segunda-feira, 14 de maio de 2018

Dejà Vu

Salve, Buteco!  O momento do Flamengo com Maurício Barbieri no comando técnico me lembra do contexto de quase 2 (dois) anos atrás, quando vivíamos o auge da era Zé Ricardo e a esperança pelo título Brasileiro ainda estava viva e pulsante. Apesar de algumas evidências apontarem para os problemas que teríamos mais adiante, prevalecia o otimismo e a confiança no talento de qume parecia ser, depois de muito tempo, uma autêntica revelação da nossa base para a função de treinador. Para mim, o momento que mais simbolizou esse período foi o dos dias que sucederam a vitória fora de casa no Barradão, contra o Vitória (2x1), e antecederam o empate contra o Palmeiras na Allianz Arena (1x1). No dia 12 de setembro de 2016 publiquei este post, com essa foto, ressaltando exatamente a dicotomia entre o momento esportivo do time, analisado a partir da posição na tabela do Campeonato Brasileiro, e as críticas ao trabalho do treinador advindas das redes sociais.

No Barradão, o Flamengo venceu com Alex Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz e Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão e Diego (Mancuello); Gabriel (Marcelo Cirino), Leandro Damião e Fernandinho (Alan Patrick). Os gols do Mais Querido foram marcados por Gabriel e Fernandinho.

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Lembram-se do que aconteceu na rodada seguinte na Allianz Arena? Jogo pesado, contra o então líder e futuro campeão brasileiro, o qual nos havia derrotado em Brasília em um confronto equilibrado, porém decidido pela nossa dupla de zaga. Márcio Araújo, que ao menos para mim não deixou saudade, jogou uma das suas piores partidas pelo Flamengo e terminou expulso com menos de vinte minutos de partida. Sacrificado, Diego saiu e mesmo assim a equipe jogou de forma heroica uma de suas melhores partidas no certame. Mesmo assim, Cuéllar, que entrou no lugar de nosso hoje camisa 10, não se saiu bem na cobertura da lateral esquerda, tomando um baile do Dudu.

Na Allianz Arena, o Flamengo jogou com Alex Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz e Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão e Diego (Cuéllar); Gabriel (Alan Patrick), Leandro Damião e Everton (Marcelo Cirino). O gol do Mais Querido foi marcado por Alan Patrick, que na ocasião fez sua última grande exibição com a camisa do clube.

O jovem treinador rubro-negro, sucessor de Muricy Ramalho, e que portanto não participou do planejamento daquele ano, recebeu merecidos elogios após o empate com um a menos por quase toda a partida, jogando de igual para a igual com o melhor time do campeonato. A confiança atingiu o topo após a vitória fora de casa com time misto contra o Palestino pela Sul-Americana e uma virada espetacular sobre o Cruzeiro em Cariacica. O Flamengo parecia estar realmente ambicionando o título e passava a impressão que ensaiava uma de suas tradicionais e fulminantes arrancadas, até que, ainda em Cariacica, no jogo de volta contra o Palestino, aparentemente sob controle, veio a catástrofe, após a qual as coisas nunca mais foram as mesmas, apesar de a partir de então o time disputar apenas uma competição.

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Olhando hoje para essas escalações fico a impressão de que o time chegou até onde podia mesmo. Não é só pela quantidade de jogadores limitados, mas pela própria mentalidade do Departamento de Futebol como um todo. O time titular de hoje, convenhamos, é bem melhor. A mentalidade nem tanto. Já o elenco oferece mais opções, inclusive vindas da base. Ainda assim há problemas, como a zaga envelhecida e jogadores caros que deveriam disputar posição, porém estão apenas encostados no elenco, casos de Ederson e Rômulo, especialmente, e também de Willian Arão, cujo futebol, que jamais foi extraordinário, decaiu vertiginosamente a partir de 2017. Isso para não falar do Geuvânio... Tal como há dois anos atrás, algumas apostas são evidentemente equivocadas, fruto da falta de auto-crítica de quem monta o elenco. A insistência no erro não costuma caracterizar os grandes campeões, assim como a tolerância com a derrota.

Mal comparando os jovens treinadores, Maurício Barbieri no início de 2018 era apenas um auxiliar recém-chegado ao clube. Logo, tem em comum com Zé Ricardo o fato de pegar o time sem haver participado do planejamento, mas diferentemente do antecessor, recebeu o elenco sem reforços e para disputar três competições simultâneas. Barbieri parece ter consciência de que o caminho não é brigar com os fatos, erro cometido por seu antecessor. Vem se mostrando bem menos propenso a insistir teimosamente no que não dá certo e tomou algumas importantes decisões para a melhora do time, destacando-se, neste ponto, o recuo de Paquetá pelo meio em algumas partidas e a constante utilização de Jean Lucas. Entretanto, perdoem-me se não exalo confiança, mas eu teria poupado mais jogadores do time titular e substituído antes o Paquetá na quinta-feira, contra o Ponte Preta, e jamais escalaria Rodinei como ponta direita ao rodar o elenco contra a Chapecoense. Enfim, os critérios para rodagem do elenco não me convencem; porém, tal como ocorria com Zé Ricardo há quase dois anos atrás, as críticas até o momento colidem com a posição do time nos três campeonatos.

Vivemos um dejà vu, concordam?

A Diretoria tem até a parada da Copa do Mundo para cair na real, quando então chegará o famoso momento de separar os adultos das crianças. Seja qual for o desfecho, o segundo semestre será repleto de emoções.

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Escrevi esse texto antes da partida de ontem, ressabiado. Até então, o Flamengo só havia perdido para a simpática Chapecoense uma vez na história dos confrontos: em 2014, pelo Campeonato Brasileiro, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo. Formou na ocasião com Paulo Victor; Luiz Antônio, Marcelo, Wallace e João Paulo (Márcio Araújo); Muralha, Canteros (Negueba) e Lucas Mugni; Gabriel (Eduardo da Silva), Alecsandro e Eveton. Depois, em Chapecó, foram só vitórias, com Oswaldo de Oliveira (show do Paulinho), Zé Ricardo (show de Mancuello) e Reinaldo Rueda.

Fiquem a vontade para comentar. Ao menos dessa vez optei por me poupar do desgaste.

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Prefiro não tratar o Emelec como baba ou a vitória como favas contadas. Os equatorianos têm vocação ofensiva e nunca abrem mão completamente do ataque. A título de exemplo, o River Plate só conseguiu abrir o placar em Buenos Aires por volta da metade do segundo tempo. Com certeza incomodarão com seu contra-ataque veloz. Confio na vitória, mas não me surpreenderei se for dramática e suada. Não admito outro resultado que não a classificação para as oitavas-de-final da Libertadores.

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A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.