Salve,
Buteco! Agosto chegou com tudo e o Mais Querido começou sua "maratona azul" de decisões contra Grêmio e Cruzeiro. Por
enquanto, dois jogos contra o Grêmio na Arena, sendo um empate muito
comemorado pela boa atuação, especialmente na segunda etapa e por
ter buscado o resultado nos minutos finais, e uma derrota
decepcionante em razão da atuação “irreconhecível”,
sucumbindo facilmente perante os reservas do adversário, apesar da
maior parte do time ter sido formada por jogadores titulares. O jogo
que iniciou essa sequência decisiva aconteceu quarta-feira passada,
pela Copa do Brasil, e foi precedido de enorme expectativa. Chamou-me
a atenção o destaque dado pela imprensa à diferença de
estratégias entre o Flamengo e o Grêmio. Do lado de lá, Renato
Gaúcho, que foi atleta profissional de ponta e disputou as
competições mais importantes de sua época, tanto por clubes como
pela Seleção Brasileira, pregou com convicção a impossibilidade
dos atletas disputarem três jogos por semana. Do lado de cá,
Barbieri e o Departamento de Futebol do Flamengo não esconderam que
apostam na recuperação dos atletas com tecnologia de ponta e
preparação física de alto nível. Será que não é falta de convicção para priorizar?
Apesar de achar que ainda é cedo para cravar que existe uma estratégia visivelmente superior à
outra, cá do meu canto fico me perguntando se o desgaste psicológico não é ainda pior do que o físico, lembrando que a "maratona azul" ainda está apenas no começo. O certo é que, nesses dois primeiros jogos, a estratégia gremista
parece ter saltado à frente, e do lado do Flamengo o Departamento de
Futebol no mínimo precisa encontrar a explicação para uma atuação
tão ruim como a de sábado. Por sinal, o fato da derrota ter ocorrido logo no jogo
que valeu pelo Campeonato Brasileiro deixou a torcida ainda mais
desconfiada, pois nessa competição o Flamengo Pós-Copa tem cinco
jogos, com duas vitórias, um empate e duas derrotas. É óbvia a
queda de rendimento em relação ao primeiro semestre. Não foi à toa que, num curto
espaço de três dias, a Nação Rubro-Negra despencou de um estado
de confiança e alto-astral para um de frustração e desconfiança.
Procurando
explicações para a fraca atuação de sábado, resolvi mergulhar no
histórico dos confrontos entre o Flamengo e os dois principais
adversários do mês de agosto. Longe de pretender encontrar uma
causa única ou definitiva, constatei que alguns aspectos não podem
ser ignorados, como explicarei a seguir em relação a cada
adversário após a exposição de números dos confrontos diretos em
competições oficiais da CBF ou da CONMEBOL, claro que sob o ângulo
do Mais Querido.
***
Flamengo
x Grêmio
Mando de Campo
|
Competição
Oficial (CBF/CONMEBOL)
|
Total
|
||||
Brasileiro
(Unificado)
|
Copa
do Brasil
|
Libertadores
|
Mercosul
|
Supercopa
|
||
Rio
de Janeiro
|
43j.
20v. 14e. 10d.
|
|||||
Maracanã
|
25j.
14v. 8e. 8d.
|
6j.
2v. 4e.
|
2j.
1v. 1d.
|
1j.
1e.
|
34j.
17v. 13e. 9d.
|
|
Engenhão
|
2j.
1v. 1e.
|
2j.
1v. 1e.
|
||||
Moça
Bonita
(Proletário)
|
1j.
1v.
|
1j.
1v.
|
||||
Ilha
do Urubu
(Luso-Brasileiro)
|
1j.
1d.
|
1j.
1d.
|
||||
Porto
Alegre
|
41j.
2v. 14e. 22d.
|
|||||
Olímpico
|
24j.
2v. 8e. 13d.
|
6j.
2v. 1e. 3d.
|
2j.
1 e. 1 d.
|
1j.
1e.
|
1j.
1e.
|
34j.
2v. 12e. 17d.
|
Arena
do Grêmio
|
6j.
1e. 5d.
|
1j.
1e.
|
7j.
2e. 5d.
|
|||
Neutro
|
5j.
1v. 2e. 2d.
|
|||||
Pacaembu
São
Paulo/SP
|
1j.
1e.
|
|||||
Mário
Helênio
Juiz
de Fora/MG
|
1j.
1d.
|
|||||
Ressacada
Florianópolis/SC
|
1j.
1e.
|
|||||
Mané
Garrincha
Brasília/DF
|
2j.
1v. 1d.
|
|||||
89j.
