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Eu sou um réu confesso: quando o Rocco me chamou pra escrever no Buteco, me senti (e ainda to nessa pilha) enferrujado e, pior, irritado demais para desenrolar a resenha pros frequentadores de tão digna mesa.
Foram 2 ou 3 textos chatos, carrancudos, reclamando da falta de sangue nos olhos (me perdoem pela excessiva repetição deste termo), de atitude, de tudo. Reclamava de um sentimento nobre de todo torcedor do Flamengo, e de vários ex-jogadores. Nem preciso descrever, né? Todos aqui sabem.
Então, de repente, não mais que de repente, a engrenagem funcionou. Um parafuso aqui, um parafuso ali, um jogador de base acolá, e a parada começou a andar num formato um tanto quanto parecido - e melhor, diga-se - do que esperamos.
E é nesse ponto que entra a justiça dos homens. Mas não a dos livros e códigos. Mas a justiça do torcedor, o nosso julgamento sagrado baseado nos livros da história do clube. Quando reclamamos, nunca é 100% chatice. E, quando devemos elogiar, é 100% pelo entendimento de que temos o que queremos.
O jogo contra o Palmeiras serviu não pelo empate. Muito menos pelos 4 pontos que mantivemos das segundas colocadas (as galinhas e as bambis). Acima de tudo, pelo aparecimento de uma atitude de homem, pelo culhão de não fugir às pombagirices não doutrinadas do Dudu e outros jogadores, pela atitude de cagar e andar pra um estádio cheio e tocarmos a bola pra cá, pra lá, e pra cá.
Durante o jogo, em um grupo de whatsapp, ressaltávamos essa atitude, as bolas dos jogadores batendo na borda na mesa enquanto porramos a rola na toalha quadriculada de uma cantina parmerense. Chegamos a dizer um "o resultado não importa, esses manés não ganham bosta nenhuma no grito. Aqui não".
E realmente não ganharam. E ainda saíram putinhas, o que torna as coisas mais divertidas e, sobretudo, esperançosas. Eram 6 da base. E ninguém correu da porrada. Muito pelo contrário. Caíram dentro, foram pro pau, enfiaram o dedo na cara dessa gente que se acha acima do bem e do mal, mas que não tem um mísero Mundial ou uma Copinha.
Oswaldo Tinhorão escreveu sobre essa questão de ganhar na bola e na porrada, acerca de algum Flamengo x Vasco. O texto em questão não era esse aqui (http://tinhorao.blogspot.com/2004/04/), mas ilustra bem algumas situações mínimas que esperamos de nosso elenco. A entrada do Cuellar no anão 7 dos porcos foi um cartão de visita com os dizeres "VEM QUE TEM, SEU MIERDA". Vai de encontro ao trecho do maravilhoso texto de Tinhorão que diz "O fato é que, graças a esse sistema, sei que o Flamengo ganhou e deu um baile no segundo tempo. Que teve porrada -- como eu gosto --, que o nosso Douglas Silva deu uma porrada nos cornos do pederasta do Claudemir... enfim, que o Flamengo ganhou na bola e no braço."
Resumindo, esse é o Flamengo que eu espero. Essa atitude, esse toque de bola que irrita a humanidade, e que nos deu 2 golaços - contra os bambis cariocas e contra o Paraná Clube. Um toque de bola que é a herança deixada pela década de 80. E que estava guardada em algum lugar, escondida. Barbieri achou, explicou, desenhou, fez apresentação em ppt, página com Flash, e o elenco entendeu. Azar dos rivais.
Vou pedir ao chefe férias durante a Copa. A não ser que ele queria alguma resenha sobre algum jogo. Vir aqui pra analisar as barrigadas de jornalistas que não foram pra Copa é demais pro meu colesterol. Se eu puder aconselhar, aqui vai: curtam a Copa. E lembrem-se de que o Flamengo contrata e anuncia. Não se mete em especulação, deixa isso pra demência de gente que se diz jornalista ou pra torcedor sem mulher pra aproveitar a vida.
E nada mais digo.
MS
CCM
DCF
SRN