Salve, Buteco! O Mais Querido do Brasil está muito bem encaminhado nas três maiores competições do ano: quarta-feira, basta um empate para se classificar para as quartas-de-final da Copa do Brasil; depende de uma vitória simples sobre o Emelec, no Maracanã, no próximo dia 16, para estar nas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América, e continua na liderança do Brasileiro. Portanto, se nas competições eliminatórias o prognóstico de classificação se confirmar e até a décima-segunda rodada a liderança for mantida, o Flamengo encerrará o primeiro semestre num ano de Copa do Mundo como há muito tempo não se via. Acredito que algo semelhante só ocorreu em 1982, quando a Copa da Espanha se iniciou pouco mais de dois meses após conquistarmos nosso segundo título brasileiro. Atingidas essas metas, a paralisação para a Copa do Mundo poderá finalmente ser destinada a preparar o elenco para disputar o título das três competições. Será o momento de contratar o treinador certo, fazer uma pequena, mas precisa reformulação no elenco e treiná-lo para o que promete ser um intenso e exaustivo segundo semestre, repleto de decisões.
Contudo, a sequência pós-Emelec merece especial atenção pelo nível dos adversários: dia 19, sábado, no Maracanã, o Clássico dos Milhões contra o Vasco da Gama; dia 23, quarta-feira, no Monumental de Nuñez, o River Plate no último jogo da fase de grupos e, no dia 26, sábado, no Independência, o Atlético/MG.
***
Não há a menor necessidade de exaltação excessiva, assim como é pura tolice relativizar o bom momento do time. "Ah, mas o Ceará veio da Série B, a vitória era obrigação". Tá bom. Expliquem então esse raciocínio pro Corinthians. "Ah, o Internacional também acabou de subir da Série B, o time é horroroso". Ok, perguntem então ao Cruzeiro se foi fácil segurar o 0x0 após serem literalmente massacrados no Beira-Rio pela 3ª Rodada. Nem tanto ao Céu, nem tanto à Terra, Pessoal. Aliás, falando em Internacional, nosso adversário se postou em um 4-2-3-1 aguerrido, tentando se aproveitar nos contra-ataques dos avanços da nossa segunda linha. E quase conseguiram, seja pela velocidade dos pontas Willian Pottker e Patrick, seja pelos avanços do meia D'Alessandro ou do "segundo volante" Gabriel Dias, que se aproximava da nossa grande área com perigo e tentou várias vezes arrematar de média distância, ou ainda pelo jogo aéreo com Leandro Damião. O certo é que o Colorado levou bastante perigo, obrigando Diego Alves a praticar boas defesas.
Muito embora tenha pressionado mais e ficado com maior percentual de posse de bola, o Flamengo criou poucas situações de gol, a melhor delas defendida por Danilo Fernandes. De qualquer modo, o Internacional se mostrou um adversário superior a todos os anteriores, que não se limitou a apenas esperar o Mais Querido. Os quarenta e cinco minutos iniciais foram importantes porque mostraram a já conhecida dificuldade do time para enfrentar defesas melhor postadas e uma marcação mais aguerrida.
No segundo tempo, a exemplo do que havia acontecido contra o Ceará, o time subiu de produção, primeiramente pela pequena melhora de rendimento por parte de Geuvânio, em segundo lugar pelo magnífico desempenho Everton Ribeiro e finalmente pela entrada de Guerrero, que fez o jogo fluir com mais desenvoltura do que Henrique Dourado, sempre limitado a jogadas dentro da área. A galera jogou junto com o time durante os noventa minutos e foi bonito de se ver. No final da partida, Diego Alves novamente praticou duas defesas difíceis e confirmou a boa fase, impedindo o Inter de descontar o placar.
Individualmente, Henrique Dourado vem cumprindo um bom papel e será um reserva bastante útil, mas não há como discutir a titularidade do peruano, que abre um leque muito mais amplo de opções no jogo ofensivo. Por exemplo, em seu primeiro pivô, Guerrero deixou Vinícius Jr. na cara da grande área para penetrar sem marcação, algo inimaginável na primeira etapa.
Individualmente, Henrique Dourado vem cumprindo um bom papel e será um reserva bastante útil, mas não há como discutir a titularidade do peruano, que abre um leque muito mais amplo de opções no jogo ofensivo. Por exemplo, em seu primeiro pivô, Guerrero deixou Vinícius Jr. na cara da grande área para penetrar sem marcação, algo inimaginável na primeira etapa.
Os coadjuvantes Cuéllar (monstro!) e Rodinei, que cada vez mais se solta e vem ganhando importância na lateral direita, merecem menção honrosa. Porém, Everton Ribeiro foi o craque do jogo e Paquetá, mesmo não estando em um de seus dias mais brilhantes, mostrou como pode ser decisivo em lances individuais e o quanto já incomoda os adversários. O histriônico D'Alessandro que o diga...
***
Com o tempo algumas dúvidas serão sanadas. A primeira delas é se Everton Ribeiro manterá o nível de atuação com a volta de Diego ao time. O ponto é: Diego é muito mais contundente e tem muito mais qualidade do que Geuvânio, porém sua presença em campo muda um pouco o papel tático de Everton Ribeiro. Outra dúvida, na verdade uma expectativa positiva, é o quanto Guerrero elevará a qualidade das ações ofensivas.
Fala-se muito na partida de Vinicius Jr. para Madrid e em uma misteriosa proposta por Lucas Paquetá. Tenho certeza de que a presença desses dois atletas, ao menos até o final do ano, garantirá ao Flamengo no mínimo um dos três títulos em disputa. Com o Real Madrid o espaço para negociação tem suas limitações, mas não é impossível um acordo até dezembro. Com relação a Lucas Paquetá, os comentários são de que o contrato é muito bem amarrado e protege o patrimônio do clube. Não há como deixar de elogiar. Contudo, é preciso cuidado porque, segundo esses mesmos comentários, Paquetá ganha menos do que os outros astros do elenco, sendo que no momento ele simplesmente "é o cara" do time.
O Campeonato Brasileiro de 2018 está me lembrando, ainda que em pequena proporção, das grandes edições da competição nos anos setenta e primeira metade da década de oitenta, quando eram raríssimas as negociações para o exterior e a esmagadora maioria dos melhores atletas brasileiros jogava no país. Todo mundo tinha um camisa 10 habilidoso e cerebral, não faltavam bons jogadores em todas as posições. Não é a mesma coisa, mas dá gosto de ver atletas do nível do Luan, do Arthur, do Vinicius Jr. e do Lucas Paquetá desfilando em nossos gramados, o que tem proporcionado ao torcedor algumas partidas de muito boa qualidade, algo impensável nos últimos anos.
Na minha modesta opinião, antes que empresários façam sua cabeça, o Flamengo deveria fazer justiça à importância do Paquetá para o time e ao menos lutar para estender sua permanência no Brasil, até porque essa pode ser a diferença entre levantar as taças que a Nação tanto aguarda e ter um ano como os dois últimos. Hoje o clube dispõe de condições financeiras para tanto. Tudo na vida é equilíbrio e no futebol os títulos têm um peso tão importante quanto a estabilidade patrimonial e financeira.
***
Passo a bola correndo pra vocês, mas antes, sem pipocar, digo que iria de time misto na quinta-feira, talvez a última oportunidade que teremos para rodar o elenco e poupar os atletas antes da Copa do Mundo.
Bom dia e SRN a tod@s.