Salve, Buteco! Há praticamente um ano, segunda-feira, 13 de março de 2017, eu publiquei o texto intitulado “Fora de Casa”, no qual destacava o desempenho do Flamengo no Campeonato Brasileiro/2016 como visitante sob o comando de Zé Ricardo e pontuava que a partida da quarta-feira seguinte, dia 15, seria efetivamente o primeiro jogo fora de casa, ou seja, como visitante “pra valer” na temporada/2017. Isso porque, fora um amistoso em Goiânia, até então o Flamengo havia jogado apenas como mandante ou em campo neutro pelo Estadual ou pela Libertadores. Dei-me ao trabalho de estudar partidas emblemáticas na temporada/2017, para o bem e para o mal, como por exemplo os empates no Allianz Arena e no Mineirão, assim como a derrota no Beira-Rio, e a diferença de estilo de jogo (propositivo e com posse de bola) como visitante e mais reativo como mandante, adotado na partida contra o Santos. Apostei em uma formação semelhante às adotadas em 2016 e até tentei adivinhar as alternativas possíveis. Mal podia imaginar que o então treinador Zé Ricardo promoveria a volta de Márcio Araújo para o time, armado à base dos “lançamentos” longos de Rafael Vaz para o ataque, no estilo “ligação direta”. Muitos torcedores cuja opinião respeito e sempre levo em consideração foram seduzidos pela atuação no primeiro tempo, inobstante a derrota. Os “três volantes” foram então considerados uma boa alternativa a ser repetida em outras ocasiões. Não sem os meus protestos...
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Curiosamente, um ano depois cá estou, segunda-feira, 12 de março de 2018, vivendo a mesmíssima situação em relação ao jogo da próxima quarta-feira, 14 de março, quando, no Estádio George Capwell, em Guaiaquil, a “Pérola do Pacífico”, o Flamengo nos dará a primeira impressão concreta de como se comportará como visitante em 2018. Resolvi não repetir o mesmo estilo de abordagem, não por superstição, mas na verdade porque o time não anda passando muita confiança mesmo. Ademais, de 2017 pra cá houve duas mudanças no comando técnico do time, além da adoção de um desenho tático diferente e uma escalação em tese muito mais ofensiva, mas que na curta estrada percorrida em 2018 ainda não se provaram efetivos, especialmente para na prática pressionar os adversários.
O certo é a incerteza. Não há referências confiáveis. A rigor, o Flamengo foi “quase-testado” na semifinal da Taça Guanabara, sua melhor atuação em 2018 até o momento, e efetivamente testado na estreia pela Libertadores em um estádio sem torcida. O Emelec, adversário de quarta-feira, na teoria adotará o estilo que costumamos chamar de “aprontar correria”. Parece ser mais forte do que o atual Botafogo (não o de 2017) e mais entrosado do que o River Plate, embora sem a mesma qualidade técnica. E principalmente pelo verdadeiro caldeirão que é o George Capwell, dá toda a pinta de que exigirá bastante do Flamengo. É nesse ponto que surgem fundadas dúvidas.
O time controlará o jogo com a posse de bola ou será pressionado no campo de defesa? Exigirão que Henrique Dourado jogue fora de suas características ou prepararão jogadas compatíveis com seu estilo de jogo? Ou será que o Carpegiani emulará Zé Ricardo e aprontará alguma surpresa? Média de idade alta, falta de intensidade no ataque e as más fases de Diego e Everton Ribeiro, além da fragilidade física e defensiva no segundo tempo (Botafogo duas vezes e River Plate) são os principais fantasmas que assombram a torcida do Flamengo. Há ainda a desconfiança de que o time não sairá da acomodada zona de conforto na qual se prostrou e não quer de jeito nenhum sair, nem quando está em uma final disputado título.
Portanto, a desconfiança e a falta de empolgação são justificáveis. Nesse 2018, receio que vivenciaremos mais do mesmo: elenco reforçado na janela do meio do ano com base nas "oportunidades de mercado", começo claudicante no Brasileiro e talvez até troca de técnico na paralisação para a Copa do Mundo. A diferença estará no calendário apertado do segundo semestre, justamente pela suspensão dos torneios durante o Mundial. Se não for bem reforçado, reformulado e rejuvenescido, o elenco não suportará a impiedosa maratona e os resultados dentro de campo poderão ser inferiores a 2017, que esteve longe de ser o ideal. A oportunidade para mudanças virá, contudo o núcleo duro da Diretoria é composto pelos "Três Patetas".
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O desempenho dos equatorianos me surpreendeu no confronto contra o Santa Fé (1x1) no El Campín, em Bogotá. Os colombianos eram favoritos, ainda mais na altitude (2.600m), porém não foi isso que se viu dentro de campo. O jogo da próxima quarta-feira provavelmente será muito físico, corrido, o que deveria preocupar o Flamengo especialmente pelos desempenhos nas segundas etapas dos jogos de maior porte em 2018. Além disso, o Emelec também demonstrou um bom jogo coletivo. A tendência é que pressione e tente utilizar a velocidade. O estilo de jogo me lembrou o do seu grande rival da cidade, o Barcelona, que por sinal fez muito boa campanha na Libertadores/2017 eliminando vários favoritos (Atlético Nacional, Estudiantes e Palmeiras) até se deparar com o Grêmio Porto-Alegrense nas semifinais.
A palavra, como sempre, está com vocês.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.