma equipe recheada
de medalhões e jogadores caros, como Marcelinho Carioca, Neto, Célio
Silva, o lateral Rodrigo (ex-Vitória) e o principal reforço, o
atacante Túlio, que promete reeditar um antigo duelo com o
rubro-negro Romário. Mas na primeira partida, a exemplo da maioria
dos embates anteriores, o Baixinho leva ampla vantagem. Motivado e em
boa forma, Romário marca dois gols e comanda o Flamengo nos
tranquilos 3-0 impostos ao adversário (o outro gol é de Sávio, de
pênalti). Júnior, o treinador, alerta: “não ganhamos nada
ainda”.
O
jogo de volta se dá em uma tarde de sábado, sob um intenso temporal
que afasta o público do Morumbi. O Flamengo, bem armado, controla a
partida e em nenhum momento tem a classificação ameaçada. O
adversário busca o gol explorando bolas paradas e cruzamentos na
área, mas a zaga, comandada por Júnior Baiano, está bem. Somente
após a entrada do perigoso Mirandinha (ex-Paysandu) os paulistas
ameaçam com mais solidez o gol flamengo. E a insistência é
premiada a quinze minutos do fim, quando Túlio abre o placar com uma
cabeçada. O Corinthians tenta aumentar a pressão, mas cede espaços
que não são aproveitados pelos leves Sávio e Lúcio, atrapalhados
pelo campo encharcado. No fim, já nos descontos, Mirandinha
aproveita uma confusão na área e amplia, mas o destino do confronto
está selado. O Flamengo passa às Semifinais.
TAÇA
LIBERTADORES 2010, Oitavas de Final
Flamengo
1-0 Corinthians, Corinthians 2-1 Flamengo
A
eliminação do Estadual traz efeitos devastadores para o Flamengo.
Andrade, que nunca desfrutou da preferência da Diretoria
recém-empossada, é demitido, assumindo em caráter interino o
auxiliar Rogério Lourenço. Não há tempo para lamentações.
Rogério tem a missão de remontar a equipe para as Oitavas de Final
da Libertadores, onde enfrentará o Corinthians. Se o retrospecto
recente é favorável ao rubro-negro (que não perde para os
paulistas há cinco anos), o favoritismo pende amplamente para o
adversário, detentor da melhor campanha da Primeira Fase e obcecado
pela conquista do torneio continental no ano de seu centenário. A
massa rubro-negra ignora a crise e lota o Maracanã com 70 mil almas,
que ignoram o dilúvio que desaba sobre o gramado e se dedicam a
empurrar a equipe ao longo dos 90 minutos. Mesmo com um jogador a
menos desde os 38’ do primeiro tempo (o meia Michael é expulso), o
Flamengo se mostra sempre superior aos comandados por Mano Menezes e
cria as mais perigosas chances de gol, chegando a acertar duas vezes
a trave corintiana. O gol somente sai no segundo tempo, quando
Adriano converte pênalti sofrido por Juan. No fim, o Corinthians
parece satisfeito com a magra derrota por 1-0. Será seu erro.
Destaque negativo para a péssima atuação de Ronaldo, substituído
e agraciado com uma espessa camada de vaias pelo Maracanã.
Cerca
de 35 mil pagantes transformam o Pacaembu em um caldeirão. O time da
casa começa melhor, impondo forte pressão, mas esbarra nas boas
defesas de Bruno. Mas o gol, que amadurecia, sai após David Braz
errar o bote e mandar a bola para suas próprias redes. Acuado, o
Flamengo sofre logo depois o segundo tento, em uma cabeçada de
Ronaldo que passa por baixo de Bruno. As equipes descem pro intervalo
com o público pedindo uma goleada. Subestimar o adversário sai
caro. Bem mais calmo e determinado, o Flamengo volta trocando passes
e rondando o gol adversário, até que, em uma bonita tabela entre
Juan e Kleberson, a bola chega a Vagner Love, que coloca entre as
pernas de Felipe. É o suficiente para a vaga. O Corinthians tenta
voltar ao ataque, mas é o Flamengo quem cria as melhores chances.
Mas a “bola do jogo” acaba nos pés de Chicão, que com primorosa
cobrança de falta vê Bruno realizar espetacular defesa e mandar
para escanteio os sonhos dos paulistas. O Flamengo se classifica. Ao
Corinthians, resta o silêncio. E o choro.