23v. 30e. 34d.
|
O
Grêmio é uma pedra no sapato do Flamengo desde a primeira metade do
Século XX. Para se ter uma ideia, a partir de 1937 até 1969, entre
amistosos e competições oficiais, os clubes se enfrentaram oito
vezes, com sete vitórias gremistas (quatro delas no Maracanã!) e um
empate, no primeiro jogo da história confronto. A partir de 1970 o
Flamengo passou a ter melhores resultados, inclusive vencendo no
Estádio Olímpico, em amistosos e pelo Campeonato Brasileiro, mas a
primeira vitória no Maracanã, pelo Brasileiro, só aconteceu em
1974, na sétima (!) partida disputada no estádio, decidida com um gol do Galinho de Quintino. Aliás,
enfrentar o Grêmio nunca foi grande problema para o Galinho. Invertendo o que até então era um histórico de numerosas derrotas, em
jogos disputados entre 1973 e 1989 por competições oficiais pelo
Flamengo, Zico venceu cinco, empatou quatro e perdeu duas vezes (Brasileiros de 1973 e 1989). É
uma pena que os times pouco jogaram na melhor fase da história do Mais Querido. O título brasileiro de 1982 foi o último do fantástico time que venceu a Libertadores e o Mundial em 1981 Uma espécie de canto do cisne. Já as eliminações pela Libertadores em 1983 e 1984, assim como a goleada sofrida pela Copa do Brasil em 1989, ocorreram sem o Galinho de Quintino e com equipes em franca decadência, nos dois primeiros casos, quando Zico se transferiu para a Udinese na Itália, e no último, quando estava prestes a se aposentar e disputava poucas partidas (jogou apenas a ida no Maracanã).
Observando
globalmente os números de todos jogos oficiais, é fácil constatar
que existe grande equilíbrio nas competições eliminatórias ou
tipo “mata-mata”, ainda que, hoje, no saldo, os gaúchos tenham uma classificação a mais. Nelas, o Grêmio é um adversário
duríssimo, mas longe de ser um temido algoz. No Rio de Janeiro e
especialmente no Maracanã, é sempre um adversário incômodo e tem
um número nada desprezível de vitórias, mas ainda que se pondere
que o Flamengo poderia ter uma vantagem mais elástica nas vitórias,
a supremacia é rubro-negra, com alguma folga. Entretanto, nos jogos disputados pelo
Campeonato Brasileiro em Porto Alegre, a “freguesia”
rubro-negra, infelizmente, é incontestável. Quando vai à capital
gaúcha para jogar pelo Brasileiro, o Flamengo é frequentemente
derrotado, e não poucas vezes por dois ou mais gols de diferença.
Parece óbvio que o clube historicamente não se prepara para esses
jogos da mesma forma que o faz nas competições eliminatórias ou quando joga no Maracanã. É como se descartasse "guerrear" contra o Grêmio em Porto Alegre pelo Brasileiro. Portanto, percebam, semana passada, tanto quarta-feira, como no sábado, vivemos mais dois típicos capítulos dessa história, um pela competição
eliminatória (Copa do Brasil), outro pelo Brasileiro.
O
Grêmio, mesmo quando tem um time técnico, como o atual,
tradicionalmente joga um futebol de forte marcação e muito físico,
estilo que historicamente sempre “testou” o “toque de
bola” e o estilo ofensivo que sempre caraterizaram a maior
parte dos times do Flamengo. Então, não tenho dúvida de que jogo de volta, quarta-feira, dia 15 de agosto, no Maracanã, será duríssimo, seja pelo nível do campeão da Libertadores, seja pela tradição do confronto. Prevejo que, para decidir o jogo de durante os noventa minutos, o Flamengo terá
que apresentar um futebol superior ao de quarta-feira passada,
na Arena. E se preparem: fora o segundo turno do Brasileiro, não é impossível que os clubes se cruzem novamente em uma eventual final da Libertadores.
Como vocês podem perceber, ainda tem muita água para rolar em 2018 nesse histórico clássico interestadual.
Como vocês podem perceber, ainda tem muita água para rolar em 2018 nesse histórico clássico interestadual.
***
Flamengo
x Cruzeiro
Mando de Campo
|
Competição
Oficial (CBF/CONMEBOL)
|
Total
|
|||
Brasileiro
(Unificado)
|
Copa
do Brasil
|
Copa
dos Campeões
|
Supercopa
|
||
Rio
de Janeiro
|
34j.
16v. 9e. 9d.
|
||||
Maracanã
|
24j.
11v.5e. 8d.
|
4j.
1v. 3e.
|
1j.
1v.
|
||
Engenhão
|
2j.
1v. 1e.
|
||||
Ilha
do Urubu
(Luso-Brasileiro)
|
1j.
1v.
|
||||
Raulino
de Oliveira
Volta
Redonda
|
2j.
1v. 1d.
|
||||
Minas
Gerais
|
32j.
8v. 10e. 14d.
|
||||
Mineirão
Belo
Horizonte
|
24J.
5v. 8e. 11.d.
|
4j.
1v. 2e. 1d.
|
1j.
1v.
|
||
Independência
Belo
Horizonte
|
1j.
1d.
|
||||
Parque
do Sabiá
Uberlândia
|
1j.
1d.
|
||||
Arena
do Jacaré
Sete
Lagoas
|
1j.
1v.
|
||||
Neutro
|
5j.
2v. 1e. 2d.
|
||||
Kléber
Andrade
Cariacica/ES
|
2j.
1v. 1d.
|
||||
Castelão
Fortaleza/CE
|
1j.
