segunda-feira, 23 de julho de 2018

Flamengo Pré e Pós-Copa da Rússia

Salve, Buteco! Todo mundo se lembra do Flamengo no segundo semestre de 2017, certo? Para resumir, o mês de julho começou bem, pois o time, que no final de junho acabara de vencer o Santos por 2x0 pela Copa do Brasil na Ilha do Urubu, no mesmo estádio venceu o São Paulo por idêntico placar, goleou o Palestino no Chile e, na sequência, venceu com autoridade o Vasco da Gama em São Januário. Com a confiança em alta, o time perdeu na mesma Ilha para o Grêmio, futuro campeão da Libertadores, e a partir de então começou a curva descendente que marcou a saída de Zé Ricardo do comando do Flamengo. Tudo isso aconteceu há apenas um ano atrás. Em agosto/2017 Rueda assumiu e, sem chegar a brilhar, conseguiu colocar o time novamente em patamar minimamente competitivo, a ponto de conquistar uma vaga na Libertadores e decidir duas competições eliminatórias – Copas do Brasil e Sul-Americana. A passagem de Rueda ficou marcada pelo bom aproveitamento de três jogadores egressos da base – Lucas Paquetá, Felipe Vizeu e Vinicius Jr., embora este último ainda não fosse titular.

E de lá pra cá, o que mudou? Na minha opinião, o Flamengo terminou o primeiro semestre de 2018 com uma evidente evolução, formando seu segundo melhor time deste século, atrás do escrete campeão de 2009. Comparando com o time de 2017, os laterais reservas, promovidos a titulares, deram mais vitalidade e força física ao time, melhorando o sistema defensivo, especialmente Renê na lateral esquerda. A zaga teve um salto de qualidade com as atuações da dupla Léo Duarte e Matheus Thuler, e Jonas, surpreendendo, mostrou-se um reserva tão eficiente a ponto de, ainda na passagem de Carpegiani, tomar por alguns jogos a titularidade do absoluto Gustavo Cuéllar.

Mas não foi só o sistema defensivo que melhorou. Vinicius Jr., ganhando a titularidade após a negociação de Éverton Cardoso (para mim, muito bom jogador de elenco), auxiliado pela meteórica ascensão, desde o segundo semestre de 2017, de Lucas Paquetá, elevou o Flamengo ao topo de competitividade no Brasil e na América do Sul. O desempenho da equipe nos confrontos contra os melhores do país e o milionário time do River Plate é prova disso. O forte do time era o equilíbrio. Se Éverton Ribeiro é mais um “ponta construtor”, o ímpeto ofensivo de Rodinei ajudou a trazer força e boas jogadas ao setor, enquanto na esquerda Renê se tornou imprescindível pela consistência defensiva que propiciou ao time, a ponto de ninguém sentir falta de sua pouca ousadia no apoio, até porque lá na frente Vinícius Jr. se encarregava de jogar por ele e mais uns dois. Até Diego, que vinha de uma longa fase improdutiva, melhorou muito após a frustração da convocação e uma aparente volta as suas características originais, livre de um suposto “compromisso” com o treinador da seleção brasileira. Finalmente, Felipe Vizeu, em seus últimos dias com a camisa rubro-negra antes de jogar pela Udinese, foi decisivo marcando os gols que Henrique Dourado não conseguiu.

Durante a Copa do Mundo da Rússia, com todas as competições paradas, aconteceu o que se temia, quando o Real Madrid exigiu a incorporação de Vinícius Jr. e pagou a parcela restante, e o que não se esperava, quando Jonas foi negociado e para os lugares dos dois ninguém foi contratado.

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O Flamengo pós-Copa da Rússia é diferente não apenas pela saída de Vinícius Jr. Com a volta de Réver à zaga, o time ganhou em experiência e altura nas disputas de bola aérea, mas perdeu em velocidade e força física nas disputas individuais. Com a negociação de Jonas, Gustavo Cuéllar não tem mais um reserva à altura, o que dificulta, senão inviabiliza manter a solidez defensiva na sequência de jogos. A atual situação do setor esquerdo do ataque é sintomática: no início do ano, o elenco contava com Everton Cardoso (titular), Vinícius Jr. (a caminho de barrar o titular) e Marlos Moreno (terceira opção). No Flamengo pós-Copa, Marlos Moreno se tornou a única (atenção, única!) alternativa para a posição e o titular do início do ano, do planejamento da temporada/2018, foi cedido ao São Paulo e é titular absoluto do adversário direto na disputa do título brasileiro. Mesmo agregando Matheus Sávio (lugar de Éverton Cardoso) como opção, o desequilíbrio em relação ao setor direito, que conta com o titular Éverton Ribeiro e os reservas Geuvânio, Orlando Berrío e Thiago Santos, é mais do que evidente.

