E o nosso Flamengo aprontou outras de suas famosas "flamengadas". Com um time infinitamente melhor que o do América Mineiro, deu tudo errado: primeiro, conseguimos tomar contrataque ganhando o jogo, o que rendeu a expulsão do Cuellar.
Depois, ainda tivemos duas oportunidades claras de gol, ambas desperdiçadas, alterações equivocadas, trazendo o América para cima e, mesmo com três zagueiros na equipe, não apareceu um para marcar o rebote da falta.
Enfim, mais dois pontos perdidos de bobeira, na corrida pelo campeonato brasileiro. Impossível para nós mantermos duas semanas de tranquilidade, estamos sempre à beira da crise, equilibrando-nos em uma corda, de bicicleta e sem rede de proteção.
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É justo que uma boa parte da torcida esteja descrente quanto à classificação no jogo de amanhã. Com essa oscilação que vem desde a volta da Copa, além da desvantagem de buscar dois gols na casa de um bom adversário, a vaga é apenas uma miragem.
Na nossa história recente na Libertadores, me recordo de duas eliminatórias em que precisamos buscar o resultado, depois de um horroroso primeiro jogo. No fim, apenas a tal "Eliminação Honrosa".
O futebol é cheio de clichês e a máquina tem que continuar a funcionar, haja o que houver. Um dos que mais abomino é a "eliminação honrosa", pelo alto teor de hipocrisia embutida nela.
Senão, vejamos: em 2007, classificamos em 2° lugar geral e pegamos o 15°, o inexpressivo Defensor do Uruguai. Na primeira partida, outra flamengada, time entra avoado e sai de campo com um 3x0 no lombo. No jogo da volta, apenas 2x0 e eliminação precoce da competição.
Na saída, jogadores e dirigentes colocam a culpa no juiz (que foi horroroso mesmo, a bem da História), no azar e dizem que a classificação fora "perdida no primeiro jogo". O time sai aplaudido, gerando a impressão que fez tudo o que poderia e a péssima apresentação da primeira partida é esquecida.
Em 2010, cenário parecido com o que encontraremos amanhã: após eliminarmos o Corinthians em São Paulo, o time entra desligado contra a Universidad do Chile no Maracanã e, em menos de 30 minutos de jogo, já perde por 2x0. No final, o placar de 3x2 para eles ficou barato.
Na volta, vitória nossa de 2x1 e outra "eliminação honrosa": o Flamengo tinha brios, e a desclassificação era um mero acidente, causado por um "apagão" no jogo de ida...
Naturalmente, não quero dizer que tomar uma goleada amanhã será melhor que ganhar de 2x1. O ponto é que as tais "eliminações honrosas" mascaram os problemas do clube, dando a falsa impressão de que está tudo no caminho certo, que faltam apenas "detalhes" para ser campeão. Não faltam.
Vamos esquecer o primeiro triênio, onde o compromisso era a reestruturação financeira do clube e focar apenas neste segundo mandato: em 2016 o Brasileiro escapou no final e em 2017 foram dois vices-campeonatos. Para este ano, não há mais nada a esperar além da conquista de um título relevante. Os expoentes do Flamengo neste último triênio são dois: Guerrero e Diego. O primeiro já disse adeus sem deixar saudades e o segundo, se não ganhar nada este ano, fatalmente ficará marcado como parte de uma geração perdedora.
Se for para colocar a culpa de uma provável eliminação no jogo de ida, então que se coloque o time reserva e mantenha-se o foco no campeonato brasileiro (e na Copa do Brasil).
Agora, se jogadores e comissão técnica estiverem realmente dispostos a encarnaram o verdadeiro espírito Flamengo, só resta uma coisa: trazer a vaga no vôo de volta, ao invés de desculpas.
Saudações Rubro-Negras!