segunda-feira, 28 de maio de 2018

Números e Projeções

Salve, Buteco! E esse Flamengo do Barbieri? Líder com ataque mais positivo e melhor saldo de gols, tendo a sexta defesa menos vazada da competição (dividindo posição com o Palmeiras). Além disso, classificado para as oitavas-de-final da Libertadores, em um dos grupos mais equilibrados, e também para as quartas-de-final da Copa do Brasil. A sequência no Brasileiro trará três partidas no Maracanã com mando de campo (Bahia, Corinthians e Paraná) e uma em campo neutro (Fla-Flu), no próprio Maracanã ou no Mané Garrincha, até o confronto pela 12ª Rodada, contra o Palmeiras na Allianz Arena, e a subsequente paralisação do certame durante a Copa do Mundo/2018. Os números são muito bons e naturalmente dão margem a uma dose de confiança cujo tamanho varia de acordo com o feeling de cada torcedor. A questão é que o Flamengo pariu um caminhão de porcos espinhos pra vencer o Emelec em casa, empatar com o River Plate em Buenos Aires e vencer o Atlético/MG no Horto. Tudo bem, ninguém conquista as maiores taças sem suar bastante, mas a preocupação da torcida com a melhora de rendimento do time é justificável, pois há razões para temer uma queda de rendimento se a qualidade do jogo (tática e técnica) não melhorar.

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Um dos parâmetros mais justos para avaliar os bons números do Flamengo de Barbieri é a dupla Corinthians e Palmeiras, clubes que nos últimos anos foram os campeões brasileiros com filosofias de jogo totalmente antagônicas e coincidentemente serão dois dos próximos cinco adversários.

De um lado, o Corinthians em 2017 (50 gp x 30 gc) apostou em um sistema defensivo sólido, que sofre poucos gols, e na máxima efetividade de um ataque que não se diferencia pelo número de gols marcados, mesma filosofia adotada pelo Santos (42 gp x 32 gc), porém como pior desempenho ofensivo. De outro lado, o Palmeiras apostou no poder ofensivo do elenco e exibiu notável regularidade no setor, com 62 (sessenta e dois) gols marcados em 2016 e 61 (sessenta e um) em 2017, conquistando respectivamente a primeira e a segunda colocações nos dois certames. A diferença entre o título e o vice parece ter ficado no setor defensivo e nos 32 (trinta e dois) sofridos em 2016 contra os 45 (quarenta e cinco) que entraram em 2017. 

A título de comparação, o Atlético/MG, adversário de sábado, tentou seguir o mesmo caminho do Palmeiras em 2016, atingido notáveis 61 (gols) marcados, mas não teve o mesmo desempenho defensivo, com indesejáveis 53 (cinquenta e três) gols sofridos. Em 2017 os mineiros marcaram 52 (cinquenta e cinco) vezes e foram vazados 49 (quarenta e nove), diminuindo a margem de equilíbrio e despencando para a nona colocação.

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A diferença entre os “modelos” palmeirense e corintiano fica visível quando se analisa os artilheiros de cada equipe e a proporção de gols marcados por cada um deles. No Corinthians/2017 Jô foi artilheiro da competição com 18 (dezoito) gols e é fácil constatar o peso de seu desempenho na campanha, já que o segundo maior artilheiro do time, Jadson, marcou apenas um terço de vezes (seis gols). Nesse “modelo”, o time me parece ser excessivamente dependente do desempenho de um jogador, situação oposta ao que ocorreu no Palmeiras no último biênio.

O Palmeiras/2016 teve como maior artilheiro na Série A Gabriel Jesus, com 12 (doze) gols, seguido de Jean e Dudu, cada qual com 6 (seis) gols. Os artilheiros seguintes e suas posições dão ainda maior ênfase à diferença entre os “modelos” palmeirense e corintiano: Yerri Mina e Victor Hugo, zagueiros, e Clayton Xavier (meia) e Roger Guedes (atacante) converteram 4 (quatro) vezes; Moisés, Alecsandro e Erik 3 (três) vezes, Thiago, Leandro e Tchê-Tchê 2 (duas) vezes, e Rafael Marques, Zé Roberto, Thiago Santos, Gabriel, Fabiano, Cristaldo e Lucas Barrios marcando 1 (uma) vez cada, mostrando que os alviverdes tinham um time composto por vários jogadores com bom poder de finalização, com maior distribuição dos 62 (sessenta e dois) gols.

O Palmeiras/2017 chegou a fantásticos 61 (sessenta e um) gols sem contar com um destaque individual do porte do ótimo e promissor Gabriel Jesus. Vejam os artilheiros palmeirenses na última edição da Série A: Dudu (9 gols), Keno (8 gols), Willian e Deyverson (7 gols), Borja (6 gols), Guerra (5 gols), Roger Guedes (4 gols), Moisés (3 gols), Yerri Mina (2 gols), Bruno (2 gols), e Luan Garcia, Hyoran, Egídio e Mayke, cada qual com 1 (um) gol marcado. Total: 61 (sessenta e um) gols distribuídos entre 14 (catorze) artilheiros.