Uma das alternativas que Maurício Barbieri vem tentando é a escalação de dois centroavantes, opção treinada conscientemente durante a Copa do Mundo, como informou várias vezes a cobertura jornalística diária do clube. Pelo que se viu do Flamengo em campo nos últimos cento e oitenta minutos, por mais que se considere todos os contrapontos possíveis, como a falta de ritmo e a perda que um jogador do nível de Vinícius Jr. representaria a qualquer equipe do mundo, os fatos estão postos como uma realidade inegável: o time desceu de padrão.

No Flamengo pré-Copa da Rússia problemas do elenco como a insegurança dos laterais reservas e o nível mediano dos titulares, além da elevada média de idade e frequentes contusões dos zagueiros Juan, Réver e Rhodolfo, eram compensados pelo excelente conjunto e o bom momento do time que vinha entrando em campo. No Flamengo pós-Copa da Rússia, o clube parece cultivar esses mesmos prolemas somando-os a outros que cria ou poderia perfeitamente evitar, como se a preferência fosse descer de patamar.

Maurício Barbieri, jovem muito talentoso e promissor na profissão de treinador, que tem grandes méritos na formação do ótimo Flamengo pré-Copa da Rússia, busca manter a consistência tática do time e se vira como pode. Ainda não estão claros todos os seus motivos, mas temo que, premido pelas circunstâncias, caia no erro comum a vários treinadores brasileiros e busque apoio nos “mais experientes”. Espero sinceramente que não seja o caso, até porque a história recente do clube mostra que essa não é uma boa solução e, na minha avaliação, a melhor fase de seu trabalho em 2018 decorreu, dentre outros fatores, justamente de escalar os jogadores que estavam em melhores condições.

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Os problemas do Flamengo pós-Copa da Rússia foram expostos no confronto de quarta-feira passada contra o São Paulo no Maracanã. O chamado jogo de seis pontos demonstrou que o adversário conseguiu manter e talvez até tenha elevado o nível de competitividade que apresentava antes da Copa do Mundo, enquanto o Flamengo não resolveu os seus mais latentes e caiu de padrão. O gol tricolor não surgiu do acaso, pois foi amadurecendo desde o primeiro tempo da partida. As chances perdidas pelo Flamengo poderiam ter mudado o placar, que, sem dúvida, teve a contribuição do acaso na sua formação, mas aquele equilíbrio rubro-negro do final do primeiro semestre inegavelmente se foi.

Sábado, contra o Botafogo, Barbieri foi extremamente feliz ao arriscar com Matheus Sávio e o esquema de dois centroavantes, se não foi um tremendo sucesso, não chegou a comprometer. Os sete minutos iniciais foram abençoados e no restante dos noventa, mesmo quando a equipe canina tentou “gostar do jogo”, o controle foi rubro-negro, sem sustos. Porém, não é difícil perceber que, a médio e longo prazos, a fatura tende a ser cobrada, por mais apoio e energia positiva que a Maior Torcida do Mundo mande para os seus jogadores.

A não ser, claro, que a Diretoria resolva pôr os pés no chão e busque jogadores que realmente tenha condições de custear no mercado internacional. Por sinal, falando em diretoria, Carlos Noval cada vez mais mostra que sabe tudo de formação de atletas, inclusive na problemática transição da base para o profissional. Ele e Bruno Spindel, contudo, estão devendo, e muito, no quesito contratações e desempenho na janela internacional de transferências. Como será que a Diretoria amadora avalia essa situação?

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O confronto de quarta-feira contra o Santos, na Vila Belmiro, não me parece ser propício para o esquema tático com dois centroavantes. Eu escalaria o time com Diego Alves; Rodinei, Léo Duarte, Matheus Thuler e Renê; Cuéllar; Everton Ribeiro, Diego, Lucas Paquetá e Matheus Sávio (Marlos Moreno); Uribe. 

E vocês?

Bom dia e SRN a tod@s.