1d.
|
||||
Almeidão
João
Pessoa/PB
|
1j.
1v.
|
||||
Rei
Pelé
Maceió/AL
|
1j.
1e.
|
||||
71j.
26v.
20e. 25d.
|
Falando das duas decisões, em 2003 o Flamengo brigou para não ser rebaixado para a Série B, enquanto em 2017, apesar de já estar em muito melhor situação, o futebol do clube ainda se encontrava preso a antigos vícios. Ainda assim, após dois empates com a bola rolando, o título só foi para a Toca da Raposa por um curioso detalhe envolvendo o goleiro rubro-negro, prova viva dos vícios aos quais me referi.
Em
outras épocas, e estando o Flamengo minimamente estruturado, a
tendência sempre foi de equilíbrio, mas pendendo para uma ligeira
predominância rubro-negra. Foi assim que, na década de 90, o Mais
Querido prevaleceu em dois dos três confrontos eliminatórios (Copa
do Brasil e Supercopa x Copa do Brasil) e venceu três dos cinco
jogos oficiais disputados no Mineirão, e mais recentemente, em 2013, eliminou da Copa do
Brasil (que veio a conquistar) o futuro bicampeão brasileiro.
O Cruzeiro teve bastante sorte por quase não ter enfrentado o Flamengo em sua “fase de ouro” (final dos anos 70 e anos 80), especialmente no auge da “Geração Zico”. A
história tem poucos confrontos entre o Flamengo em
seus melhores anos e os mineiros.
***
Na sequência, agora é a vez do Cruzeiro, para logo depois voltarmos ao Grêmio. Meu
coração de torcedor fica muito mais tranquilo quando o Flamengo
enfrenta os mineiros do que os gaúchos. Como se não bastasse,
comparando os três times, tenho a impressão de que atualmente os mineiros têm
o time menos forte do trio, e, além disso, os três próximos jogos da "maratona azul" serão no Maracanã. Porém, embora seja uma referência
importante, a história jamais define o presente e nem muito
menos escreve as páginas do futuro. Para voltar à liderança do Brasileiro e
seguir nas duas outras competições eliminatórias, o Flamengo terá que jogar ainda mais bola do que vem fazendo no pós-copa do Brasileiro, inclusive do que na
quarta-feira passada. Barbieri ajudaria muito se encontrasse jogadas para os centroavantes (Uribe, Dourado e Lincoln) finalizarem, inclusive melhorando o rendimento ofensivo dos laterais. Quem quer disputar três competições precisa fazer por onde. Qual é o sentido em contratar centroavantes de "último toque" e montar um time que não joga nesse estilo?
Porém, erros de planejamento e limitações à parte, acho que também falta uma pitada de vontade de vencer ou, nas palavras de Reinaldo Rueda, falta "guerrear", ainda que me pergunte se é possível e viável "guerrear" nas três competições. Às vezes acho que eles vão levando pra ver aonde tudo isso vai dar. O jeito agora é torcer, pois já anunciaram que o ciclo de contratações está encerrado. Difícil a vida de torcedor. Espero que a Nação saiba separar a disputa eleitoral no clube da paixão pelo Mais Querido.
Por considerar as duas competições esportivamente mais importantes, gostaria de ver priorizados o Brasileiro e a Libertadores, mas tenho a impressão que o Flamengo administrará (times mistos e/ou tirando o pé) o Brasileiro e irá com força total para as duas competições eliminatórias, inclusive pelos altíssimos valores de premiação da Copa do Brasil, na qual, acaso elimine o Grêmio, é provável que o Mais Querido dispute as semifinais contra o Corinthians e a final contra o Palmeiras de Felipão. Vejo-me então forçado a reconhecer que seria épica a conquista desse título e o quanto é difícil priorizar. Só não vale deixar o Brasileiro para trás. Deu pra entender?
A palavra está com vocês.
Porém, erros de planejamento e limitações à parte, acho que também falta uma pitada de vontade de vencer ou, nas palavras de Reinaldo Rueda, falta "guerrear", ainda que me pergunte se é possível e viável "guerrear" nas três competições. Às vezes acho que eles vão levando pra ver aonde tudo isso vai dar. O jeito agora é torcer, pois já anunciaram que o ciclo de contratações está encerrado. Difícil a vida de torcedor. Espero que a Nação saiba separar a disputa eleitoral no clube da paixão pelo Mais Querido.
Por considerar as duas competições esportivamente mais importantes, gostaria de ver priorizados o Brasileiro e a Libertadores, mas tenho a impressão que o Flamengo administrará (times mistos e/ou tirando o pé) o Brasileiro e irá com força total para as duas competições eliminatórias, inclusive pelos altíssimos valores de premiação da Copa do Brasil, na qual, acaso elimine o Grêmio, é provável que o Mais Querido dispute as semifinais contra o Corinthians e a final contra o Palmeiras de Felipão. Vejo-me então forçado a reconhecer que seria épica a conquista desse título e o quanto é difícil priorizar. Só não vale deixar o Brasileiro para trás. Deu pra entender?
A palavra está com vocês.
Bom
dia e SRN
a tod@s.