No final das contas, acho que os mosqueteiros extraíram de um limão uma limonada em 2017, desempenho que dificilmente será repetido de uma temporada para outra, por melhor que seja o trabalho de seu Departamento de Futebol, a não ser que “achem” outro Jô (versão 2017). Em contrapartida, os palmeirenses parecem ter explorado bem sua maior capacidade de investimento. É digna de elogios a manutenção do desempenho ofensivo, enquanto parece evidente que desceram alguns degraus no quesito defensivo.

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E o Flamengo? 52 (cinquenta e dois) gols marcados e 35 (trinta e cinco) sofridos em 2016 e 49 (quarenta e nove) marcados e 38 (trinta e oito) sofridos em 2017. Ficou próximo do Grêmio/2017 (55gp x 36 gc) e do Cruzeiro/2017 (47 gp x 39 gc). Não encontro melhor explicação para os três terem ficado da 4ª a 6ª posições em 2017. Os números do Flamengo estão longe de serem ruins e foram o principal motivo para colocá-lo nas primeiras posições da primeira página da tabela, mas está cada vez mais claro que para ser campeão é preciso subir de degrau no patamar do equilíbrio. 

Vejo o Flamengo mais próximo do "modelo palmeirense". Analisando os desempenhos de 2016 e 2017, a diferença do Flamengo para o Palmeiras, no campo ofensivo, esteve não no fato de que ambos tiveram seus gols distribuídos entre vários atletas, mas no número de atletas com maior capacidade de marcar gols que cada um teve em seus respectivos elencos. Guerrero foi o maior artilheiro do time na Série A em 2016 com 9 (nove) gols, seguido de Diego (6), Felipe Vizeu (reserva de Guerrero, 5), Willian Arão e Alan Patrick (4), Everton, Mancuello (pouco utilizado) e Gabriel (3), Jorge, Marcelo Cirino, Réver, Damião e Fernandinho (2), e Ederson (1).

Em 2017 os gols foram distribuídos entre mais jogadores, porém o desempenho foi um pouco inferior: Diego (10), Guerrero (6), Réver (5), Everton Ribeiro e Everton Cardoso (4), Leandro Damião e Vinicius Jr. (3), Berrío, Felipe Vizeu, Mancuello e Rodinei (2), Pará, Rafael Vaz, Lucas Paquetá, Matheus Sávio e Trauco (1). Neste ponto a suspensão de Guerrero, a contusão de Berrío e novamente a pouca utilização de Mancuello podem ter sido um peso a mais.

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Mas e o Flamengo de Barbieri no Brasileiro/2018? Até aqui, segundo informações extraídas do site da CBF, os gols do Flamengo continuam bem divididos entre Vinicius Jr. (4), Lucas Paquetá (2), Henrique Dourado (2), Everton Ribeiro (2), Réver (1), Diego (1) e Guerrero (1). Portanto, o time ainda segue o "modelo palmeirense", nesta temporada executando-o de modo mais eficiente que o "criador".

Aplicando uma simples regra de três, com a média atual de gols marcados e sofridos o Flamengo terminaria a competição, após a 38ª Rodada, com cerca de 70 (setenta) gols marcados e 32 (trinta e dois) sofridos. Com a mais absoluta certeza disputaria o título e teria enormes chances de se sagrar campeão.

A pergunta é: o que fazer para manter o ritmo e chegar em dezembro levantando a taça?

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Eu diria que a bola está com a Diretoria. Para elevar o nível tático do time, melhorando a performance fora de casa e diminuindo o verdadeiro sufoco que o Flamengo vem passando nos jogos maiores, para começar precisamos de um treinador mais experiente e melhor do que Maurício Barbieri, em que pese ser justo reconhecer o que de bom fez até aqui.

Para manter a média de gols ou mesmo aumentá-la, é preciso manter Vinicius Jr. até dezembro e contratar um centroavante de qualidade que se encaixe no perfil tático que vem sendo implantado, o que definitivamente não é o caso de Henrique Dourado, em que pese ser justo reconhecer todo o esforço de nosso centroavante para se adaptar.

Para melhorar o desempenho defensivo, chegando à sintonia fina entre ataque e defesa, o Flamengo precisa de uma dupla de zaga mais jovem e de opções para as laterais. Por mais que Léo Duarte e Matheus Thuler venham conquistando espaço, ao menos um nome para viabilizar a rodagem do elenco se faz necessário.

E para tudo isso acontecer, a Diretoria terá que mexer as cadeiras e, adotando uma postura auto-crítica inédita até aqui nas duas gestões de Eduardo Bandeira de Mello, negociar e/ou repor os nomes que, por motivos diversos, vêm se mostrando inúteis no decorrer dos jogos: Rômulo, Willian Arão, Geuvânio e Ederson são os casos mais extremos. Em relação a esses atletas, é até preferível utilizar a base, seja em qual competição for necessário. Já a dupla peruana Trauco e Guerrero, bem mais interessada na Copa do Mundo do que no Mais Querido do Brasil, é um caso à parte, especialmente pela suspensão (ainda que injusta) do centroavante. Talvez o lateral ainda possa ser útil em outra posição, mas não seria má ideia aproveitar a convocação para o Mundial e negociá-lo.

A oportunidade está posta. Resta saber qual é o tamanho da vontade de ser campeão.

Bom dia e SRN a tod@s.