E numa partida marcada pela, talvez, punição mais esdrúxula da história do futebol, em que a torcida da casa briga e quem é punida é a torcida adversária, ao ser impedida de acompanhar seu time, o Flamengo fez o dever de casa e venceu a fraca Ponte Preta pelo placar raquítico de 1 x 0.
Na segunda partida do suposto momento eureka "achei o time" do interino Barbieri, o Flamengo não se apresentou bem. Sentindo a ausência do Diego, jogador-chave do esquema, por não só saber conduzir bem a bola, como se movimentar bastante se aproximando do ataque e dando tempo dos demais jogadores chegarem na frente. Fora sua capacidade de finalização, o que o faz ser marcado pela zaga adversária, criando espaço para atacantes do Flamengo se posicionarem e finalizarem.
Sem Diego, e agora? Barbieri optou por deslocar Everton Ribeiro para exercer sua função, e o perdido Geuvânio deslocado para a ponta direita. Só que Everton Ribeiro não faz o papel de Diego, é um jogador de toques rápidos na bola e vertical, logo não "prende" a bola no setor. E Geuvânio não é nenhum Everton Ribeiro. Fica mais preso à ponta, ao invés de se deslocar pela diagonal, o que acaba tirando o peso do "meio" do Flamengo. Além disso não esteve bem, tecnicamente, no jogo.
Paquetá, enquanto teve fôlego, fez mais uma boa partida, fazendo muito bem a saída de bola, e Cuellar, mais uma vez mostrando que quem tem Cuellar não precisa de dois volantes. Tirava todas as bolas que aparecia, sempre com excelente posicionamento. Pelas laterais, Rodinei e Renê dificilmente apoiavam, pareciam presos na defesa, talvez por orientação de Barbieri. O que acarretava um ataque sempre com pouca gente por parte do Flamengo.
Henrique Dourado, aquela famosa pouca técnica e muita luta que lhe é característica.
Flamengo, no entanto, mal iniciou o jogo, teve um gol mal anulado, Leo Duarte foi subir para cabecear, encostou no zagueiro da Ponte, que caiu no chão como se um tiro tivesse levado. Gol anulado. Flamengo e sua relação com arbitragem. E, o ritmo de jogo, mesmo que recalcitrante, continuou. Insistindo demais no diálogo Paquetá-Vinicius Jr, Flamengo atacava sempre pela esquerda. Bem, eu também o faria. Só olhar para a direita, com Geuvânio lá. Dourado, brigando com a bola e com os zagueiros, não tinha chances de finalização. E, em um momento de jogo travado, eis que Everton Ribeiro dá um passe sensacional ao Paquetá, que sai do quadrado de marcação da Ponte, avança até a linha de fundo, e cruza gentilmente para Dourado, sussurrando:"faz..."
Dourado fez e guardou. Flamengo 1 x 0. Merecido pelo volume de jogo.
O jogo então ficou enrolado. Flamengo resolveu se poupar. Não mais forçava as jogadas, ficava tocando a bola de lá para cá, e sua zaga conseguia rebater todas as bolas. Primeiro tempo acabou, torcida do Flamengo contente pelo 1 x 0 mas preocupada com a apresentação um tanto quanto "devedora" do Flamengo.
E veio o segundo tempo, Flamengo em modo enrolação novamente. Enchendo linguiça. Ponte Preta presa na sua própria incapacidade de concatenar jogadas. Além disso tiveram a inteligência de marcar Paquetá, o que piorou as coisas pro lado rubro-negro. Então Doriva fica puto. Resolve substituir e partir pro abafa. As coisas então, começaram a complicar para o Flamengo. Em determinado momento reclamaram penalti do zagueiro-lateral Renê, que não passou de disputa de bola normal na minha opinião completamente imparcial. Em outro momento, Leo Duarte incorpora o espírito de Vaz, faz besteira na saída de bola e a Ponte Preta perde sua grande chance de gol. Chuta uma bola na trave, e no rebote, o atacante finaliza para uma ótima defesa de Diego Alves. Que assim ganhou pontos comigo, pois andava devendo.
Flamengo então, acorda do sono esplêndido, Jean Lucas entra em campo. E isto incendeia o time, mostrando que hoje é uma boa opção ao Flamengo. Seja como reserva imediato do Paquetá, seja para fazer com que ele avance e reveze de posicionamento com ele. À partir daí, Flamengo perdeu algumas chances seguidas, a ponto do Renê quase deixar o seu.
Final de jogo. Flamengo 1 x 0 ensinando algumas lições. Everton Ribeiro não se encaixa perfeitamente na função tática de Diego. Logo, se Diego não joga, tem que adaptar outro esquema ao time. Geuvânio, em péssima partida, não pode ser alternativa para entrar de início. Jean Lucas, entrou muito bem. Dinamismo, ousadia, condução de bola, se mostrou um bom volante. Vamos ver sua sequencia. Enfim, mais uma vitória, mais uma partida sem levar gols e vamos levando (desta vez olhando para o lado positivo...)