Bem, demitiu-se parte da perebagem dos profissionais do Departamento de Futebol do Flamengo. A falta de resultados, a ausência de gana para títulos, o resultado ruim em uma decisão contra um time como o Botafogo acabou resultando em uma explosão do Lomba, que resolveu, tal como na cena "casamento vermelho" do Game Of Thrones, sair decapitando geral, desmentindo assim os gatos mestres que diziam que o mesmo era mais um fantoche do EBM.
Não surpreendentemente, considerando até a explosão emocional, Lomba disse verdades sobre a falta de ímpeto dos jogadores. Eles, claro, não gostaram, visto que o trabalho deles é público e acreditam que ao menos devem ser protegidos deste tipo de crítica externa advindo do próprio Departamento de Futebol. Lomba entendeu isto depois, e tratou de querer colocar panos quentes, embora, claro, não deve ter sido suficiente para deixar de estar queimado entre os jogadores. Imagino. O que pode vir a se tornar (mais) um problema.
Na minha opinião EBM e Fred Luz foram pegos de surpresa pela decisão do Lomba. Eles imaginam o futebol tal como Rodrigo Caetano descreveu na ótima entrevista concedida ao jornalista Raphael Zarko https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/caetano-revela-bastidor-de-saida-e-afirma-no-fla-as-vezes-o-externo-pauta-o-campo.ghtml , vulgo filosofia "Barão de Coubertin", ou seja, o "importante é competir". Mas não no caso do Flamengo. O Flamengo não quer apenas competir, quer ganhar. E isto tanto EBM como Fred Luz jamais entenderam. E talvez irão morrer sem entender. Acham que os resultados virão com o elenco qualificado de forma perene em uma boa estrutura. Sim. Mas não é só isto. É necessário a implementação de uma "cultura competitiva", que o Flamengo não teve durante todo este tempo. E não tem há bastante tempo. Diga-se. A última, quando você via o time lutando para ser campeão, foi em 2013 na Copa do Brasil. Tínhamos a sorte de ter o Elias em estado iluminado, Brocador e o elenco com raiva do Mano querendo "mostrar a ele". Não foi algo trabalhado e sim, circunstancial. Como foi em 2009, que além de termos a graça de ter Pet e Adriano no time, o elenco queria mostrar ao Cuca que poderiam conquistar algo sem ele. Também circunstancial. Quando é perene a gana continua, o "time a ser batido" continua na próxima temporada. Flamengo não consegue mais forjar isto em si.
Historicamente, Flamengo geralmente formou seus times vencedores, perenes, com a intensa utilização da base, alguns jogadores calejados (como Renato Gaúcho, por exemplo) e jogadores-aposta, não necessariamente vindo de grandes times, como era a preferência do Rodrigo Caetano. Hoje Flamengo não olha mais jogadores loucos para explodir em time grande, o que pode ocasionar um futebol de mais garra com jogadores que têm esta a "única chance". Não. Busca um reforço encostado de time europeu aqui, de time chinês ali, enfim, jogadores já estofados de grana. Blasés. Já conquistaram títulos, já foram reconhecidos ao menos uma vez. Têm mercado. Tá tudo bem.
E qual será a determinação da linha nova do Departamento de Futebol profissional? Não sabemos. Noval foi puxado da base e sua primeira providência foi chamar um preparador físico conhecido que estava no Sport. É um profissional de excelência ou foi chamado porque é amigo? Não sabemos. Exatamente porque esta era a postura do Rodrigo Caetano. Chamar conhecidos de confiança, não necessariamente os melhores. Porque o resultado final não importa. Também estamos sem técnico para avaliação de contratação de reforços imediatos. Barbieri, o técnico interino, vai treinando o time. Não sabemos se mantendo o esquema tático do Carpegiani ou não. Talvez chegando outro treinador isto pode até atrapalhar.
O futebol sofreu um cataclisma, tal como Sodoma, foi destruído por seus "pecados". Agora, que sua reconstrução não o transforme em Gomorra, e sim em nova Roma.