Em mais um jogo no carioquinha durante o torneio que interessa, a Libertadores, Flamengo foi à Volta Redonda, com Julio César no gol, enfrentar o Boavista com o contumaz público reduzido no estádio, com 3.000 pagantes. Mostrando a falência deste modelo de campeonato, o qual a FERJ não dá a mínima. O negócio é faturar com TV e 10% da renda bruta dos jogos de seus afiliados ditos grandes.
Bem, com este jogo estes 10% daria para pagar alguns rodízios em churrascaria e só. Mas o público reduzido viu in loco um jogo, ao meu ver, muito interessante.
Primeiro que o Boavista tem um sistema de marcação muito bem treinado. Se compacta muito bem, joga em duas ou três linhas, e persegue ferozmente quem está com a bola. Demonstrando um bom trabalho do técnico Eduardo Allax, um ex-goleiro, acostumado a sentir na pele as necessidades de uma boa marcação. Porém no ataque o Boavista, parece que sem alguns titulares, só ameaçava quando o promissor Lucas pegava na bola. Rápido, driblador, causava algum alvoroço na defesa do Flamengo que estava muito bem representada por Cuellar de primeiro volante (que jogador!), Rhodolfo e Juan (a minha zaga dita titular, diga-se) e os laterais. Renê fez, ao meu ver, sua melhor atuação como lateral este ano. Seguro na defesa e boa presença quando ia pro ataque. Rodinei, na lateral direita, também fez boa partida, iniciando vários contra-ataques, muitos deles chegando na frente e não tinha a quem passar.
E o primeiro tempo? Acho que a ótima marcação pegou de surpresa o Flamengo. Diego, Everton Ribeiro e Paquetá não conseguiam concatenar jogadas. Dourado não recebia bolas, e o Everton corria para frente e para trás na esperança de uma bola sobrar para ele. Flamengo, com enorme volume de jogo, girava a bola para cá e para lá, esperando abrir uma defesa muito bem fechada que não caía fácil na armadinha. Na única, de fato, boa jogada, o Renê deu um passe espetacular para Everton sair sozinho na frente do gol, finalizando para boa defesa do goleiro do Boavista.
Chegou o intervalo. Paquetá já dizendo que o time errou tudo. Estão pilhados. Legal, pensei eu. Faca nos dentes pro segundo tempo. Mas reconheço também os méritos do Boavista, porque vontade não faltava ao Flamengo só não sabia o que fazer e não encaixava seu jogo.
Vem o segundo tempo. Carpegiani nitidamente acertou os ponteiros no vestiário. Flamengo volta outro. Sabendo o que fazer. Abre as jogadas pelas pontas, deixa de insistir pelo meio e começam as jogadas a aparecer, com direito a um incrível gol desperdiçado pelo Ceifador, que finalizou a bola com displicência, talvez achando que estava impedido. Flamengo finalizava, abria o jogo, Everton Ribeiro driblava pelo meio, pelas pontas, Diego dando sequencia a saída de bola do Cuellar junto com Paquetá, enfim o Flamengo personificou o time grande, jogando com intensidade.
E numa cobrança de escanteio, a bola sobrou para Rodinei livre de marcação. Flamengo 1 x 0 com toda justiça. Mas este jogo estava diferente. Flamengo não deitou no berço esplêndido esperando o jogo passar. Continuou em cima, continuou tentando. Everton Ribeiro sai e entra Arão. Everton sai e entra Geuvânio. O elenco precisa rodar. Entendi o Carpegiani, embora nada justifique Geuvânio. Também substituiu Ceifador pelo Vizeu, ganhando mais mobilidade, o que no caso funcionou melhor no jogo de ontem.
E em duas cobranças de falta de DVD, Diego marca um golaço e Paquetá outro.
Flamengo sai de campo com 3 x 0 em uma boa atuação no segundo tempo, mostrando uma intensidade e vontade que não tinha visto ainda este ano, a qual espero que perdure. Só assim para termos grandes conquistas.